社论-“现在我是英雄”:儿童心理健康对成人的重要性

Carla Renata Braga de Souza
{"title":"社论-“现在我是英雄”:儿童心理健康对成人的重要性","authors":"Carla Renata Braga de Souza","doi":"10.25191/RECS.V3I2.2528","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"O tempo da criança como herói do adulto se consolida nos diversos campos de saber a cada descoberta a respeito da importância dos anos iniciais da vida do ser humano, que se desdobram em políticas e práticas de cuidados. No entanto, a criança e o período dado a sua constituição, a infância, nem sempre foram alvo de preocupação na sociedade, a despeito do lugar que ocupam, atualmente, elas estavam à margem da história, em que não eram alvos de qualquer importância social ou afetiva. \n \nAriès (1978/2006) escreveu que, na sociedade medieval, as crianças eram negligenciadas pelos adultos, tanto pelo elevado índice de mortalidade quanto pelo fato de que as crianças eram vistas como improdutivas socialmente. Além disso, quando existia alguma lembrança dela, não passava de “uma figura marginal em um mundo adulto” (HEYWOOD, 2004, p.10), pois havia um desconhecimento do sentimento de infância tal qual se tem nos dias de hoje. \n \nO que tanto Ariès quanto Heywood deflagraram é uma historicização diversa a respeito da criança e da infância na sociedade da época medieval, mostrando que essa noção mudou entre os séculos XIX e XX, em virtude do avanço socioeconômico e dos cuidados básicos de higiene aumentando a perspectiva de vida do ser humano e sua relação com a criança, que passou a ser vista como um indivíduo em desenvolvimento, que precisa de educação e cuidados para se tornar um adulto participante e contribuinte no modelo socioeconômico vigente. \n \nA discussão a respeito da exata data histórica quando as crianças deixaram de ser adultos em miniaturas, criatura pecadora que merecia instrução, figura representante da dependência de outrem estão em acordo com a ideia de que à criança e ao infantil estão associados a ideia – quase certeza – de uma pureza e inocência. \n \nFreud (1905/2017), quando lançou seu artigo “Três ensaios sobre a teoria da sexualidade”, provocou um escândalo à sociedade da época ao afirmar a existência da sexualidade na criança, rompendo assim com os paradigmas da época, os quais ditavam a criança como um indivíduo dotado de pureza, santidade, inocência, pode-se afirmar que era então sagrado. Mas para Freud, a criança não deixou de ser inocente no que diz respeito à ingenuidade excessiva e ignorância, já que a criança é um sujeito ainda em constituição. Daí a afirmação de Freud (1905/2017) quando escreve que a criança é um perverso polimorfo, tratando sim da sexualidade infantil, a partir do momento em que esse sujeito é movido por um circuito pulsional. \n \nPode-se dizer que o que Freud antecipa é impossibilidade de compreender a sintomática do adulto sem fazer referência ao infantil que o habita. O sofrimento trazido pelo adulto à clínica retrata o lugar de onde fala o sujeito, ou seja, o lugar assumido após a castração e os desdobramentos psíquicos dessa posição diante do desejo. É à medida que a prática clínica se organiza com o arcabouço teórico da psicanálise que suspeitamos que não há como não fazer referência a esse momento constitutivo do sujeito e isso em nada tem a ver com a infância ou como ele a vivenciou. \n \nEntende-se que a infância, tal como nos mostra as contribuições desenvolvimentistas e pediátricas está mais relacionada aos aspectos de aquisições próprias do desenvolvimento motor, social, cognitivo, maturacional, tal como propõe Winnicott, Vigotskk, Piaget, dentre outros. A psicanálise avança em relação a essas concepções no momento em que se atém ao infantil como substrato