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No limiar entre carta, poesia e tradução: uma leitura de Katherine Mansfield e Ana Cristina Cesar
Este ensaio se detém sobre uma prática específica: a tradução de cartas. Para tocar esse tema, descreve-se a carta como gênero textual instável e ambíguo — no limiar entre o documento e a literatura, a escrita e a oralidade, a distância e a presença — e busca-se entender como a tradução precisa caminhar ao lado dessa instabilidade, marcando os percalços que caracterizam a epistolografia, ao invés de escondê-los na língua de chegada. A partir da tradução de cartas de Katherine Mansfield para o português (Editora Revan, 1996), analisam-se escolhas de tradução que apaziguam marcas do gênero epistolar e, levando em conta o conceito de intraduzível (CAMPOS, 1992), este texto ensaia um olhar à tradução das cartas capaz de compreender a noção de correspondência no sentido amplo.