{"title":"“Eles”, venezuelanos, e a crise na Venezuela: práticas discursivas na revista Veja","authors":"Moisés de Lemos Martins, Valéria Marcondes","doi":"10.17231/comsoc.38(2020).2593","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Este artigo analisa a reportagem intitulada “Fuga de uma ditadura: a saga dos venezuelanos no Brasil”, da autoria de Jennifer Ann Thomas, publicada, em 2019, pela revista brasileira Veja. O objeto são os refugiados e a crise na Venezuela. Foram identificadas as estruturas discursivas utilizadas para representar os outros, no caso, os imigrantes venezuelanos. E foram analisadas as expressões linguísticas, que simbolizam e produzem as diferenças entre “eles” (os outros, a Venezuela e os seus cidadãos) e “nós” (o Brasil e os brasileiros). A conclusão a que chegámos é a de que o discurso sobre o outro, que na reportagem da Veja compreende também as estatísticas e as fontes próximas do poder governamental, apenas dizem o que é adequado que os públicos da revista saibam, ou seja, os seus leitores. Em síntese, a análise desta reportagem da revista Veja permite concluir que nela ocorre a reprodução do discurso hegemónico sobre “o outro”, um discurso reducionista, conservador e nacionalista. A nossa linha de orientação semiológica tem como referência teórica a Semiótica Social (Martins, 2002/2017), uma disciplina das Ciências Sociais e Humanas, que tem como preocupação essencial estabelecer as condições de possibilidade social do sentido e que, em termos semânticos e pragmáticos, procede à interpretação explicativa e compreensiva dos discursos. Por outro lado, sendo o nosso propósito a compreensão dos processos de construção social do outro, ou seja, a compreensão dos processos de construção social das identidades, inspiramo-nos na corrente de pensamento, que ficou conhecida na Europa como a “filosofia da diferença” (Descombes, 1998; Foucault, 1966; Levinas, 2002; Martins, 2019; Ricoeur, 1991).","PeriodicalId":402719,"journal":{"name":"Comunicação e Sociedade","volume":"99 5 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2020-12-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Comunicação e Sociedade","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.17231/comsoc.38(2020).2593","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
引用次数: 0
摘要
本文分析了詹妮弗·安·托马斯(Jennifer Ann Thomas) 2019年在巴西杂志《Veja》(Veja)上发表的一篇题为《逃离独裁:委内瑞拉人在巴西的传奇》(escape from a dictacion: a saga of venezuela anos in brazil)的文章。主题是难民和委内瑞拉的危机。我们确定了用来代表其他人的话语结构,在这个案例中是委内瑞拉移民。并分析了象征和产生“他们”(其他人,委内瑞拉及其公民)和“我们”(巴西和巴西人)之间差异的语言表达。我们得出的结论是,关于他者的论述,在Veja的报告中也包括统计数据和接近政府权力的来源,只说了适合杂志读者知道的东西,也就是它的读者。综上所述,通过对《Veja》杂志报道的分析,我们可以得出这样的结论:霸权话语对“他者”的再现是一种还原主义、保守主义和民族主义的话语。我们的符号学指导方针的理论参考是社会符号学(Martins, 2002/2017),这是一门社会和人文科学学科,其主要关注的是建立意义的社会可能性条件,并在语义和语用方面对话语进行解释性和综合性的解释。另一方面,由于我们的目的是理解他人的社会建构过程,即理解身份的社会建构过程,我们受到了在欧洲被称为“差异哲学”的思想潮流的启发(Descombes, 1998;福柯,1966;列维纳斯,2002;马丁斯,2019;里克尔,1991)。
“Eles”, venezuelanos, e a crise na Venezuela: práticas discursivas na revista Veja
Este artigo analisa a reportagem intitulada “Fuga de uma ditadura: a saga dos venezuelanos no Brasil”, da autoria de Jennifer Ann Thomas, publicada, em 2019, pela revista brasileira Veja. O objeto são os refugiados e a crise na Venezuela. Foram identificadas as estruturas discursivas utilizadas para representar os outros, no caso, os imigrantes venezuelanos. E foram analisadas as expressões linguísticas, que simbolizam e produzem as diferenças entre “eles” (os outros, a Venezuela e os seus cidadãos) e “nós” (o Brasil e os brasileiros). A conclusão a que chegámos é a de que o discurso sobre o outro, que na reportagem da Veja compreende também as estatísticas e as fontes próximas do poder governamental, apenas dizem o que é adequado que os públicos da revista saibam, ou seja, os seus leitores. Em síntese, a análise desta reportagem da revista Veja permite concluir que nela ocorre a reprodução do discurso hegemónico sobre “o outro”, um discurso reducionista, conservador e nacionalista. A nossa linha de orientação semiológica tem como referência teórica a Semiótica Social (Martins, 2002/2017), uma disciplina das Ciências Sociais e Humanas, que tem como preocupação essencial estabelecer as condições de possibilidade social do sentido e que, em termos semânticos e pragmáticos, procede à interpretação explicativa e compreensiva dos discursos. Por outro lado, sendo o nosso propósito a compreensão dos processos de construção social do outro, ou seja, a compreensão dos processos de construção social das identidades, inspiramo-nos na corrente de pensamento, que ficou conhecida na Europa como a “filosofia da diferença” (Descombes, 1998; Foucault, 1966; Levinas, 2002; Martins, 2019; Ricoeur, 1991).