{"title":"马沙多·德·阿西斯的《卡波塔》和尼古拉·果戈理的《卡波特》中对功利主义伦理的比较思考","authors":"Júlia Lopes Penido Pena, M. Freitas","doi":"10.53500/msg.v2i2.11275","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Sob a luz das obras A ética protestante e o “espírito” do capitalismo, de Max Weber (2007), e As ideias fora do lugar, de Roberto Schwarz (1992), este trabalho visa à análise comparativa dos contos A carteira, de Machado de Assis (2019), e O capote, de Nikolai Gogol (2001). Assim, a contraposição dos contextos das obras evidenciou grande semelhança entre as sociedades - como Schwarz deixa claro -, o que reflete na proximidade das características morais das personagens dos contos. Tais características, sobretudo referentes à economia, deixam clara a discrepância da ética presente em países protestantes – descritos por Weber. Em A carteira, Machado nos apresenta Honório como protagonista, o qual preza pela imagem de homem honrado, e, principalmente, pela manutenção de seus créditos social e financeiro, ainda que desenvolva questionamentos morais ao longo do conto. Já em O capote, Gogol faz com que Akaki seja a representação do homem que preza pelo trabalho pelo viés tradicionalista – sem visar ao acúmulo de dinheiro ou ao lucro. Os contos analisados, por serem verossímeis, apresentam, respectivamente, características sociais do Brasil Império e da Rússia czarista e, portanto, suas personagens reproduzem padrões éticos vigentes na época – o que permite analisar e comparar as obras e os contextos em que estas estão inseridas. 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Reflexões comparadas sobre a ética utilitarista nas obras "A carteira", de Machado de Assis, e "O capote", de Nikolai Gogol
Sob a luz das obras A ética protestante e o “espírito” do capitalismo, de Max Weber (2007), e As ideias fora do lugar, de Roberto Schwarz (1992), este trabalho visa à análise comparativa dos contos A carteira, de Machado de Assis (2019), e O capote, de Nikolai Gogol (2001). Assim, a contraposição dos contextos das obras evidenciou grande semelhança entre as sociedades - como Schwarz deixa claro -, o que reflete na proximidade das características morais das personagens dos contos. Tais características, sobretudo referentes à economia, deixam clara a discrepância da ética presente em países protestantes – descritos por Weber. Em A carteira, Machado nos apresenta Honório como protagonista, o qual preza pela imagem de homem honrado, e, principalmente, pela manutenção de seus créditos social e financeiro, ainda que desenvolva questionamentos morais ao longo do conto. Já em O capote, Gogol faz com que Akaki seja a representação do homem que preza pelo trabalho pelo viés tradicionalista – sem visar ao acúmulo de dinheiro ou ao lucro. Os contos analisados, por serem verossímeis, apresentam, respectivamente, características sociais do Brasil Império e da Rússia czarista e, portanto, suas personagens reproduzem padrões éticos vigentes na época – o que permite analisar e comparar as obras e os contextos em que estas estão inseridas. Por meio deste trabalho, a ética utilitarista – pregada por Benjamin Franklin e descrita por Weber – se mostrou presente em ambas as sociedades, ainda que o tradicionalismo estivesse presente, o que evidenciou o fato de que tais elementos não são excludentes.