7号

Militares e Política, Marcelo Macedo Corrêa, A. Franco, Rodrigo Perez Oliveira
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For the Portuguese minister, an army had its value * Doutorando em História Militar (PPG/ECEME), Mestre em História Política (UFPR), Prêmio Tasso Fragoso 2004 e 2010 (Bibliex). E-mail: andresfranco@bol.com.br. 8 – André Luiz dos Santos Franco Militares e Polít ica , n . o 7 ( jul . -dez. 2010) , p . 7 -22. marked out with buoys for the value of its officers and its commanders. Thus, the Real Military Academy was created in such a way as a former institute of officers for the colonial army as an educational establishment of engineering. Throughout this article, the fact of the Real Academy is disclosed to have the double mission to take care of to the military necessities and the propagandas of the civil public services, therefore the colony needed a body of engineers capable to diminish the distances and to increase its power infrastructure. The birth of this military dichotomy between formations and engineering inside of the same warlike educational establishment impregnated the rows of the Brazilian Army for more than a century, justifying the relevance of the study of this thematic one in the military history of Portugal and of Brazil. Words-key: Real Military Academy, Rodrigo de Souza Coutinho, military structure. O passeio pela auto-reflexão do passado é certamente um assunto que pertence ao ofício de qualquer historiador. A elaboração de uma reflexão do sujeito cognoscente sobre si se efetiva na correlação com o objeto primário do pensamento: a própria história. A partir desta assertiva, defende-se uma reflexão sobre a gênese do universo bacharelesco que deu origem ao longo caminho da construção identitária da elite militar brasileira, atrelada à influência da cultura militar da metrópole portuguesa na formação e estruturação do pensamento belicista do Exército Brasileiro. A vinda da família real para o Brasil marcou definitivamente o destino da colônia portuguesa. O período foi de extremas mudanças e transformações. Os portos coloniais interditados ao mundo desde o descobrimento destas terras estavam finalmente abertos para o intercâmbio internacional. O príncipe D. João favoreceu a abertura de escolas que acabaram sendo fundamentais para a introdução e consolidação de novos hábitos de vida e comportamento que a sociedade colonial nunca sonhara. Nesse clima de euforia e de expectativas, várias categorias marginalizadas, dentro da esfera colonial, acabaram emergindo como novas forças sociais, numa silenciosa transformação de interesses e de ideias. Dentro desse quadro de alterações profundas na vida da colônia, uma categoria social começou seu longo processo de evolução e de organização nacional, onde os privilégios de uma elite acabaram sendo marcantes dentro dessa instituição armada – o Exército Brasileiro. Ao chegar ao Brasil, em 1808, D. João encontrou forças militares por demais frágeis para merecer o nome de Exército. Os corpos de tropa eram numericamente diminutos e pouco adestrados em qualquer mister, mostrando-se inexperientes na arte da A Gênese Cultura l da Real Academia Mil i tar Bras i le ira – 9 Militares e Polít ica , n . o 7 ( jul . -dez. 2010) , p . 7 -22. guerra. Também se caracterizavam pela fraca formação militar, por estarem precariamente armados e com sérios problemas de articulação e pouco ou nenhum sentido de conjunto, fundamentos básicos das organizações militares mais desenvolvidas daquele período. Com esse painel caótico, a Coroa portuguesa decidiu investir na melhoria de sua força militar na colônia americana. Essa decisão pode ser justificada pelas antigas pendências no estuário do Rio da Prata e pelos movimentos turbulentos nas colônias espanholas que sempre ameaçavam os domínios de Portugal na América. Assim, D. João tratou de garantir plenas condições de segurança, interna e externa, na nova terra. A D. Rodrigo de Souza Coutinho, ministro dos Negócios