关于资本危机背景下巴西卫生政策的简要说明

Thaísa Simplício Carneiro Matias
{"title":"关于资本危机背景下巴西卫生政策的简要说明","authors":"Thaísa Simplício Carneiro Matias","doi":"10.14295/jmphc.v11isup.865","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"O debate em torno da crise desencadeada nas últimas décadas no capitalismo financeirizado, articulado à reestruturação produtiva e ao ideário neoliberal, vem complexificando e está posto tanto para os sujeitos sociais, movimentos das diferentes políticas e segmentos sociais, como também na academia. Este trabalho buscou discutir as implicações da crise estrutural do capital para a política de saúde brasileira. O tema proposto é recorrente e de precípua relevância para a análise da particularidade na política de saúde e respectivas formas de resistência na perspectiva de fortalecer o projeto da classe trabalhadora. Metodologia: esta revisão parte das determinações teórico-políticas da tradição marxista. Resultados e Discussão: A crise estrutural do capital reafirma o caráter destrutivo das possibilidades civilizatórias e barbarização da vida social. Inúmeras mudanças nas esferas de produção e reprodução sociais desde então implicou aos países a reconfiguração do Estado, mediante política de ajustes contrarreformas. A suposta crise fiscal do Estado passou a ser o argumento de defesa neoliberal ao corte de gastos sociais, escondendo as intenções de diminuição dos custos com a força de trabalho e o redirecionamento do fundo público para atender em maior escala as demandas do grande capital. Estas análises tonam-se de extrema relevância ao nos remetermos à política de saúde brasileira que, conforme regulamentada na Constituição Federal de 1988 e na Lei Orgânica da Saúde significou um grande avanço no projeto da Reforma Sanitária Brasileira (RSB) ao incorporar no tripé da Seguridade Social a saúde, juntamente com a assistência e previdência social. Destacamos dentre as polêmicas desde formulação do SUS a relação público-privado: havia uma proposta radical, de estatização integral e imediata de todas as instituições destinadas à saúde; entretanto, a que prevaleceu defendia a estatização progressiva do sistema de saúde. Nessa correlação de forças em confronto configurou um sistema dual (mix público-privado), uma das principais características do sistema de saúde brasileiro. Apesar dos avanços legais na referida política, é necessário reconhecer a contradição na materialização dos direitos sociais, os quais foram fortemente tensionados pela ofensiva neoliberal, culminando em retrocessos. A ênfase destas medidas de ajuste no setor nos chama, quando o Partido dos Trabalhadores assumiu a gestão federal a partir de 2002. Naquele contexto havia uma grande expectativa em retomar a agenda da RSB da década de 1980, fortalecendo a política de saúde dentro da perspectiva constitucional da seguridade social. Entretanto ocorreu a reafirmação das medidas privatistas no setor (com ênfase na focalização, na precarização, na terceirização dos recursos humanos e no subfinanciamento). Em face deste contexto, chamamos atenção para um “novo” projeto, intrinsecamente relacionado ao privatista: trata-se do projeto do SUS possível, defendido por antigas lideranças do movimento da RSB, mas flexibilizando os princípios político-emancipatórios de sua racionalidade, a fim de “modernizar” o SUS, partindo da estratégia de refuncionalizar os princípios do SUS (em sintonia com as necessidades da contrarreforma); do transformismo das lideranças do movimento da RSB; e disseminação da ideia de que é inviável a implementação do SUS constitucional. Perfilando a política de saúde na atual conjuntura, chamamos atenção para a focalização dos gastos nos setores de extrema pobreza, como também a descentralização da gestão