{"title":"塞西科:白色世界中的黑人身体(艺术散文)","authors":"Wagner Montenegro","doi":"10.53343/100521.33-13","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Demorei 30 anos para entender que vivo num corpo negro. Não que eu não soubesse que a minha pele é mais escura que a da minha mãe, pessoa que sempre foi a minha referência do que é mundo. Eu sabia que a pele dela era branca e que a minha não. Mas achava que, nos lugares onde estivesse, sempre existiria alguém mais negro do que eu. Alguém para quem eu pudesse apontar e dizer: “Ele é negro, eu não!”. Era a minha tentativa de escapar das estruturas do racismo. Mas eu não escapava, e nem sempre encontrava alguém para apontar. Eu era apontado.","PeriodicalId":122265,"journal":{"name":"Revista Observatório","volume":"15 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2022-09-12","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"Sethico: um corpo negro num mundo branco (ensaio artístico)\",\"authors\":\"Wagner Montenegro\",\"doi\":\"10.53343/100521.33-13\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"Demorei 30 anos para entender que vivo num corpo negro. Não que eu não soubesse que a minha pele é mais escura que a da minha mãe, pessoa que sempre foi a minha referência do que é mundo. Eu sabia que a pele dela era branca e que a minha não. Mas achava que, nos lugares onde estivesse, sempre existiria alguém mais negro do que eu. Alguém para quem eu pudesse apontar e dizer: “Ele é negro, eu não!”. Era a minha tentativa de escapar das estruturas do racismo. Mas eu não escapava, e nem sempre encontrava alguém para apontar. Eu era apontado.\",\"PeriodicalId\":122265,\"journal\":{\"name\":\"Revista Observatório\",\"volume\":\"15 1\",\"pages\":\"0\"},\"PeriodicalIF\":0.0000,\"publicationDate\":\"2022-09-12\",\"publicationTypes\":\"Journal Article\",\"fieldsOfStudy\":null,\"isOpenAccess\":false,\"openAccessPdf\":\"\",\"citationCount\":\"0\",\"resultStr\":null,\"platform\":\"Semanticscholar\",\"paperid\":null,\"PeriodicalName\":\"Revista Observatório\",\"FirstCategoryId\":\"1085\",\"ListUrlMain\":\"https://doi.org/10.53343/100521.33-13\",\"RegionNum\":0,\"RegionCategory\":null,\"ArticlePicture\":[],\"TitleCN\":null,\"AbstractTextCN\":null,\"PMCID\":null,\"EPubDate\":\"\",\"PubModel\":\"\",\"JCR\":\"\",\"JCRName\":\"\",\"Score\":null,\"Total\":0}","platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Revista Observatório","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.53343/100521.33-13","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
Sethico: um corpo negro num mundo branco (ensaio artístico)
Demorei 30 anos para entender que vivo num corpo negro. Não que eu não soubesse que a minha pele é mais escura que a da minha mãe, pessoa que sempre foi a minha referência do que é mundo. Eu sabia que a pele dela era branca e que a minha não. Mas achava que, nos lugares onde estivesse, sempre existiria alguém mais negro do que eu. Alguém para quem eu pudesse apontar e dizer: “Ele é negro, eu não!”. Era a minha tentativa de escapar das estruturas do racismo. Mas eu não escapava, e nem sempre encontrava alguém para apontar. Eu era apontado.