constituinte do sujeito. \n \nSob esta perspectiva, a psicanálise com crianças e, consequentemente, a psicoterapia com elas nasce juntamente com as técnicas utilizadas para seu atendimento, sobre isso, pode-se consultar Hermine von Hug-Helmuth, Anna Freud, Melanie Klein e Winnicott os quais são considerados pioneiros nessa clínica (COSTA, 2010, GEISSMANN & GEISSMANN, 1984, ROUDINESCO & PLON, 1998). Embora houvesse uma divergência teórica acerca do tratamento da criança, havia uma preocupação com as práticas de cuidado em torno dos anos iniciais da vida do ser humano. \n \nAnna Freud, Melanie Klein e Winnicott são pós-freudianos reconhecidos por serem pilares da psicanálise com crianças, no entanto, retomo as articulações freudianas com outro pós-freudiano para trabalhar os desdobramentos na psicanálise com crianças, tendo como foco o sujeito do inconsciente. \n \nFreud nos permite, ainda, atribuir ao infantil uma condição de ligação com os aspectos sociais, uma vez que são, também, as normas sociais que vão definindo os parâmetros sobre os quais repousam as leis de inserção cultural e definindo a força do recalque que é estruturado a partir do que os pais enunciam para a criança enquanto imposição necessária de renúncia às satisfação de seus desejos, para assim, adentrar ao mundo civilizatório. \nSabendo das possibilidades de futuras de sua teoria, Freud a reconhece como limitada, apesar de acreditar no desenvolvimento da ciência a respeito do que anunciava em sua obra, o lugar de destaque que o infantil assumia na constituição do sofrimento do sujeito, ou seja, na saúde mental do adulto: “Muita coisa de interesse liga-se a essas análises de crianças; é possível que futuramente adquiram importância ainda maior. Para a teoria, seu valor é indiscutível. Elas fornecem respostas inequívocas a questões que permanecem não resolvidas na análise de adultos e, desse modo, guardam o analista de erros que poderiam ter graves consequências para ele” (Freud, 1926/2014, p. 168). \n \nA forma como o sujeito é convocado a renunciar aos seus desejos é o que define a forma como lidará com seu sofrimento, portanto não há, no mundo de hoje, como escutar o sofrimento do adulto sem referenciar o que do seu infantil ele atualiza no discurso. Traduzindo isso em políticas públicas, o cuidado em saúde mental nas crianças está baseado em princípios, tais como: a criança alvo do cuidado é um sujeito; acolhimento universal; encaminhamento implicado; construção permanente da rede; território; intersetorialidade na ação do cuidado (BRASIL, 2005). “Apesar do generalizado reconhecimento da importância de promoção e prevenção de saúde mental em crianças e adolescentes, há uma enorme falha entre as necessidades e disponibilidades de recursos” (KIELING, et al., 2011, p. 1515) para o investimento em tratamentos e a, consequente, redução dos índices elevados de sofrimento psíquico, traduzidos em depressões e ansiedades, por exemplo. \n \nConhecendo os fatores essenciais para o melhor desenvolvimento das crianças e adolescentes, reforça-se a necessidade de intervenção nesse período de vida, é preciso investimento em pesquisas e ações que intervenham no processo com a finalidade de termos adultos produtivos econômica, social e afetivamente. Esta é uma das pautas da assembleia geral das Nações Unidas para que até 2030 os estados partes cumpram uma agenda para o desenvolvimento sustentável das nações. Nesta agenda há pautas direcionadas ao melhor desenvolvimento e assistência para as crianças (UNITED NATIONS, 2015). \n \nO cuidado à saúde do adulto, portanto, começa ainda quando o indivíduo é criança, mas somente sendo possível se realizado de modo interdisciplinar e