M. D. D. Rosa, Agrupamento de Centros de Saúde Almada-Seixal, Paula Diogo, Luísa Barros, E. Lisboa, Faculdade de Psicologia
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Foram definidos os seguintes objetivos: 1) Analisar o que experienciam emocionalmente os enfermeiros nos encontros com os pais maltratantes; 2) Compreender o processo de gestão emocional dos enfermeiros na interação de cuidados com os pais maltratantes. Este estudo situa-se no paradigma naturalista, tendo-se optado pela metodologia de Grounded Theory, de abordagem predominantemente indutiva. Quanto aos instrumentos de colheita de dados, foi efetuada a observação de 11 consultas de enfermagem, realizadas 11 entrevistas semiestruturadas e foi efetuado um focus group com 6 enfermeiros. As ferramentas analíticas são decorrentes das etapas desta metodologia de investigação, com recurso ao Software de análise de conteúdo NVivo 12. Os achados revelam que o processo de gestão emocional dos enfermeiros nos encontros com os pais maltratantes se caracteriza pelo impacto emocional nos primeiros encontros com a criança maltratada/ pais maltratantes, que pode conduzir a uma situação emocional limite que compromete a relação terapêutica. No entanto, na maioria das vezes, os enfermeiros conseguem estruturar uma relação próxima com estas famílias, caracterizada por uma relação terapêutica e de proximidade com a criança e com os pais, mobilizando estratégias de gestão emocional num continuum da intervenção com os pais maltratantes, que podem constituir um desafio emocional gratificante ou perturbador. 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O processo emocional experienciado pelos enfermeiros na interação com os pais maltratantes na consulta de saúde infantil
Cuidar de crianças vítimas de maus tratos implica uma multiplicidade de desafios para os enfermeiros, e entre estes a gestão emocional. Os enfermeiros precisam de gerir sentimentos ambivalentes no sentido de protegerem a criança (maltratada) e simultaneamente, apoiarem os pais (maltratantes). Na literatura tem sido reconhecida a importância da gestão emocional dos enfermeiros para evitar que as emoções experienciadas tenham implicações negativas ao nível da qualidade dos cuidados, bem como no seu bem-estar e equilíbrio emocional. Assim, pretendemos responder à seguinte questão de investigação: como é que os enfermeiros de saúde infantil gerem a sua emocionalidade nos encontros com os pais maltratantes? Foram definidos os seguintes objetivos: 1) Analisar o que experienciam emocionalmente os enfermeiros nos encontros com os pais maltratantes; 2) Compreender o processo de gestão emocional dos enfermeiros na interação de cuidados com os pais maltratantes. Este estudo situa-se no paradigma naturalista, tendo-se optado pela metodologia de Grounded Theory, de abordagem predominantemente indutiva. Quanto aos instrumentos de colheita de dados, foi efetuada a observação de 11 consultas de enfermagem, realizadas 11 entrevistas semiestruturadas e foi efetuado um focus group com 6 enfermeiros. As ferramentas analíticas são decorrentes das etapas desta metodologia de investigação, com recurso ao Software de análise de conteúdo NVivo 12. Os achados revelam que o processo de gestão emocional dos enfermeiros nos encontros com os pais maltratantes se caracteriza pelo impacto emocional nos primeiros encontros com a criança maltratada/ pais maltratantes, que pode conduzir a uma situação emocional limite que compromete a relação terapêutica. No entanto, na maioria das vezes, os enfermeiros conseguem estruturar uma relação próxima com estas famílias, caracterizada por uma relação terapêutica e de proximidade com a criança e com os pais, mobilizando estratégias de gestão emocional num continuum da intervenção com os pais maltratantes, que podem constituir um desafio emocional gratificante ou perturbador. Porém, tanto o desafio emocional gratificante como o desafio emocional perturbador são potenciadores da aprendizagem experiencial, que conduz a um processo adaptativo e resiliente dos enfermeiros que acompanham estas famílias.