Fabiano Chagas Rabêlo, Reginaldo Rodrigues Dias, Karla Patrícia Holanda Martins
{"title":"来自巴西阿西斯的贝拉·里约热内卢·贝拉·维达的女性与代际传播","authors":"Fabiano Chagas Rabêlo, Reginaldo Rodrigues Dias, Karla Patrícia Holanda Martins","doi":"10.5020/23590777.RS.V20I3.E9537","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Partindo da assertiva de que a realização do feminino não se limita à identificação às insígnias fálicas, comenta-se o livro Beira rio beira vida de Assis Brasil. Reconhece-se que cada uma das personagens da história – avó, mãe e filha – confronta-se com o desafio de desenvolver uma forma própria de se tornar mulher, valendo-se, para tanto, dos significantes e semblantes que lhes chegam da linhagem familiar. Defende-se que a sobredeterminação dos enunciados de Luíza e as respostas lacônicas, opacas e evasivas de Mundoca incitam uma tomada de posição ética e política do leitor diante do enigma do feminino e da transmissão intergeracional da maldição familiar, tal como é designada a prostituição no livro. Conclui-se que a prostituição não é um destino inexorável para as personagens e que Mundoca, a terceira geração, não transparece uma posição subjetiva nítida, o que dá margens para se conjecturar diferentes possibilidades de realização do legado familiar. Identifica-se, por sua vez, do lado de Luíza e Cremilda, a invenção de alguns semblantes que podem ter servido de barreira à devastação e ao agravamento de algumas situações de vulnerabilidade psíquica. Ao final, destaca-se a importância de determinados arranjos em torno do feminino que acompanham algumas experiências de sofrimento em mulheres, considerando os possíveis destinos da transmissão familiar. Cita-se, como exemplo disso, o trabalho de perlaboração por Luíza de seu devir feminino e de seu lugar na linhagem de mulheres que acompanha a costura das roupas da boneca Ceci. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, não sistemática, que interroga as vicissitudes do feminino e da transmissão a partir do diálogo da psicanálise com a literatura, em interlocução com estudos de gênero, culturais e literários.","PeriodicalId":296766,"journal":{"name":"Revista Subjetividades","volume":"23 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2020-12-23","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"Feminino e Transmissão Geracional em Beira rio beira vida, de Assis Brasil\",\"authors\":\"Fabiano Chagas Rabêlo, Reginaldo Rodrigues Dias, Karla Patrícia Holanda Martins\",\"doi\":\"10.5020/23590777.RS.V20I3.E9537\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"Partindo da assertiva de que a realização do feminino não se limita à identificação às insígnias fálicas, comenta-se o livro Beira rio beira vida de Assis Brasil. Reconhece-se que cada uma das personagens da história – avó, mãe e filha – confronta-se com o desafio de desenvolver uma forma própria de se tornar mulher, valendo-se, para tanto, dos significantes e semblantes que lhes chegam da linhagem familiar. Defende-se que a sobredeterminação dos enunciados de Luíza e as respostas lacônicas, opacas e evasivas de Mundoca incitam uma tomada de posição ética e política do leitor diante do enigma do feminino e da transmissão intergeracional da maldição familiar, tal como é designada a prostituição no livro. Conclui-se que a prostituição não é um destino inexorável para as personagens e que Mundoca, a terceira geração, não transparece uma posição subjetiva nítida, o que dá margens para se conjecturar diferentes possibilidades de realização do legado familiar. Identifica-se, por sua vez, do lado de Luíza e Cremilda, a invenção de alguns semblantes que podem ter servido de barreira à devastação e ao agravamento de algumas situações de vulnerabilidade psíquica. Ao final, destaca-se a importância de determinados arranjos em torno do feminino que acompanham algumas experiências de sofrimento em mulheres, considerando os possíveis destinos da transmissão familiar. Cita-se, como exemplo disso, o trabalho de perlaboração por Luíza de seu devir feminino e de seu lugar na linhagem de mulheres que acompanha a costura das roupas da boneca Ceci. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, não sistemática, que interroga as vicissitudes do feminino e da transmissão a partir do diálogo da psicanálise com a literatura, em interlocução com estudos de gênero, culturais e literários.\",\"PeriodicalId\":296766,\"journal\":{\"name\":\"Revista Subjetividades\",\"volume\":\"23 1\",\"pages\":\"0\"},\"PeriodicalIF\":0.0000,\"publicationDate\":\"2020-12-23\",\"publicationTypes\":\"Journal Article\",\"fieldsOfStudy\":null,\"isOpenAccess\":false,\"openAccessPdf\":\"\",\"citationCount\":\"0\",\"resultStr\":null,\"platform\":\"Semanticscholar\",\"paperid\":null,\"PeriodicalName\":\"Revista Subjetividades\",\"FirstCategoryId\":\"1085\",\"ListUrlMain\":\"https://doi.org/10.5020/23590777.RS.V20I3.E9537\",\"RegionNum\":0,\"RegionCategory\":null,\"ArticlePicture\":[],\"TitleCN\":null,\"AbstractTextCN\":null,\"PMCID\":null,\"EPubDate\":\"\",\"PubModel\":\"\",\"JCR\":\"\",\"JCRName\":\"\",\"Score\":null,\"Total\":0}","platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Revista Subjetividades","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.5020/23590777.RS.V20I3.E9537","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
Feminino e Transmissão Geracional em Beira rio beira vida, de Assis Brasil
Partindo da assertiva de que a realização do feminino não se limita à identificação às insígnias fálicas, comenta-se o livro Beira rio beira vida de Assis Brasil. Reconhece-se que cada uma das personagens da história – avó, mãe e filha – confronta-se com o desafio de desenvolver uma forma própria de se tornar mulher, valendo-se, para tanto, dos significantes e semblantes que lhes chegam da linhagem familiar. Defende-se que a sobredeterminação dos enunciados de Luíza e as respostas lacônicas, opacas e evasivas de Mundoca incitam uma tomada de posição ética e política do leitor diante do enigma do feminino e da transmissão intergeracional da maldição familiar, tal como é designada a prostituição no livro. Conclui-se que a prostituição não é um destino inexorável para as personagens e que Mundoca, a terceira geração, não transparece uma posição subjetiva nítida, o que dá margens para se conjecturar diferentes possibilidades de realização do legado familiar. Identifica-se, por sua vez, do lado de Luíza e Cremilda, a invenção de alguns semblantes que podem ter servido de barreira à devastação e ao agravamento de algumas situações de vulnerabilidade psíquica. Ao final, destaca-se a importância de determinados arranjos em torno do feminino que acompanham algumas experiências de sofrimento em mulheres, considerando os possíveis destinos da transmissão familiar. Cita-se, como exemplo disso, o trabalho de perlaboração por Luíza de seu devir feminino e de seu lugar na linhagem de mulheres que acompanha a costura das roupas da boneca Ceci. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, não sistemática, que interroga as vicissitudes do feminino e da transmissão a partir do diálogo da psicanálise com a literatura, em interlocução com estudos de gênero, culturais e literários.