intersetorial, mobilizando os diferentes ambientes que compõem a formação do indivíduo. Desta forma, o herói que está em toda criança poderá não se sentir desamparado quando o faz-de-conta terminar e não mais afirmará “e agora eu era um louco a perguntar, o que é que a vida vai fazer de mim”.","PeriodicalId":403500,"journal":{"name":"Revista Expressão Católica Saúde","volume":"9 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2018-12-17","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"EDITORIAL - “AGORA EU ERA HERÓI”: A IMPORTÂNCIA DA SAÚDE MENTAL DA CRIANÇA PARA O ADULTO\",\"authors\":\"Carla Renata Braga de Souza\",\"doi\":\"10.25191/RECS.V3I2.2528\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"O tempo da criança como herói do adulto se consolida nos diversos campos de saber a cada descoberta a respeito da importância dos anos iniciais da vida do ser humano, que se desdobram em políticas e práticas de cuidados. No entanto, a criança e o período dado a sua constituição, a infância, nem sempre foram alvo de preocupação na sociedade, a despeito do lugar que ocupam, atualmente, elas estavam à margem da história, em que não eram alvos de qualquer importância social ou afetiva. \\n \\nAriès (1978/2006) escreveu que, na sociedade medieval, as crianças eram negligenciadas pelos adultos, tanto pelo elevado índice de mortalidade quanto pelo fato de que as crianças eram vistas como improdutivas socialmente. Além disso, quando existia alguma lembrança dela, não passava de “uma figura marginal em um mundo adulto” (HEYWOOD, 2004, p.10), pois havia um desconhecimento do sentimento de infância tal qual se tem nos dias de hoje. \\n \\nO que tanto Ariès quanto Heywood deflagraram é uma historicização diversa a respeito da criança e da infância na sociedade da época medieval, mostrando que essa noção mudou entre os séculos XIX e XX, em virtude do avanço socioeconômico e dos cuidados básicos de higiene aumentando a perspectiva de vida do ser humano e sua relação com a criança, que passou a ser vista como um indivíduo em desenvolvimento, que precisa de educação e cuidados para se tornar um adulto participante e contribuinte no modelo socioeconômico vigente. \\n \\nA discussão a respeito da exata data histórica quando as crianças deixaram de ser adultos em miniaturas, criatura pecadora que merecia instrução, figura representante da dependência de outrem estão em acordo com a ideia de que à criança e ao infantil estão associados a ideia – quase certeza – de uma pureza e inocência. \\n \\nFreud (1905/2017), quando lançou seu artigo “Três ensaios sobre a teoria da sexualidade”, provocou um escândalo à sociedade da época ao afirmar a existência da sexualidade na criança, rompendo assim com os paradigmas da época, os quais ditavam a criança como um indivíduo dotado de pureza, santidade, inocência, pode-se afirmar que era então sagrado. Mas para Freud, a criança não deixou de ser inocente no que diz respeito à ingenuidade excessiva e ignorância, já que a criança é um sujeito ainda em constituição. Daí a afirmação de Freud (1905/2017) quando escreve que a criança é um perverso polimorfo, tratando sim da sexualidade infantil, a partir do momento em que esse sujeito é movido por um circuito pulsional. \\n \\nPode-se dizer que o que Freud antecipa é impossibilidade de compreender a sintomática do adulto sem fazer referência ao infantil que o habita. O sofrimento trazido pelo adulto à clínica retrata o lugar de onde fala o sujeito, ou seja, o lugar assumido após a castração e os desdobramentos psíquicos dessa posição diante do desejo. É à medida que a prática clínica se organiza com o arcabouço teórico da psicanálise que suspeitamos que não há como não