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Nas práticas musicais contemporâneas, termos como virtuoso ou virtuose são, com frequência, empregados com vistas à qualificação de instrumentistas ou cantores cujas habilidades técnicas avançadas se destacam pelo aparente apelo do impossível, do inconcebível e do inexplicável. Tal conceituação de virtude coaduna-se às correntes de pensamento oitocentista, e está tradicionalmente associada à ideia de gênio. No presente texto, procuramos recuperar as acepções de virtude próprias ao século XVIII. Traçamos um histórico do termo, visando recontextualizá-lo no âmbito de escritos de dois teóricos musicais setecentistas: o alemão Johann Mattheson (1681-1767) e o ítalo-britânico Francesco Geminiani (1687-1762). Nesse sentido, fica claro que a ideia de virtuosismo não se restringe às habilidades no instrumento ou na voz, mas tampouco se refere à esfera do inexplicável: ela depende, sobretudo, das condutas morais em constante processo de aperfeiçoamento.