Estrangeiros e da Guerra, coube enfrentar os problemas da criação de um Exército. Ainda em Portugal, Coutinho já fazia ver ao Regente os perigos de uma política militar fraca e displicente. O advento da transmigração da família real para o Brasil fez aumentar o desejo, em Coutinho, de desenvolver e fortalecer o poderio militar da Coroa, principalmente na colônia americana. Para o ministro, um exército tinha seu valor balizado pela qualidade dos seus oficiais e dos seus comandantes. Na realidade, acreditava que a formação do quadro de oficiais era a peça fundamental de uma estrutura militar que a colônia precisava montar. Desta forma, D. Rodrigo de Souza Coutinho deu total importância à criação da Real Academia Militar (um dos órgãos mais importantes para a evolução militar), que seria “o fecho das providências a serem tomadas no sentido de reformar o Exército e dar-lhe disciplina e instrução”. Apesar das resistências advindas de Portugal, D. Rodrigo acabou aprovando o Estatuto da Real Academia Militar em quatro de dezembro de 1810. Já em 23 de abril de 1811, numa sala da chamada Casa do Trem, depois Arsenal de Guerra do Calabouço, começaram a ser ministradas as primeiras aulas que deram origem ao pensamento bacharelesco desse estabelecimento de ensino militar, caracterizado como sendo o modo 1 RÜSEN, Jörn. Razão histórica: teoria da história: fundamentos da ciência histórica. Tradução de: Estevão de Rezende Martins. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 2001, p. 25-26. 2 FROTA, Guilherme de Andréa. Uma visão panorâmica da história do Brasil. Rio de Janeiro: S/Ed, 1983, p. 176-179. 3 LIMA, Oliveira. D. João VI no Brasil. Rio de Janeiro: Topbooks, 1996, p. 187-191. 4 Ibidem, p. 254. 5 O documento que criou a Real Academia Militar foi a Carta-de-Lei de 04 de dezembro de 1810, segundo a qual instituía “uma Academia Militar na Corte e Cidade do Rio de Janeiro”. A referida carta ainda detalhava o primeiro Estatuto da Real Academia Militar. Ver BRASIL. Carta-de-Lei, de 04 de dezembro de 1810. Aprova a criação de uma Academia Militar na Corte. Rio de Janeiro: ms., 1810. Acervo da Biblioteca Nacional, seção de manuscritos. 10 – André Luiz dos Santos Franco Militares e Polít ica , n . o 7 ( jul . -dez. 2010) , p . 7 -22. de pensar (o ponto de vista) dos alunos militares que estavam muito mais interessados no título de bacharel (doutor ou mestre) do que no posto de oficial do Exército. D. Rodrigo Coutinho concebeu a Real Academia Militar como um instituto formador de oficiais para o Exército e de engenheiros para a colônia. Segundo sua visão, a escola deveria atender às necessidades militares e aos reclamos dos serviços públicos civis, pois as imensas distâncias da colônia exigiam a construção de estradas, os largos rios pediam pontes e o extenso litoral obrigava a existência de diversos portos, ou seja, a antiga colônia necessitava de um corpo de engenheiros capaz de diminuir as distâncias e aumentar o poder infraestrutural. Assim, a mesma escola deveria cuidar das técnicas da guerra militar e da outra guerra que se traduzia na construção de estradas, portos e canais. Essa configuração dúbia da Real Academia Militar estava alinhada com a orientação política defendida pelos reformistas ilustrados, qual seja, valorizar a formação de agentes integrados ao programa de reformas e de quadros funcionais da administração do “poderoso Império luso-brasileiro”. Analisando o Estatuto dessa Academia Militar, pode-se destacar esse conflito de maneira bastante clara. Dentre suas principais funções estavam a de formar oficiais de Infantaria, Cavalaria, Artilharia e oficiais engenheiros, inclusive oficiais engenheiros geógrafos e topógrafos, aptos não só para os misteres militares, como para a direção de trabalhos civis de minas, portos e canais. Ou seja, a Academia nascia com dupla destinação, seria escola militar e escola de engenharia, ao mesmo tempo. Tal fato pesou sobre sua estrutura e seu regime de ensino militar, sobrecarregando seu currículo. Essa dualidade de funções motivou severas críticas de vários setores do poder público. Louvada por uns, por outros apontada como causa de grandes males, a Academia teve força para se manter ao longo das inúmeras reformas realizadas durante o século XIX. O fato importante a ser destacado dentro dessa contradição foi a influência bacharelesca da engenharia sobre todo o corpo teórico do ensino militar e que somente começou a ser questionado a partir de 1874, quando a Escola Central foi transferida para o Ministério do Império, por meio do Decreto n. 5.529, de 17 de janeiro de 1874. 