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A arte do inventar: artesanatos de presos políticos em um presídio da ditadura civil-militar (1964-1985)
O Instituto Penal Paulo Sarasate (IPPS), no Ceará, foi usado como prisão política durante a ditadura civil-militar (1964-85). Ali cumpriram pena militantes da esquerda armada nos anos 70, os quais tiveram de se defrontar com novos desafios e vivências. Nesse processo, se redefiniram enquanto indivíduos e sujeitos políticos. Usando das brechas do sistema, os ativistas buscaram contornar as imposições do corpo dirigente prisional. Deram mesmo outros sentidos às estruturas físicas da prisão. Entre as maiores mobilizações dos presos políticos cearenses esteve a de produzirem peças de artesanato e de arte. As vendas das peças possibilitaram alguns recursos pecuniários que ajudavam no sustento das famílias dos encarcerados. Havia, porém, outras significâncias quanto aqueles objetos. Foi forma de identidade e vínculos entre os militantes de esquerda; forma dos encarcerados denunciarem a ditadura e a existência de presos políticos; forma dos presos políticos manifestarem seus posicionamentos políticos em favor da luta armada; foram vistas como manifestação de subversão pela ditadura; instrumentos de terapia e desenvolvimento de sensibilidades e aptidões artísticas; meios de endossar a Campanha da Anistia e estimular e agradecer os que se engajavam na defesa da democracia e libertação dos encarcerados políticos.