Pedra que não anda dá lodo: reflexões sobre a luta e os movimentos quilombolas no Norte de Minas Gerais

A proposta deste capítulo é apresentar algumas reflexões da minha pesquisa de doutorado. O estudo é um desdobramento do trabalho que realizei durante o mestrado em Brejo dos Crioulos, comunidade quilombola localizada na região Norte do estado de Minas Gerais. Para tanto, além de dar sequência a pesquisa em Brejo dos Crioulos, durante o campo desenvolvido entre 2016 e 2018, também realizei incursões em outras comunidades quilombolas da região e acompanhei diversos eventos e atividades do mundo dos movimentos. Minha intenção foi apreender a importância destes momentos, o que eles produzem e o que é necessário para produzi-los; quais são as articulações e alianças tecidas pelos quilombolas com outros povos, movimentos, parceiros e, deste modo, realizar um esforço de compreender e descrever etnograficamente, partindo do ponto de vista dos quilombolas, o movimento e a luta na região do Norte de Minas. O texto está organizado em três seções. Na primeira delas, a ideia foi realizar uma tentativa de descrever como a luta quilombola é feita em movimento, na circulação de pessoas, conhecimentos, coisas, símbolos, práticas e tradições. Em seguida, descrevo os modos como os quilombolas realizam suas andanças, mobilizam seus companheiros e assim também fazem suas lutas. A última seção do capítulo é dedicada às reflexões finais.