巴西学生流动的两种主要途径中的语言殖民主义和跨文化主义

R. Borges
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Em contrapartida, estudantes de uma elite econômica branca não indicaram a insuficiência no domínio de inglês como fator de decisão pela escolha de Portugal. A nosso ver, essas assimetrias devem ser percebidas e problematizadas a partir da colonialidade no ensino de inglês no Brasil que, no espaço de educação internacional, tem limitado escolhas e (re)produzido desigualdades. Todavia, nos tempos pandêmicos que apressam a transição para a mobilidade virtual, a maior diversidade étnico-racial e amplitude socioeconômica da mobilidade estudantil do Brasil para universidades portuguesas suscita outras e mais aprofundadas reflexões sobre as interações interculturais (presenciais) que resultam desses deslocamentos. As experiências de estudar em Portugal têm sido marcadas por alguns desencontros linguísticos, a exemplo dos imaginários de um subalterno português brasileiro e de um superior português de Portugal. Os constrangimentos que resultam dessas (in)comunicações interculturais entre estudantes do Brasil e de Portugal podem ser explicados, pelo menos em parte, pela reverberação, na contemporaneidade, da colonialidade do ensino da língua portuguesa nos dois países. Vamos argumentar que essas tensões, presentes em espaços acadêmicos da antiga metrópole do Brasil, potencializam o que temos designado de “despertar descolonial”.","PeriodicalId":402719,"journal":{"name":"Comunicação e Sociedade","volume":"7 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2022-06-22","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"3","resultStr":"{\"title\":\"(Des)Colonialidade Linguística e Interculturalidade nas Duas Principais Rotas da Mobilidade Estudantil Brasileira\",\"authors\":\"R. 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摘要

虽然在葡萄牙和美国上大学对那些来自经济资本高的巴西家庭的人来说仍然是一种特权,但在过去十年中,促进国际化的政策导致了这些学生流动的加强和多样化。本文以非殖民化研究为指导,分析了在葡萄牙和美国的巴西国籍学生的种族和英语语言能力的交叉性。结果表明,在2013年至2020年期间进行的两项实证研究表明,在这两个国家参加同一流动项目并获得奖学金的黑人学生的英语水平低于白人学生。相比之下,来自白人经济精英的学生并没有将英语水平的不足作为选择葡萄牙的决定因素。在我们看来,这些不对称应该从巴西英语教学的殖民主义中被感知和质疑,在国际教育空间中,选择有限,(重新)产生了不平等。然而,在加速向虚拟流动过渡的流行时期,从巴西到葡萄牙大学的学生流动的更大的种族-种族多样性和社会经济范围,引发了对这些流动所导致的跨文化互动(面对面)的进一步和更深入的思考。在葡萄牙学习的经历被一些语言上的分歧所标记,例如想象一个巴西葡萄牙人的下级和一个来自葡萄牙的葡萄牙人的上级。巴西和葡萄牙学生之间的跨文化交流所造成的限制,至少在一定程度上可以用两国葡萄牙语教学的殖民主义在当代的反响来解释。我们认为,这些紧张关系,存在于巴西这个古老大都市的学术空间,加强了我们所说的“非殖民觉醒”。
本文章由计算机程序翻译,如有差异,请以英文原文为准。
(Des)Colonialidade Linguística e Interculturalidade nas Duas Principais Rotas da Mobilidade Estudantil Brasileira
Embora frequentar universidades em Portugal e nos Estados Unidos seja ainda um privilégio para quem vem de famílias brasileiras com elevado capital econômico, políticas para o fomento da internacionalização têm levado, na última década, a uma intensificação e diversificação desses fluxos de mobilidade estudantil. Guiando-nos pelos estudos descoloniais, apresentamos, neste artigo, uma análise da interseccionalidade de raça e domínio de língua inglesa de estudantes de nacionalidade brasileira em Portugal e nos Estados Unidos. Os resultados referem duas investigações empíricas realizadas entre 2013 e 2020, e apontam que estudantes negras/os, participantes do mesmo programa de mobilidade com bolsas de estudo nestes dois países, apresentaram menor proficiência em inglês em comparação com bolsistas brancas/os. Em contrapartida, estudantes de uma elite econômica branca não indicaram a insuficiência no domínio de inglês como fator de decisão pela escolha de Portugal. A nosso ver, essas assimetrias devem ser percebidas e problematizadas a partir da colonialidade no ensino de inglês no Brasil que, no espaço de educação internacional, tem limitado escolhas e (re)produzido desigualdades. Todavia, nos tempos pandêmicos que apressam a transição para a mobilidade virtual, a maior diversidade étnico-racial e amplitude socioeconômica da mobilidade estudantil do Brasil para universidades portuguesas suscita outras e mais aprofundadas reflexões sobre as interações interculturais (presenciais) que resultam desses deslocamentos. As experiências de estudar em Portugal têm sido marcadas por alguns desencontros linguísticos, a exemplo dos imaginários de um subalterno português brasileiro e de um superior português de Portugal. Os constrangimentos que resultam dessas (in)comunicações interculturais entre estudantes do Brasil e de Portugal podem ser explicados, pelo menos em parte, pela reverberação, na contemporaneidade, da colonialidade do ensino da língua portuguesa nos dois países. Vamos argumentar que essas tensões, presentes em espaços acadêmicos da antiga metrópole do Brasil, potencializam o que temos designado de “despertar descolonial”.
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