{"title":"DIÁLOGOS ENTRE A TEORIA SOCIAL CRÍTICA HABERMASIANA E A TEORIA FEMINISTA DE NANCY FRASER","authors":"Charles Feldhaus, Camila Dutra Pereira","doi":"10.30611/2021n24id78023","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Este artigo examina algumas das objeções traçadas por Nancy Fraser à teoria social crítica de Jürgen Habermas à luz de algumas reformulações empreendidas pelo filósofo e sociólogo alemão em Facticidade e validade, quando se devota a aplicar o modelo de democracia deliberativa às demandas feministas por igualdade não apenas de direito, mas também igualdade fática. Em seu artigo Fraser acusa a teoria crítica discursiva não de defender posição abertamente preconceituosas em relação a gênero, mas de uma omissão relativa às questões de gênero, o que, contudo, não deixa de ser censurável. Além do mais, ela defende que o modelo de teoria crítica discursivo dualista baseado na distinção entre as esferas da reprodução social é deficiente no diagnóstico e na identificação de remédios para algumas injustiças sociais sofridas pelas mulheres. O modelo discursivo carece de categorias que permitam interpretar os papéis de gênero e a problemática que envolve a família patriarcal e o trabalho doméstico. O modelo de democracia deliberativa habermasiano demonstra, diferentemente dos textos criticados por Fraser, uma preocupação explicita com as questões de gênero e até mesmo alguma vantagem explicativa em relação ao modelo anterior, mas como tal modelo é construído sobre suposições básicas de A teoria do agir comunicativo, esse modelo ainda encontra dificuldades em enfrentar algumas demandas feministas.","PeriodicalId":242846,"journal":{"name":"Revista Dialectus - Revista de Filosofia","volume":"11 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2021-12-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Revista Dialectus - Revista de Filosofia","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.30611/2021n24id78023","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
DIÁLOGOS ENTRE A TEORIA SOCIAL CRÍTICA HABERMASIANA E A TEORIA FEMINISTA DE NANCY FRASER
Este artigo examina algumas das objeções traçadas por Nancy Fraser à teoria social crítica de Jürgen Habermas à luz de algumas reformulações empreendidas pelo filósofo e sociólogo alemão em Facticidade e validade, quando se devota a aplicar o modelo de democracia deliberativa às demandas feministas por igualdade não apenas de direito, mas também igualdade fática. Em seu artigo Fraser acusa a teoria crítica discursiva não de defender posição abertamente preconceituosas em relação a gênero, mas de uma omissão relativa às questões de gênero, o que, contudo, não deixa de ser censurável. Além do mais, ela defende que o modelo de teoria crítica discursivo dualista baseado na distinção entre as esferas da reprodução social é deficiente no diagnóstico e na identificação de remédios para algumas injustiças sociais sofridas pelas mulheres. O modelo discursivo carece de categorias que permitam interpretar os papéis de gênero e a problemática que envolve a família patriarcal e o trabalho doméstico. O modelo de democracia deliberativa habermasiano demonstra, diferentemente dos textos criticados por Fraser, uma preocupação explicita com as questões de gênero e até mesmo alguma vantagem explicativa em relação ao modelo anterior, mas como tal modelo é construído sobre suposições básicas de A teoria do agir comunicativo, esse modelo ainda encontra dificuldades em enfrentar algumas demandas feministas.