{"title":"抵抗,死亡政治和复仇的幻想- Bacurau (2019), Kleber mendonca Filho和Juliano Dornelles","authors":"Caroline Overhoff Ferreira, José Lingna Nafafé","doi":"10.22475/rebeca.v10n2.719","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Bacurau (BACURAU, 2019) de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles foi o filme brasileiro mais polêmico de 2019. Estreou no Festival de Cannes 2019 onde obteve o Prêmio especial do Júri e depois ganhou mais distinções nacionais e internacionais. Foi elogiado e criticado como filme de resistência contra o atual governo de Bolsonaro, seu discurso sexista, racista e homofóbico. Este artigo procura analisar três aspetos centrais do filme: 1) a maneira como se dá essa resistência contra os invasores norte-americanos que utilizam o povoado de Bacurau para um videogame real, valendo-se de sua população como alvos vivos; 2) o emprego da necropolítica, que possui historicamente uma dimensão mais violenta no Brasil devido ao trafico de escravizados e à escravidão, e que está atrás da venda da vila pelo prefeito Tony Júnior; e 3), a fantasia de vingança relativamente à essa opressão e à qual o filme dá expressão por meio de um banho de sangue violento quando o povoado se defende contra os invasores. O maior objetivo deste artigo e da analise desses aspetos consiste em compreender se o filme contribui para o debate sobre racismo no Brasil, no sentido de promover a discussão acerca da necessária decolonização das mentes para enfrentar o fundamental problema da desigualdade nacional e de seu ainda vigente poder colonial, ou se é apenas uma válvula de escape para as frustrações políticas, oferecendo um momento catártico muito pontual aos espectadores.","PeriodicalId":325217,"journal":{"name":"Rebeca - Revista Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual","volume":"96 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2022-01-27","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"1","resultStr":"{\"title\":\"Resistência, necropolítica e fantasias de vingança – Bacurau (2019), de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles\",\"authors\":\"Caroline Overhoff Ferreira, José Lingna Nafafé\",\"doi\":\"10.22475/rebeca.v10n2.719\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"Bacurau (BACURAU, 2019) de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles foi o filme brasileiro mais polêmico de 2019. Estreou no Festival de Cannes 2019 onde obteve o Prêmio especial do Júri e depois ganhou mais distinções nacionais e internacionais. Foi elogiado e criticado como filme de resistência contra o atual governo de Bolsonaro, seu discurso sexista, racista e homofóbico. Este artigo procura analisar três aspetos centrais do filme: 1) a maneira como se dá essa resistência contra os invasores norte-americanos que utilizam o povoado de Bacurau para um videogame real, valendo-se de sua população como alvos vivos; 2) o emprego da necropolítica, que possui historicamente uma dimensão mais violenta no Brasil devido ao trafico de escravizados e à escravidão, e que está atrás da venda da vila pelo prefeito Tony Júnior; e 3), a fantasia de vingança relativamente à essa opressão e à qual o filme dá expressão por meio de um banho de sangue violento quando o povoado se defende contra os invasores. O maior objetivo deste artigo e da analise desses aspetos consiste em compreender se o filme contribui para o debate sobre racismo no Brasil, no sentido de promover a discussão acerca da necessária decolonização das mentes para enfrentar o fundamental problema da desigualdade nacional e de seu ainda vigente poder colonial, ou se é apenas uma válvula de escape para as frustrações políticas, oferecendo um momento catártico muito pontual aos espectadores.\",\"PeriodicalId\":325217,\"journal\":{\"name\":\"Rebeca - Revista Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual\",\"volume\":\"96 1\",\"pages\":\"0\"},\"PeriodicalIF\":0.0000,\"publicationDate\":\"2022-01-27\",\"publicationTypes\":\"Journal Article\",\"fieldsOfStudy\":null,\"isOpenAccess\":false,\"openAccessPdf\":\"\",\"citationCount\":\"1\",\"resultStr\":null,\"platform\":\"Semanticscholar\",\"paperid\":null,\"PeriodicalName\":\"Rebeca - Revista Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual\",\"FirstCategoryId\":\"1085\",\"ListUrlMain\":\"https://doi.org/10.22475/rebeca.v10n2.719\",\"RegionNum\":0,\"RegionCategory\":null,\"ArticlePicture\":[],\"TitleCN\":null,\"AbstractTextCN\":null,\"PMCID\":null,\"EPubDate\":\"\",\"PubModel\":\"\",\"JCR\":\"\",\"JCRName\":\"\",\"Score\":null,\"Total\":0}","platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Rebeca - Revista Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.22475/rebeca.v10n2.719","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
Resistência, necropolítica e fantasias de vingança – Bacurau (2019), de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles
Bacurau (BACURAU, 2019) de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles foi o filme brasileiro mais polêmico de 2019. Estreou no Festival de Cannes 2019 onde obteve o Prêmio especial do Júri e depois ganhou mais distinções nacionais e internacionais. Foi elogiado e criticado como filme de resistência contra o atual governo de Bolsonaro, seu discurso sexista, racista e homofóbico. Este artigo procura analisar três aspetos centrais do filme: 1) a maneira como se dá essa resistência contra os invasores norte-americanos que utilizam o povoado de Bacurau para um videogame real, valendo-se de sua população como alvos vivos; 2) o emprego da necropolítica, que possui historicamente uma dimensão mais violenta no Brasil devido ao trafico de escravizados e à escravidão, e que está atrás da venda da vila pelo prefeito Tony Júnior; e 3), a fantasia de vingança relativamente à essa opressão e à qual o filme dá expressão por meio de um banho de sangue violento quando o povoado se defende contra os invasores. O maior objetivo deste artigo e da analise desses aspetos consiste em compreender se o filme contribui para o debate sobre racismo no Brasil, no sentido de promover a discussão acerca da necessária decolonização das mentes para enfrentar o fundamental problema da desigualdade nacional e de seu ainda vigente poder colonial, ou se é apenas uma válvula de escape para as frustrações políticas, oferecendo um momento catártico muito pontual aos espectadores.