fazer referência a esse momento constitutivo do sujeito e isso em nada tem a ver com a infância ou como ele a vivenciou. \\n \\nEntende-se que a infância, tal como nos mostra as contribuições desenvolvimentistas e pediátricas está mais relacionada aos aspectos de aquisições próprias do desenvolvimento motor, social, cognitivo, maturacional, tal como propõe Winnicott, Vigotskk, Piaget, dentre outros. A psicanálise avança em relação a essas concepções no momento em que se atém ao infantil como substrato constituinte do sujeito. \\n \\nSob esta perspectiva, a psicanálise com crianças e, consequentemente, a psicoterapia com elas nasce juntamente com as técnicas utilizadas para seu atendimento, sobre isso, pode-se consultar Hermine von Hug-Helmuth, Anna Freud, Melanie Klein e Winnicott os quais são considerados pioneiros nessa clínica (COSTA, 2010, GEISSMANN & GEISSMANN, 1984, ROUDINESCO & PLON, 1998). Embora houvesse uma divergência teórica acerca do tratamento da criança, havia uma preocupação com as práticas de cuidado em torno dos anos iniciais da vida do ser humano. \\n \\nAnna Freud, Melanie Klein e Winnicott são pós-freudianos reconhecidos por serem pilares da psicanálise com crianças, no entanto, retomo as articulações freudianas com outro pós-freudiano para trabalhar os desdobramentos na psicanálise com crianças, tendo como foco o sujeito do inconsciente. \\n \\nFreud nos permite, ainda, atribuir ao infantil uma condição de ligação com os aspectos sociais, uma vez que são, também, as normas sociais que vão definindo os parâmetros sobre os quais repousam as leis de inserção cultural e definindo a força do recalque que é estruturado a partir do que os pais enunciam para a criança enquanto imposição necessária de renúncia às satisfação de seus desejos, para assim, adentrar ao mundo civilizatório. \\nSabendo das possibilidades de futuras de sua teoria, Freud a reconhece como limitada, apesar de acreditar no desenvolvimento da ciência a respeito do que anunciava em sua obra, o lugar de destaque que o infantil assumia na constituição do sofrimento do sujeito, ou seja, na saúde mental do adulto: “Muita coisa de interesse liga-se a essas análises de crianças; é possível que futuramente adquiram importância ainda maior. Para a teoria, seu valor é indiscutível. Elas fornecem respostas inequívocas a questões que permanecem não resolvidas na análise de adultos e, desse modo, guardam o analista de erros que poderiam ter graves consequências para ele” (Freud, 1926/2014, p. 168). \\n \\nA forma como o sujeito é convocado a renunciar aos seus desejos é o que define a forma como lidará com seu sofrimento, portanto não há, no mundo de hoje, como escutar o sofrimento do adulto sem referenciar o que do seu infantil ele atualiza no discurso. Traduzindo isso em políticas públicas, o cuidado em saúde mental nas crianças está baseado em princípios, tais como: a criança alvo do cuidado é um sujeito; acolhimento universal; encaminhamento implicado; construção permanente da rede; território; intersetorialidade na ação do cuidado (BRASIL, 2005). “Apesar do generalizado reconhecimento da importância de promoção e prevenção de saúde mental em crianças e adolescentes, há uma enorme falha entre as necessidades e disponibilidades de recursos” (KIELING, et al., 2011, p. 1515) para o investimento em tratamentos e a, consequente, redução dos índices elevados de sofrimento psíquico, traduzidos em depressões e ansiedades, por exemplo. \\n \\nConhecendo os fatores essenciais para o melhor desenvolvimento das crianças e adolescentes, reforça-se a necessidade de intervenção nesse período de vida, é preciso investimento em pesquisas e ações que intervenham no processo com