{"title":"从幻觉到物化:酷儿研究对传记材料“幻觉地位”的反思","authors":"Lúcio Geller Júnior","doi":"10.11606/issn.2179-5487.v12i17p189540","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"A partir de diálogos estabelecidos com os estudos queer, tenho como objetivo refletir sobre um conhecido estatuto atribuído ao material biográfico pelo sociólogo Pierre Bourdieu em meados da década de 1980. Na forma de uma advertência, a chamada “ilusão biográfica” é uma noção dirigida aos intelectuais das humanidades, em que destaco o meu segmento, a historiografia, que pretendem fazer uso das histórias de vida em seus trabalhos. Por outro lado, busca assegurar um caráter “ficcional” ao discurso biográfico, interditando essa forma de representação do vivido. Nesse sentido, ao considerar que esse último aspecto não é de menor importância na hora de se apropriar desta ideia para operar, e se relacionar, com o “biográfico”, acarretando distintos “efeitos de poder”, segundo Michel Foucault, construo uma análise em dois momentos. Primeiro, examino o argumento de Bourdieu em seu ensaio, bem como em escritos posteriores e entre alguns de seus interlocutores, diante das oscilações e dos espaços ocupados pelas histórias de vida dentro e fora dos estudos humanísticos. Em seguida, sugiro algumas possibilidades de leitura a partir da filósofa Judith Butler, além de alguns de seus intérpretes, expoentes dos estudos queer; baseado em sua noção de “materialização”, com vistas a demonstrar a hipótese de que a “ilusão”, acarreta uma operação diferencial, (re)produz efeitos de poder e pode criar “desilusões”, como a ausência do “eu” na análise e na escrita biográfica","PeriodicalId":402463,"journal":{"name":"Revista Angelus Novus","volume":"22 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2022-01-04","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"Da ilusão à materialização: reflexões sobre o “estatuto ilusório” do material biográfico a partir dos estudos queer\",\"authors\":\"Lúcio Geller Júnior\",\"doi\":\"10.11606/issn.2179-5487.v12i17p189540\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"A partir de diálogos estabelecidos com os estudos queer, tenho como objetivo refletir sobre um conhecido estatuto atribuído ao material biográfico pelo sociólogo Pierre Bourdieu em meados da década de 1980. Na forma de uma advertência, a chamada “ilusão biográfica” é uma noção dirigida aos intelectuais das humanidades, em que destaco o meu segmento, a historiografia, que pretendem fazer uso das histórias de vida em seus trabalhos. Por outro lado, busca assegurar um caráter “ficcional” ao discurso biográfico, interditando essa forma de representação do vivido. Nesse sentido, ao considerar que esse último aspecto não é de menor importância na hora de se apropriar desta ideia para operar, e se relacionar, com o “biográfico”, acarretando distintos “efeitos de poder”, segundo Michel Foucault, construo uma análise em dois momentos. Primeiro, examino o argumento de Bourdieu em seu ensaio, bem como em escritos posteriores e entre alguns de seus interlocutores, diante das oscilações e dos espaços ocupados pelas histórias de vida dentro e fora dos estudos humanísticos. Em seguida, sugiro algumas possibilidades de leitura a partir da filósofa Judith Butler, além de alguns de seus intérpretes, expoentes dos estudos queer; baseado em sua noção de “materialização”, com vistas a demonstrar a hipótese de que a “ilusão”, acarreta uma operação diferencial, (re)produz efeitos de poder e pode criar “desilusões”, como a ausência do “eu” na análise e na escrita biográfica\",\"PeriodicalId\":402463,\"journal\":{\"name\":\"Revista Angelus Novus\",\"volume\":\"22 1\",\"pages\":\"0\"},\"PeriodicalIF\":0.0000,\"publicationDate\":\"2022-01-04\",\"publicationTypes\":\"Journal Article\",\"fieldsOfStudy\":null,\"isOpenAccess\":false,\"openAccessPdf\":\"\",\"citationCount\":\"0\",\"resultStr\":null,\"platform\":\"Semanticscholar\",\"paperid\":null,\"PeriodicalName\":\"Revista Angelus Novus\",\"FirstCategoryId\":\"1085\",\"ListUrlMain\":\"https://doi.org/10.11606/issn.2179-5487.v12i17p189540\",\"RegionNum\":0,\"RegionCategory\":null,\"ArticlePicture\":[],\"TitleCN\":null,\"AbstractTextCN\":null,\"PMCID\":null,\"EPubDate\":\"\",\"PubModel\":\"\",\"JCR\":\"\",\"JCRName\":\"\",\"Score\":null,\"Total\":0}","platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Revista Angelus Novus","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.11606/issn.2179-5487.v12i17p189540","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
Da ilusão à materialização: reflexões sobre o “estatuto ilusório” do material biográfico a partir dos estudos queer
A partir de diálogos estabelecidos com os estudos queer, tenho como objetivo refletir sobre um conhecido estatuto atribuído ao material biográfico pelo sociólogo Pierre Bourdieu em meados da década de 1980. Na forma de uma advertência, a chamada “ilusão biográfica” é uma noção dirigida aos intelectuais das humanidades, em que destaco o meu segmento, a historiografia, que pretendem fazer uso das histórias de vida em seus trabalhos. Por outro lado, busca assegurar um caráter “ficcional” ao discurso biográfico, interditando essa forma de representação do vivido. Nesse sentido, ao considerar que esse último aspecto não é de menor importância na hora de se apropriar desta ideia para operar, e se relacionar, com o “biográfico”, acarretando distintos “efeitos de poder”, segundo Michel Foucault, construo uma análise em dois momentos. Primeiro, examino o argumento de Bourdieu em seu ensaio, bem como em escritos posteriores e entre alguns de seus interlocutores, diante das oscilações e dos espaços ocupados pelas histórias de vida dentro e fora dos estudos humanísticos. Em seguida, sugiro algumas possibilidades de leitura a partir da filósofa Judith Butler, além de alguns de seus intérpretes, expoentes dos estudos queer; baseado em sua noção de “materialização”, com vistas a demonstrar a hipótese de que a “ilusão”, acarreta uma operação diferencial, (re)produz efeitos de poder e pode criar “desilusões”, como a ausência do “eu” na análise e na escrita biográfica