Prevalência e análise clínica-epidemiológica de casos de intoxicação nas unidades de terapia intensiva de um Hospital Universitário no Paraná.

Intoxicação é o processo de desequilíbrio de um organismo devido à exposição a agentes tóxicos, geralmente exógenos, podendo ser aguda ou crônica e que tem diversas etiologias. Um exemplo de consequência aguda em decorrência de uma exposição crônica é a hemorragia digestiva alta (HDA) que pode se manifestar em casos de exposição crônica ao álcool. O presente trabalho investigou nos registros físicos das quatro Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) do Hospital Universitário Regional dos Campos Gerais (HURCG) no período entre janeiro de 2019 a abril de 2022 os casos relacionados à intoxicação exógena, hematêmese, melena e HDA. Os prontuários selecionados cuja causa da intoxicação foi em consequência do abuso de substâncias foram estudados quanto as variáveis: sexo, idade, agente causador e desfecho. Foram encontrados 112 casos de HDA, sendo 94 (83,9%) causados por etilismo, 15 (13,4%) por uso de medicamentos apenas e três (2,7%) por etilismo e uso de medicamentos concomitantemente. A maioria dos casos de HDA ocorreu em homens em decorrência do etilismo, sendo a faixa etária mais atingida de 55-64 anos e do total de casos estudados, 49,1% tiveram alta e 43,8% foram a óbito. Já para intoxicação exógena foram encontrados 26 casos, a maioria ocorreu em mulheres em circunstância autoinfligida, a idade variou entre 15-86 anos, e do total de casos de intoxicação, 80,8% tiveram alta e 15,4% foram a óbito. Baseado nessas observações, é possível apontar a necessidade de melhorias na atenção à saúde mental da sociedade, em especial ao abuso de substâncias e suas consequências, reforçando a necessidade dos gestores do sistema de saúde e dos governantes implementarem e fortificarem políticas públicas de prevenção de suicídio e combate ao uso de álcool e outras drogas.