Suporte por pares em saúde mental no grupo de ouvidores de vozes

O grupo de ouvidores de vozes trata-se de uma nova abordagem em saúde mental, seguindo os pressupostos da reforma psiquiátrica, em busca da despatologização da experiência de ouvir vozes, que por muito tempo limitou-se a sintoma de uma doença e foi silenciada com medicalização e isolamento social dos ouvidores. Teve início através do Movimento Hearing Voices onde os grupos buscam uma aproximação e reinserção social dos ouvidores, garantindo seus direitos humanos e estabelecendo uma relação de suporte por pares entre os participantes. O objetivo do estudo consiste em discutir sobre os grupos de ouvidores de vozes enquanto estratégia de suporte por pares em saúde mental e a origem e os sentidos atribuídos às vozes. Trata-se de um estudo de campo, com abordagem qualitativa, do tipo exploratória. Foi desenvolvido em ambiente virtual na plataforma google meet em uma conta do G Suíte com iduff mail (serviço de e-mail acadêmico da Universidade Federal Fluminense), que permite videochamada. A videochamada acontece em encontros semanais com 2 horas de duração, no recorte temporal de 10 meses, com início em maio de 2021 a fevereiro de 2022. Os participantes foram pessoas que frequentam o grupo de ouvidores de vozes com mais de 18 anos e também profissionais da área da saúde e dos serviços e pessoas que ouvem vozes. Dos resultados encontrados foram depreendidas três categorias de análise a partir das falas e conteúdos abordados nos encontros para discussão temática: Origem, conteúdo e natureza das vozes; Desafios advindos das vozes; e Potencialidades e sentidos construídos a partir da experiência com as vozes. O estudo mostrou que suporte por pares construído sobre valores e entendimentos do Movimento Hearing Voices nos grupos de ouvidores de vozes é um instrumento capaz de fornecer diversos benefícios para o ouvidores de vozes, com o seu reconhecimento, empoderamento, fortalecimento e melhor relação com as suas vozes, consequentemente possibilitando esperança, para se construir uma melhor qualidade de vida através da aceitação, um melhor relacionamento com as vozes, autoconhecimento e resgate de sua autonomia.