Comparando a saúde sexual e reprodutiva de mulheres que fazem sexo com mulheres e de mulheres que fazem sexo com mulheres e homens

Introdução: Escassos estudos nacionais apontam lacunas de cuidado com a saúde sexual e reprodutiva de mulheres que fazem sexo com mulheres. Objetivo: Descrever e comparar aspectos da saúde sexual e reprodutiva de mulheres que fazem sexo exclusivamente com mulheres e mulheres que fazem sexo com mulheres e homens. Métodos: Estudo transversal, que incluiu 149 mulheres: 117 mulheres que fazem sexo com mulheres e 32 mulheres que fazem sexo com mulheres e homens. Dados obtidos entre janeiro de 2015 e março de 2017 por aplicação de questionário, incluindo variáveis sociodemográficas, comportamento e prática sexual e saúde sexual e reprodutiva, e analisados por estatística descritiva e teste de proporção. Considerou-se p<0,05 como nível de significância. Projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa local (parecer n. 837447). Resultados: A maioria das mulheres encontrava-se na faixa etária entre 20 e 49 anos (83,9%), era branca (74,5%), não unida (73,2%), tinha 12 anos ou mais de estudos concluídos (51,0%) e atividade remunerada (73,8%). Apenas 18,1% faziam uso consistente de preservativo, 47,0% e 57,0% não tinham realizado sorologias para infecções sexualmente transmissíveis/aids e consulta ginecológica no último ano, respectivamente, 36,2% estavam com o exame de papanicolau em atraso e 26,9% nunca o realizaram. As mulheres que fazem sexo com mulheres e homens tiveram maior percentual de múltiplas parcerias e parceria eventual nos últimos 12 meses (75,0 versus 25,6%, [p<0,0001]) e (65,6 versus 18,8% [p<0,0001]), respectivamente, revelaram menos fazer sexo com mulher nos serviços de saúde (31,3 versus 58,1 [p=0,0125]), usavam mais métodos contraceptivos (37,5% versus 20,5% [p=0,0095]) e apontaram mais o sexo com homem como forma de concretizar o desejo de ter filhos (38,9% versus 3,7% [p=0,0003]) do que as mulheres que fazem sexo com mulheres. Conclusão: Ambos os grupos apresentavam vulnerabilidade às infecções sexualmente transmissíveis/aids, tendo as mulheres que fazem sexo com mulheres e homens comportamentos que elevavam essa condição. Sugere-se atenção às necessidades e vulnerabilidades de ambos os grupos para a promoção de cuidado integral em saúde.