da esfera federal para estados e municípios, sem garantir a contrapartida necessária à execução das ações. Ao mesmo tempo, verificamos um deslocamento da prestação de bens e serviços públicos para o setor privado, através da participação de entidades não governamentais, filantrópicas, comunitárias e de empresas privadas. Neste caminho ganha destaque a Lei 9.637/1998, o Projeto de Lei Complementar (PLC) Nº 92/2007 que cria as fundações estatais de direito privado (FEDP) e a Lei 12.550/2011, que regulamenta a gestão dos hospitais universitários por meio das Empresas Brasileiras de Serviços Hospitalares (EBSERH). Entendemos que a implantação desses modelos de gestão os quais justificam não só deixam de cumprir seus objetivos de melhorias na atenção à saúde da população, como complexificam os problemas historicamente identificados no SUS e ferem a própria Constituição Federal vigente. O contexto de contradições e ataques ao SUS constitucional e defendido pelo movimento da RSB da década de 1980 tornaram ainda mais dramático na gestão do presidente interino Michel Temer intensificou o processo de privatizações, focalização das políticas sociais e do avanço do capital, mediante o ataque da universalidade do SUS e valorização da expansão dos planos privados de saúde. Neste caminho, destacamos também o perdão aos planos privados de saúde; o fim do Serviço Móvel de Urgência (SAMU) e dos programas Mais Médicos e Aqui Tem Farmácia Popular; não reconhecimento do Conselho Nacional de Saúde, ao convocar integrantes de instituições privadas para ouvir propostas para o setor; e extensão da Desvinculação das Receitas da União (DRU) até 2023 e aprovação da Emenda Constitucional 95. O contexto sinaliza mais dramático neste início de mandato de Jair Bolsonaro, cujo discurso e projeto são explicitamente privatistas e com bandeiras de extrema direita. Considerações finais: Este trabalho partiu da crítica da economia política para discutir a particularidade da política de saúde contemporânea, a qual avançou substancialmente no campo jurídico-formal, mas perpassou por contradições e contrarreformas. Por outro lado e como forma de resistência aos ataques à política de saúde, desde 2010 foi criada a Frente Nacional Contra a Privatização da Saúde (FNCPS), estratégia que agrega diversas entidades representativas de trabalhadores, grupos de pesquisa, movimentos sociais e partidos políticos na luta contra toda forma de privatização da política de saúde. Diante do exposto, entendemos que desde os governos petistas houve continuidade aos ajustes fiscais restringindo os recursos para as políticas sociais, permitindo o desenvolvimento de mecanismos compensatórios focalizados nas camadas mais pobres, sem alterar, portanto, a desigualdade social historicamente marcante no país. 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摘要

近几十年来,围绕金融资本主义引发的危机展开的辩论,与生产重组和新自由主义意识形态相联系,正变得越来越复杂,并被置于社会主体、不同政治运动和社会阶层以及学术界。本研究旨在讨论资本结构性危机对巴西卫生政策的影响。从加强工人阶级项目的角度出发,提出的主题是反复出现的,与分析卫生政策的特殊性及其各自的抵抗形式特别相关。方法论:本文从马克思主义传统的理论和政治决定出发。结果与讨论:资本的结构性危机重申了文明可能性的破坏性和社会生活的野蛮化。自那时以来,社会生产和再生产领域的许多变化导致各国通过反改革调整政策重新配置国家。所谓的国家财政危机已经成为新自由主义削减社会支出的理由,掩盖了降低劳动力成本的意图,并重新调整公共资金,以更大规模地满足大企业的需求。分析tonam极为重视的是巴西卫生政策,正如它在1988年联邦宪法和组织法的健康意味着一个重大项目的卫生改革(r)在巴西的三脚架的社会保障和福利健康和社会福利。在制定单一卫生系统以来的争议中,我们强调了公私关系:有一项激进的建议,对所有卫生机构进行全面和立即的国有化;然而,占主导地位的一方主张逐步将卫生系统国有化。这种相互关联的力量配置了一个双重系统(公私混合),这是巴西卫生系统的主要特征之一。尽管这一政策在法律上取得了进展,但有必要认识到社会权利实现方面的矛盾,新自由主义攻势使社会权利紧张,最终导致挫折。当工人党从2002年开始接管联邦政府时,这些调整措施在该部门的重点吸引了我们。在这种情况下,人们对恢复1980年代的RSB议程抱有很大的期望,从社会保障的宪法角度加强卫生政策。然而,该部门的私有化措施得到了重申(重点是集中、不稳定、人力资源外包和资金不足)。在这种背景下,我们注意到一个“新项目”,本质上与私人项目:这是猜测的,由旧RSB运动的领导人,但放松的-emancipatórios政治的理性原则,以“现代化”的苏东坡,refuncionalizar战略的原则SUS(符合反对改革的需求);RSB运动领导人的转变;以及传播不可能实施宪法统一卫生系统的想法。在概述当前形势下的卫生政策时,我们提请注意将支出重点放在极端贫困部门,以及将联邦一级的管理权力下放给各州和市政府,而不保证执行行动所需的对应资金。