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Seguindo a lógica de que professores e formadores de opinião (e, quiçá, todos os profissionais da Odontologia) deveriam embasar suas atitudes e recomendações nas evidências científicas de mais alta qualidade disponíveis, reflito sobre o quão difícil é responder a tais questionamentos, sem que seja dada apenas uma opinião, uma preferência pessoal ou um relato de experiência (que, cientificamente falando, não são tão relevantes). Por outro lado, ao mostrar dentes hígidos, sem lesões cariosas, não cariosas ou qualquer tipo de restauração na boca de um paciente de quarenta e poucos anos — algo hoje, felizmente, nada incomum —, não vejo a mesma curiosidade por parte do público. Quase ninguém pergunta qual a estratégia de promoção de saúde utilizada, qual rotina de manutenção/retorno, quais os comportamentos desse paciente, seguramente bem orientado e acompanhado por seu dentista, que levaram a esse quadro tão positivo. 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O impacto dos materiais e técnicas na longevidade das restaurações, as incertezas científicas e a necessidade de focarmos na saúde
“Professor, qual sistema adesivo é o melhor?”. “Técnica incremental ou bulk fill?”. “Restauração direta ou indireta?”. “Qual o material forrador que devo usar em cavidades profundas?”. Acredito que muitos já receberam perguntas como essas ao terminar uma aula, uma palestra ou até no direct, após compartilhar um caso nas redes sociais. Provavelmente, quem pergunta acredita e espera que, ao utilizar os mesmos materiais e técnicas, obterá resultados semelhantes àqueles vistos e admirados na apresentação ou publicação. Seguindo a lógica de que professores e formadores de opinião (e, quiçá, todos os profissionais da Odontologia) deveriam embasar suas atitudes e recomendações nas evidências científicas de mais alta qualidade disponíveis, reflito sobre o quão difícil é responder a tais questionamentos, sem que seja dada apenas uma opinião, uma preferência pessoal ou um relato de experiência (que, cientificamente falando, não são tão relevantes). Por outro lado, ao mostrar dentes hígidos, sem lesões cariosas, não cariosas ou qualquer tipo de restauração na boca de um paciente de quarenta e poucos anos — algo hoje, felizmente, nada incomum —, não vejo a mesma curiosidade por parte do público. Quase ninguém pergunta qual a estratégia de promoção de saúde utilizada, qual rotina de manutenção/retorno, quais os comportamentos desse paciente, seguramente bem orientado e acompanhado por seu dentista, que levaram a esse quadro tão positivo. É, de certa forma, triste ver que alguns admiram mais o dentista que restaura, restaura e restaura (“Lindas restaurações, parecem dentes!”), do que aquele que, competentemente, trata seus pacientes, reduzindo seu risco de apresentarem progressão de lesões e, assim, mantém saudáveis e funcionais os dentes de verdade.