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Método: A etnografia foi escolhida para compreender um mundo em que as práticas alimentares só podem ser apreendidas em seus significados locais. Resultados: Os Guarani categorizam os alimentos em “mortos” (os que foram comprados nos mercados e enfraquecem os corpos) e “vivos” (os extraídos da natureza que os fortalecem). Entre os “vivos” existe o avaxi etei (‘milho verdadeiro’), dádiva de Nhanderu (‘Nosso Pai’, divindade) e base da alimentação tradicional; entre os “mortos”, estão os ultraprocessados. Conclusão: Ao analisar os dados, pondera-se mau uso de gerência pública com distribuição inadequada de fórmulas infantis, invisibilidade política e alimentação escolar sem afinidade com a alimentação tradicional. 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Segurança Alimentar e nutricional na Tekoa Pyau, aldeia guarani do município de São Paulo
Introdução: Os Guarani da Tekoa Pyau, aldeia localizada no município de São Paulo, estão confinados em uma pequena área ameaçada por disputas territoriais e com intensa urbanização no entorno. Esses fatores dificultam as atividades tradicionais e permitem afluxo crescente de pessoas e mercadorias da cidade, fazendo com que a vida na aldeia não prescinda de produtos industrializados, afetando questões políticas, ambientais, econômicas, espirituais, sociais e de saúde. As compreensões sociocosmológicas que orientam saberes e práticas relacionadas à alimentação no contexto podem ser potentes ferramentas de promoção de alianças entre sistemas próprios de alimentação e a política nacional. Objetivo: Debater Segurança Alimentar e Nutricional com interface das políticas públicas na aldeia e realizar proposições para sua efetividade. Método: A etnografia foi escolhida para compreender um mundo em que as práticas alimentares só podem ser apreendidas em seus significados locais. Resultados: Os Guarani categorizam os alimentos em “mortos” (os que foram comprados nos mercados e enfraquecem os corpos) e “vivos” (os extraídos da natureza que os fortalecem). Entre os “vivos” existe o avaxi etei (‘milho verdadeiro’), dádiva de Nhanderu (‘Nosso Pai’, divindade) e base da alimentação tradicional; entre os “mortos”, estão os ultraprocessados. Conclusão: Ao analisar os dados, pondera-se mau uso de gerência pública com distribuição inadequada de fórmulas infantis, invisibilidade política e alimentação escolar sem afinidade com a alimentação tradicional. Para construir políticas públicas, é importante considerar o vínculo entre a alimentação e a cosmologia e compreender as práticas de saúde dos Guarani.