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“Máquinas & Outras Vísceras”: Sade, Piva e o antidualismo Queer
É uma marca de boa parte do pensamento do séc. XX, tanto na literatura quanto na filosofia, a recepção da obra do Marquês de Sade. De fato, já no séc. XVIII, Sade formulara uma série de questões e propusera certos modos de pensar cuja relevância só viria a ser plenamente incorporada no pensamento contemporâneo. Nesse sentido, o pensamento do Marquês de Sade e a literatura e filosofia do séc. XX podem se esclarecer reciprocamente. Neste texto, queremos mostrar a recepção de um tema específico – o antidualismo – em duas instâncias: a poesia surrealista de Roberto Piva e o pensamento queer de Paul Preciado. Mais especificamente, trata-se de analisar como Sade foi recebido – direta ou indiretamente – tanto na literatura quanto na filosofia, por autores e autoras cujo projeto consistia em denunciar os aspectos excludentes ou mesmo potenciais autoritários em visões de mundo dualistas. Buscamos, assim, além de comentar e elucidar aspectos da obra de Sade, de Roberto Piva e de Paul Preciado, mostrar aspectos de uma passagem na história da filosofia contemporânea: a incorporação da filosofia do Marquês de Sade na formulação de um pensamento que enxerga no corpo sexuado e na reflexão filosófico-literária sobre a sexualidade humana uma possibilidade de renovação de aspectos fundantes de uma experiência cultural que encontra, no séc. XX, impasses políticos significativos.