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Havia também um grupo de renovadores no Partido Comunista Brasileiro (PCB), os chamados gramscistas, no início da década de 1980, que traduzem Gramsci e se utilizam de seus conceitos para analisar a realidade brasileira e assim propor uma “nova” estratégia para o Partido. \n O marxismo brasileiro rompia com o stalinismo no campo filosófico e na sociologia da cultura, mas não no campo político. Por outro lado, com o início da década de 1980, o gramscismo no Brasil tem como interpretação a orientação do Partido Comunista italiano, defendendo a democracia como estratégia e analisando-a como um valor universal, conforme orientação de Enrico Berlinguer, chefe do partido italiano. \n Estudaremos o debate que ocorre em 1980, no interior do PCB, discutindo estratégia e democracia, o que faremos para avaliar uma questão de práxis ainda fundamental para a esquerda brasileira, os conceitos de democracia e revolução gramscianos, que é também a questão central para a esquerda contemporânea. \n Para essa análise, é fundamental retornar ao marxismo de Gramsci e à sua obra, e retomar conceitos básicos de sua estratégia para a revolução comunista, o que possibilita uma análise crítica do eurocomunismo europeu e seus braços no Brasil, com as consequências atuais do recrudescimento conservador e o perigo da retomada dos grupos políticos de direita, e fascistas, em nosso país. \nPalavras-chave: Democracia – Estratégia - Revolução","PeriodicalId":180167,"journal":{"name":"Revista Expedições: Teoria da História e Historiografia (ISSN 2179-6386)","volume":"22 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2022-06-29","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"Revolução e democracia: o eurocomunismo no Brasil, no crepusculo da ditadura militar\",\"authors\":\"Ana Maria Said\",\"doi\":\"10.31668/revista_geth.v14ifluxocont.13221\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"Pretendemos nesse trabalho resgatar a unidade e o marxismo de Antonio Gramsci, a coerência de análise, mesmo nos fragmentos dos seus Cadernos, a constância dos temas retomados em um contexto unitário profundo, para compreender o retrocesso orgânico que estamos vivenciando no Brasil atual e na América Latina como um todo. \\n Uma parcela da chamada esquerda brasileira é influenciada pelo marxismo de Antonio Gramsci, utilizando-se de suas categorias para interpretar a realidade brasileira, conceitos esses que sofreram interpretações diversas, desviando-se muitas vezes da formulação gramsciana. \\n Carlos Nelson Coutinho é o principal divulgador e tradutor das obras gramscianas em nosso país. 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Revolução e democracia: o eurocomunismo no Brasil, no crepusculo da ditadura militar
Pretendemos nesse trabalho resgatar a unidade e o marxismo de Antonio Gramsci, a coerência de análise, mesmo nos fragmentos dos seus Cadernos, a constância dos temas retomados em um contexto unitário profundo, para compreender o retrocesso orgânico que estamos vivenciando no Brasil atual e na América Latina como um todo.
Uma parcela da chamada esquerda brasileira é influenciada pelo marxismo de Antonio Gramsci, utilizando-se de suas categorias para interpretar a realidade brasileira, conceitos esses que sofreram interpretações diversas, desviando-se muitas vezes da formulação gramsciana.
Carlos Nelson Coutinho é o principal divulgador e tradutor das obras gramscianas em nosso país. Havia também um grupo de renovadores no Partido Comunista Brasileiro (PCB), os chamados gramscistas, no início da década de 1980, que traduzem Gramsci e se utilizam de seus conceitos para analisar a realidade brasileira e assim propor uma “nova” estratégia para o Partido.
O marxismo brasileiro rompia com o stalinismo no campo filosófico e na sociologia da cultura, mas não no campo político. Por outro lado, com o início da década de 1980, o gramscismo no Brasil tem como interpretação a orientação do Partido Comunista italiano, defendendo a democracia como estratégia e analisando-a como um valor universal, conforme orientação de Enrico Berlinguer, chefe do partido italiano.
Estudaremos o debate que ocorre em 1980, no interior do PCB, discutindo estratégia e democracia, o que faremos para avaliar uma questão de práxis ainda fundamental para a esquerda brasileira, os conceitos de democracia e revolução gramscianos, que é também a questão central para a esquerda contemporânea.
Para essa análise, é fundamental retornar ao marxismo de Gramsci e à sua obra, e retomar conceitos básicos de sua estratégia para a revolução comunista, o que possibilita uma análise crítica do eurocomunismo europeu e seus braços no Brasil, com as consequências atuais do recrudescimento conservador e o perigo da retomada dos grupos políticos de direita, e fascistas, em nosso país.
Palavras-chave: Democracia – Estratégia - Revolução