与此同时,我们注意到,通过非政府实体、慈善机构、社区和私营公司的参与,公共产品和服务的提供向私营部门转移。在这方面,突出了第9.637/1998号法律、建立国家私法基金会的第92/2007号补充法项目和通过巴西医院服务公司管理大学医院的第12.550/2011号法律。我们理解,这些管理模式的实施不仅证明其未能实现改善人口保健的目标,而且使历史上在单一卫生系统中确定的问题复杂化,并损害了现行联邦宪法本身。矛盾的背景下和学校袭击RSB和捍卫宪法的活动1980年代还变得更加戏剧性的管理层的私有化的临时总统米歇尔惧怕的形成过程,重点推进的社会政策和资本的普遍性,可用来攻击的猜测和私人健康复苏的扩张计划。 在这方面,我们还强调免除私人健康计划;结束了流动紧急服务(SAMU)和更多的医疗项目,这里有流行的药房;不承认国家卫生委员会召集私人机构成员听取该部门的建议;将联邦收入脱钩(DRU)延长到2023年,并通过宪法修正案95。雅伊尔•博尔索纳罗(Jair Bolsonaro)上任时的背景最为引人注目,他的演讲和计划都是明确的私有化,并带有极右翼的旗帜。最后考虑:本研究从政治经济学批判入手,探讨当代卫生政策的特殊性,该政策在法律形式领域取得了实质性进展,但却充满了矛盾和反改革。另一方面,作为一种抗攻击健康政策,自2010年以来由反对的国民阵线(FNCPS)策略,一般用于各种实体代表工人,研究社会运动团体和政党反对所有形式的斗争的卫生政策。综上所述,我们了解到,自劳工党政府以来,财政调整一直在继续,限制社会政策的资源,允许发展以最贫穷阶层为重点的补偿机制,而不改变该国历史上显著的社会不平等。理解巴西社会政策在当前历史进程中构成和实施的变化变得至关重要,需要对资本主义成熟阶段的发展进行历史批判研究。
本文章由计算机程序翻译,如有差异,请以英文原文为准。
Notas aproximativas sobre a política de saúde brasileira no contexto de crise do capital
O debate em torno da crise desencadeada nas últimas décadas no capitalismo financeirizado, articulado à reestruturação produtiva e ao ideário neoliberal, vem complexificando e está posto tanto para os sujeitos sociais, movimentos das diferentes políticas e segmentos sociais, como também na academia. Este trabalho buscou discutir as implicações da crise estrutural do capital para a política de saúde brasileira. O tema proposto é recorrente e de precípua relevância para a análise da particularidade na política de saúde e respectivas formas de resistência na perspectiva de fortalecer o projeto da classe trabalhadora. Metodologia: esta revisão parte das determinações teórico-políticas da tradição marxista. Resultados e Discussão: A crise estrutural do capital reafirma o caráter destrutivo das possibilidades civilizatórias e barbarização da vida social. Inúmeras mudanças nas esferas de produção e reprodução sociais desde então implicou aos países a reconfiguração do Estado, mediante política de ajustes contrarreformas. A suposta crise fiscal do Estado passou a ser o argumento de defesa neoliberal ao corte de gastos sociais, escondendo as intenções de diminuição dos custos com a força de trabalho e o redirecionamento do fundo público para atender em maior escala as demandas do grande capital. Estas análises tonam-se de extrema relevância ao nos remetermos à política de saúde brasileira que, conforme regulamentada na Constituição Federal de 1988 e na Lei Orgânica da Saúde significou um grande avanço no projeto da Reforma Sanitária Brasileira (RSB) ao incorporar no tripé da Seguridade Social a saúde, juntamente com a assistência e previdência social. Destacamos dentre as polêmicas desde formulação do SUS a relação público-privado: havia uma proposta radical, de estatização integral e imediata de todas as instituições destinadas à saúde; entretanto, a que prevaleceu defendia a estatização progressiva do sistema de saúde. Nessa correlação de forças em confronto configurou um sistema dual (mix público-privado), uma das principais características do sistema de saúde brasileiro. Apesar dos avanços legais na referida política, é necessário reconhecer a contradição na materialização dos direitos sociais, os quais foram fortemente tensionados pela ofensiva neoliberal, culminando em retrocessos. A ênfase destas medidas de ajuste no setor nos chama, quando o Partido dos Trabalhadores assumiu a gestão federal a partir de 2002. Naquele contexto havia uma grande expectativa em retomar a agenda da RSB da década de 1980, fortalecendo a política de saúde dentro da perspectiva constitucional da seguridade social. Entretanto ocorreu a reafirmação das medidas privatistas no setor (com ênfase na focalização, na precarização, na terceirização dos recursos humanos e no subfinanciamento). Em face deste contexto, chamamos atenção para um “novo” projeto, intrinsecamente relacionado ao privatista: trata-se do projeto do SUS possível, defendido por antigas lideranças do movimento da RSB, mas flexibilizando os princípios político-emancipatórios de sua racionalidade, a fim de “modernizar” o SUS, partindo da estratégia de refuncionalizar os princípios do SUS (em sintonia com as necessidades da contrarreforma); do transformismo das lideranças do movimento da RSB; e disseminação da ideia de que é inviável a implementação do SUS constitucional. Perfilando a política de saúde na atual conjuntura, chamamos atenção para a focalização dos gastos nos setores de extrema pobreza, como também a descentralização da gestão da esfera federal para estados e municípios, sem garantir a contrapartida necessária à execução das ações. Ao mesmo tempo, verificamos um deslocamento da prestação de bens e serviços públicos para o setor privado, através da participação de entidades não governamentais, filantrópicas, comunitárias e de empresas privadas. Neste caminho ganha destaque a Lei 9.637/1998, o Projeto de Lei Complementar (PLC) Nº 92/2007 que cria as fundações estatais de direito privado (FEDP) e a Lei 12.550/2011, que regulamenta a gestão dos hospitais universitários por meio das Empresas Brasileiras de Serviços Hospitalares (EBSERH). Entendemos que a implantação desses modelos de gestão os quais justificam não só deixam de cumprir seus objetivos de melhorias na atenção à saúde da população, como complexificam os problemas historicamente identificados no SUS e ferem a própria Constituição Federal vigente. O contexto de contradições e ataques ao SUS constitucional e defendido pelo movimento da RSB da década de 1980 tornaram ainda mais dramático na gestão do presidente interino Michel Temer intensificou o processo de privatizações, focalização das políticas sociais e do avanço do capital, mediante o ataque da universalidade do SUS e valorização da expansão dos planos privados de saúde. Neste caminho, destacamos também o perdão aos planos privados de saúde; o fim do Serviço Móvel de Urgência (SAMU) e dos programas Mais Médicos e Aqui Tem Farmácia Popular; não reconhecimento do Conselho Nacional de Saúde, ao convocar integrantes de instituições privadas para ouvir propostas para o setor; e extensão da Desvinculação das Receitas da União (DRU) até 2023 e aprovação da Emenda Constitucional 95. O contexto sinaliza mais dramático neste início de mandato de Jair Bolsonaro, cujo discurso e projeto são explicitamente privatistas e com bandeiras de extrema direita. Considerações finais: Este trabalho partiu da crítica da economia política para discutir a particularidade da política de saúde contemporânea, a qual avançou substancialmente no campo jurídico-formal, mas perpassou por contradições e contrarreformas. Por outro lado e como forma de resistência aos ataques à política de saúde, desde 2010 foi criada a Frente Nacional Contra a Privatização da Saúde (FNCPS), estratégia que agrega diversas entidades representativas de trabalhadores, grupos de pesquisa, movimentos sociais e partidos políticos na luta contra toda forma de privatização da política de saúde. Diante do exposto, entendemos que desde os governos petistas houve continuidade aos ajustes fiscais restringindo os recursos para as políticas sociais, permitindo o desenvolvimento de mecanismos compensatórios focalizados nas camadas mais pobres, sem alterar, portanto, a desigualdade social historicamente marcante no país. Torna-se de precípua relevância entender as modificações na composição e na condução das políticas sociais brasileiras no atual curso histórico, exigindo um estudo histórico-crítico de desenvolvimento da fase madura do capitalismo.
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