{"title":"当代儿童与关怀的概念:解释学现象学的反思","authors":"Maira Prieto Bento Dourado","doi":"10.5020/23590777.rs.v21iesp1.e9492","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Partindo da perspectiva heideggeriana sobre o ser-aí, apresento uma compreensão da criança na contemporaneidade tendo como fio condutor a noção de cuidado para compreender os modos de ser do homem no ciclo inicial da vida. Utilizei a fenomenologia como metodologia qualitativa, articulando a teoria à prática clínica da autora em psicoterapia infantil. Primeiramente, apresento uma discussão teórica sobre cuidado embasada na filosofia de Heidegger, dialogando com autores afins. Posteriormente, um aprofundamento bibliográfico sobre o percurso histórico das formas de se relacionar com a criança e como acumulam novos conceitos e padrões. Por fim, apresento uma perspectiva heideggeriana do ser-aí da criança. A condução da criança ao psicoterapeuta envolve dificuldades denominadas cientificamente de “distúrbios”, que se referem ao não ajustamento a modelos normativos constituídos na sociedade e na cultura. São determinações históricas acerca do sentido da experiência infantil e constituem o espaço em que o ser do homem se constitui, mas é preciso pensar de que modo esse homem está em jogo em sua constituição. Em Heidegger, o cuidado se encontra na ontologia dos fenômenos e precede qualquer “atitude” ou “situação” vivida, é estar em jogo na sua existência. O filósofo defende que a criança pertence a uma fase cronológica do ser-aí, não há diferenciação entre ser-aí criança ou ser-aí adulto, e aponta a inclinação atual por diagnósticos, que fecham o homem como substância que possa ser examinada, medida e tratada como objeto. “Verdade”, “diagnóstico” e “cura” são palavras que se encaixam no pensamento calculante da ciência moderna, da técnica, e se revelam no discurso dos pais. 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A Criança Contemporânea e a Noção de Cuidado: Uma Reflexão a partir da Fenomenologia Hermenêutica
Partindo da perspectiva heideggeriana sobre o ser-aí, apresento uma compreensão da criança na contemporaneidade tendo como fio condutor a noção de cuidado para compreender os modos de ser do homem no ciclo inicial da vida. Utilizei a fenomenologia como metodologia qualitativa, articulando a teoria à prática clínica da autora em psicoterapia infantil. Primeiramente, apresento uma discussão teórica sobre cuidado embasada na filosofia de Heidegger, dialogando com autores afins. Posteriormente, um aprofundamento bibliográfico sobre o percurso histórico das formas de se relacionar com a criança e como acumulam novos conceitos e padrões. Por fim, apresento uma perspectiva heideggeriana do ser-aí da criança. A condução da criança ao psicoterapeuta envolve dificuldades denominadas cientificamente de “distúrbios”, que se referem ao não ajustamento a modelos normativos constituídos na sociedade e na cultura. São determinações históricas acerca do sentido da experiência infantil e constituem o espaço em que o ser do homem se constitui, mas é preciso pensar de que modo esse homem está em jogo em sua constituição. Em Heidegger, o cuidado se encontra na ontologia dos fenômenos e precede qualquer “atitude” ou “situação” vivida, é estar em jogo na sua existência. O filósofo defende que a criança pertence a uma fase cronológica do ser-aí, não há diferenciação entre ser-aí criança ou ser-aí adulto, e aponta a inclinação atual por diagnósticos, que fecham o homem como substância que possa ser examinada, medida e tratada como objeto. “Verdade”, “diagnóstico” e “cura” são palavras que se encaixam no pensamento calculante da ciência moderna, da técnica, e se revelam no discurso dos pais. O espaço terapêutico de cuidado permite a compreensão da criança não a partir de determinações a priori, mas sim naquilo que aparece: a criança será, então, compreendida a partir das suas próprias significações.