a finalidade de termos adultos produtivos econômica, social e afetivamente. Esta é uma das pautas da assembleia geral das Nações Unidas para que até 2030 os estados partes cumpram uma agenda para o desenvolvimento sustentável das nações. Nesta agenda há pautas direcionadas ao melhor desenvolvimento e assistência para as crianças (UNITED NATIONS, 2015). \\n \\nO cuidado à saúde do adulto, portanto, começa ainda quando o indivíduo é criança, mas somente sendo possível se realizado de modo interdisciplinar e intersetorial, mobilizando os diferentes ambientes que compõem a formação do indivíduo. Desta forma, o herói que está em toda criança poderá não se sentir desamparado quando o faz-de-conta terminar e não mais afirmará “e agora eu era um louco a perguntar, o que é que a vida vai fazer de mim”.\",\"PeriodicalId\":403500,\"journal\":{\"name\":\"Revista Expressão Católica Saúde\",\"volume\":\"9 1\",\"pages\":\"0\"},\"PeriodicalIF\":0.0000,\"publicationDate\":\"2018-12-17\",\"publicationTypes\":\"Journal Article\",\"fieldsOfStudy\":null,\"isOpenAccess\":false,\"openAccessPdf\":\"\",\"citationCount\":\"0\",\"resultStr\":null,\"platform\":\"Semanticscholar\",\"paperid\":null,\"PeriodicalName\":\"Revista Expressão Católica Saúde\",\"FirstCategoryId\":\"1085\",\"ListUrlMain\":\"https://doi.org/10.25191/RECS.V3I2.2528\",\"RegionNum\":0,\"RegionCategory\":null,\"ArticlePicture\":[],\"TitleCN\":null,\"AbstractTextCN\":null,\"PMCID\":null,\"EPubDate\":\"\",\"PubModel\":\"\",\"JCR\":\"\",\"JCRName\":\"\",\"Score\":null,\"Total\":0}","platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Revista Expressão Católica Saúde","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.25191/RECS.V3I2.2528","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
引用次数: 0

摘要

儿童作为成人英雄的时间在不同的知识领域得到巩固,每一个关于人类生命早期重要性的发现都在护理政策和实践中展开。然而,儿童和他们的体质所赋予的时期,童年,并不总是社会关注的对象,尽管他们所占据的位置,目前,他们处于历史的边缘,没有任何社会或情感重要性的目标。aries(1978/2006)写道,在中世纪社会,儿童被成年人忽视,这既是因为高死亡率,也是因为儿童被认为在社会上没有生产力。此外,当人们对她有一些记忆时,她只是“成人世界中的一个边缘人物”(海伍德,2004,第10页),因为人们对今天的童年感觉缺乏认识。阿里ès和海伍德的爆发是一个historicização不同的孩子,童年在中世纪社会,显示了这个观念改变了19世纪到20世纪之间,由于基本卫生保健的社会经济发展和提高人类的生活的前景,和孩子的关系,他被看作是一个发展中国家,在当前的社会经济模式中,需要教育和照顾才能成为成年人的参与者和贡献者。历史讨论具体的时间孩子们就不再是成年人缩略图,图代表依赖生物罪人应得的教育,只有在根据孩子的想法,孩子和相关联的想法几乎—确定—一个纯洁和清白。佛洛伊德(1905/2017),发布了“三篇文章关于性的理论”,引起了当时的社会的愤怒时说到孩子的存在性,引起这样的范式的支配孩子作为一个个体的纯洁,神圣,是无辜的,你说那神圣的。但对弗洛伊德来说,孩子在过度天真和无知方面并没有停止无辜,因为孩子是一个仍在形成中的主体。因此,弗洛伊德(1905/2017)的断言,当他写道,孩子是一个反常的多态性,处理的是儿童的性行为,从这个主体被一个驱动电路移动的那一刻起。可以说,弗洛伊德所预测的是,如果不参考居住在其中的儿童,就不可能理解成人的症状。成人给诊所带来的痛苦描绘了主体说话的地方,也就是说,阉割后假定的地方,以及在欲望之前这个位置的精神发展。当临床实践是在精神分析的理论框架下组织起来的,我们怀疑没有办法不参考主体的构成时刻,这与童年或他如何经历它没有任何关系。据了解,正如Winnicott、Vigotskk、Piaget等人所提出的那样,儿童,正如发育学家和儿科的贡献所显示的那样,与运动、社会、认知、成熟等方面的习得更相关。精神分析在这些概念方面取得了进展,因为它将儿童作为主体的组成基础。创立精神分析的角度来看,与孩子们心理疗法,因此对于他们出生和自己的技术服务,这件事,你可以去咨询Hermine von拥抱-Helmuth安娜·弗洛伊德,梅勒妮克莱因和Winnicott被认为是最早在2010年门诊(海岸,GEISSMANN 1984 & GEISSMANN ROUDINESCO & PLON, 1998)。虽然在儿童治疗方面存在理论分歧,但在人类生命早期的护理实践方面存在担忧。安娜·弗洛伊德、梅兰妮·克莱因和温尼科特是被认为是儿童精神分析的支柱的后弗洛伊德主义者,然而,我回到弗洛伊德与另一个后弗洛伊德主义者的联系,以研究儿童精神分析的发展,重点关注无意识的主体。弗洛伊德在允许的一个条件,给儿童和社会方面,一旦社会规范也会定义参数的其他法律文化形成和介入的力量解决结构化是给孩子从父母的状态而采取必要的放弃满足他的愿望,因此,进入世界文明。
本文章由计算机程序翻译,如有差异,请以英文原文为准。
EDITORIAL - “AGORA EU ERA HERÓI”: A IMPORTÂNCIA DA SAÚDE MENTAL DA CRIANÇA PARA O ADULTO
O tempo da criança como herói do adulto se consolida nos diversos campos de saber a cada descoberta a respeito da importância dos anos iniciais da vida do ser humano, que se desdobram em políticas e práticas de cuidados. No entanto, a criança e o período dado a sua constituição, a infância, nem sempre foram alvo de preocupação na sociedade, a despeito do lugar que ocupam, atualmente, elas estavam à margem da história, em que não eram alvos de qualquer importância social ou afetiva. Ariès (1978/2006) escreveu que, na sociedade medieval, as crianças eram negligenciadas pelos adultos, tanto pelo elevado índice de mortalidade quanto pelo fato de que as crianças eram vistas como improdutivas socialmente. Além disso, quando existia alguma lembrança dela, não passava de “uma figura marginal em um mundo adulto” (HEYWOOD, 2004, p.10), pois havia um desconhecimento do sentimento de infância tal qual se tem nos dias de hoje. O que tanto Ariès quanto Heywood deflagraram é uma historicização diversa a respeito da criança e da infância na sociedade da época medieval, mostrando que essa noção mudou entre os séculos XIX e XX, em virtude do avanço socioeconômico e dos cuidados básicos de higiene aumentando a perspectiva de vida do ser humano e sua relação com a criança, que passou a ser vista como um indivíduo em desenvolvimento, que precisa de educação e cuidados para se tornar um adulto participante e contribuinte no modelo socioeconômico vigente. A discussão a respeito da exata data histórica quando as crianças deixaram de ser adultos em miniaturas, criatura pecadora que merecia instrução, figura representante da dependência de outrem estão em acordo com a ideia de que à criança e ao infantil estão associados a ideia – quase certeza – de uma pureza e inocência. Freud (1905/2017), quando lançou seu artigo “Três ensaios sobre a teoria da sexualidade”, provocou um escândalo à sociedade da época ao afirmar a existência da sexualidade na criança, rompendo assim com os paradigmas da época, os quais ditavam a criança como um indivíduo dotado de pureza, santidade, inocência, pode-se afirmar que era então sagrado. Mas para Freud, a criança não deixou de ser inocente no que diz respeito à ingenuidade excessiva e ignorância, já que a criança é um sujeito ainda em constituição. Daí a afirmação de Freud (1905/2017) quando escreve que a criança é um perverso polimorfo, tratando sim da sexualidade infantil, a partir do momento em que esse sujeito é movido por um circuito pulsional. Pode-se dizer que o que Freud antecipa é impossibilidade de compreender a sintomática do adulto sem fazer referência ao infantil que o habita. O sofrimento trazido pelo adulto à clínica retrata o lugar de onde fala o sujeito, ou seja, o lugar assumido após a castração e os desdobramentos psíquicos dessa posição diante do desejo. É à medida que a prática clínica se organiza com o arcabouço teórico da psicanálise que suspeitamos que não há como não fazer referência a esse momento constitutivo do sujeito e isso em nada tem a ver com a infância ou como ele a vivenciou. Entende-se que a infância, tal como nos mostra as contribuições desenvolvimentistas e pediátricas está mais relacionada aos aspectos de aquisições próprias do desenvolvimento motor, social, cognitivo, maturacional, tal como propõe Winnicott, Vigotskk, Piaget, dentre outros. A psicanálise avança em relação a essas concepções no momento em que se atém ao infantil como substrato constituinte do sujeito. Sob esta perspectiva, a psicanálise com crianças e, consequentemente, a psicoterapia com elas nasce juntamente com as técnicas utilizadas para seu atendimento, sobre isso, pode-se consultar Hermine von Hug-Helmuth, Anna Freud, Melanie Klein e Winnicott os quais são considerados pioneiros nessa clínica (COSTA, 2010, GEISSMANN & GEISSMANN, 1984, ROUDINESCO & PLON, 1998). Embora houvesse uma divergência teórica acerca do tratamento da criança, havia uma preocupação com as práticas de cuidado em torno dos anos iniciais da vida do ser humano. Anna Freud, Melanie Klein e Winnicott são pós-freudianos reconhecidos por serem pilares da psicanálise com crianças, no entanto, retomo as articulações freudianas com outro pós-freudiano para trabalhar os desdobramentos na psicanálise com crianças, tendo como foco o sujeito do inconsciente. Freud nos permite, ainda, atribuir ao infantil uma condição de ligação com os aspectos sociais, uma vez que são, também, as normas sociais que vão definindo os parâmetros sobre os quais repousam as leis de inserção cultural e definindo a força do recalque que é estruturado a partir do que os pais enunciam para a criança enquanto imposição necessária de renúncia às satisfação de seus desejos, para assim, adentrar ao mundo civilizatório. Sabendo das possibilidades de futuras de sua teoria, Freud a reconhece como limitada, apesar de acreditar no desenvolvimento da ciência a respeito do que anunciava em sua obra, o lugar de destaque que o infantil assumia na constituição do sofrimento do sujeito, ou seja, na saúde mental do adulto: “Muita coisa de interesse liga-se a essas análises de crianças; é possível que futuramente adquiram importância ainda maior. Para a teoria, seu valor é indiscutível. Elas fornecem respostas inequívocas a questões que permanecem não resolvidas na análise de adultos e, desse modo, guardam o analista de erros que poderiam ter graves consequências para ele” (Freud, 1926/2014, p. 168). A forma como o sujeito é convocado a renunciar aos seus desejos é o que define a forma como lidará com seu sofrimento, portanto não há, no mundo de hoje, como escutar o sofrimento do adulto sem referenciar o que do seu infantil ele atualiza no discurso. Traduzindo isso em políticas públicas, o cuidado em saúde mental nas crianças está baseado em princípios, tais como: a criança alvo do cuidado é um sujeito; acolhimento universal; encaminhamento implicado; construção permanente da rede; território; intersetorialidade na ação do cuidado (BRASIL, 2005). “Apesar do generalizado reconhecimento da importância de promoção e prevenção de saúde mental em crianças e adolescentes, há uma enorme falha entre as necessidades e disponibilidades de recursos” (KIELING, et al., 2011, p. 1515) para o investimento em tratamentos e a, consequente, redução dos índices elevados de sofrimento psíquico, traduzidos em depressões e ansiedades, por exemplo. Conhecendo os fatores essenciais para o melhor desenvolvimento das crianças e adolescentes, reforça-se a necessidade de intervenção nesse período de vida, é preciso investimento em pesquisas e ações que intervenham no processo com a finalidade de termos adultos produtivos econômica, social e afetivamente. Esta é uma das pautas da assembleia geral das Nações Unidas para que até 2030 os estados partes cumpram uma agenda para o desenvolvimento sustentável das nações. Nesta agenda há pautas direcionadas ao melhor desenvolvimento e assistência para as crianças (UNITED NATIONS, 2015). O cuidado à saúde do adulto, portanto, começa ainda quando o indivíduo é criança, mas somente sendo possível se realizado de modo interdisciplinar e intersetorial, mobilizando os diferentes ambientes que compõem a formação do indivíduo. Desta forma, o herói que está em toda criança poderá não se sentir desamparado quando o faz-de-conta terminar e não mais afirmará “e agora eu era um louco a perguntar, o que é que a vida vai fazer de mim”.
求助全文
通过发布文献求助,成功后即可免费获取论文全文。 去求助
来源期刊
自引率
0.00%
发文量
0
×
引用
GB/T 7714-2015
复制
MLA
复制
APA
复制
导出至
BibTeX EndNote RefMan NoteFirst NoteExpress
×
提示
您的信息不完整,为了账户安全,请先补充。
现在去补充
×
提示
您因"违规操作"
具体请查看互助需知
我知道了
×
提示
确定
请完成安全验证×
copy
已复制链接
快去分享给好友吧!
我知道了
右上角分享
点击右上角分享
0
联系我们:info@booksci.cn Book学术提供免费学术资源搜索服务,方便国内外学者检索中英文文献。致力于提供最便捷和优质的服务体验。 Copyright © 2023 布克学术 All rights reserved.
京ICP备2023020795号-1
ghs 京公网安备 11010802042870号
Book学术文献互助
Book学术文献互助群
群 号:604180095
Book学术官方微信