6 LYRA, Maria de Lourdes Viana. A utopia do poderoso Império. Rio de Janeiro: Sette Letras, 1994, p. 135-136. A Gênese Cultura l da Real Academia Mil i tar Bras i le ira – 11 Militares e Polít ica , n . o 7 ( jul . -dez. 2010) , p . 7 -22. Para uma melhor visualização dessa transferência, destaca-se um trecho do relatório do ministro da Guerra, o deputado João José de Oliveira Junqueira, de 1874. Segundo o referido documento, o artigo 263 do regulamento aprovado pelo Decreto 5529, de 17 de janeiro deste ano, transferiu para o Ministério do Império a Escola Central, na conformidade da autorização contida na Lei 2261, de 24 de maio de 1873. Comunicou-se ao referido Ministério, em 3 do mesmo mês, que passava a ficar sob sua jurisdição a","PeriodicalId":440728,"journal":{"name":"Bulletin d'Analyse Phénoménologique","volume":"4 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"1900-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"1","resultStr":"{\"title\":\"Numéro 7\",\"authors\":\"Militares e Política, Marcelo Macedo Corrêa, A. Franco, Rodrigo Perez Oliveira\",\"doi\":\"10.25518/1782-2041.912\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"The core thematic of this article rests in the influence of the Real Military Academy in the formation and structuring of the warmongering thought of the Brazilian Army. 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Words-key: Real Military Academy, Rodrigo de Souza Coutinho, military structure. O passeio pela auto-reflexão do passado é certamente um assunto que pertence ao ofício de qualquer historiador. A elaboração de uma reflexão do sujeito cognoscente sobre si se efetiva na correlação com o objeto primário do pensamento: a própria história. A partir desta assertiva, defende-se uma reflexão sobre a gênese do universo bacharelesco que deu origem ao longo caminho da construção identitária da elite militar brasileira, atrelada à influência da cultura militar da metrópole portuguesa na formação e estruturação do pensamento belicista do Exército Brasileiro. A vinda da família real para o Brasil marcou definitivamente o destino da colônia portuguesa. O período foi de extremas mudanças e transformações. Os portos coloniais interditados ao mundo desde o descobrimento destas terras estavam finalmente abertos para o intercâmbio internacional. O príncipe D. João favoreceu a abertura de escolas que acabaram sendo fundamentais para a introdução e consolidação de novos hábitos de vida e comportamento que a sociedade colonial nunca sonhara. Nesse clima de euforia e de expectativas, várias categorias marginalizadas, dentro da esfera colonial, acabaram emergindo como novas forças sociais, numa silenciosa transformação de interesses e de ideias. Dentro desse quadro de alterações profundas na vida da colônia, uma categoria social começou seu longo processo de evolução e de organização nacional, onde os privilégios de uma elite acabaram sendo marcantes dentro dessa instituição armada – o Exército Brasileiro. Ao chegar ao Brasil, em 1808, D. João encontrou forças militares por demais frágeis para merecer o nome de Exército. Os corpos de tropa eram numericamente diminutos e pouco adestrados em qualquer mister, mostrando-se inexperientes na arte da A Gênese Cultura l da Real Academia Mil i tar Bras i le ira – 9 Militares e Polít ica , n . o 7 ( jul . -dez. 2010) , p . 7 -22. guerra. Também se caracterizavam pela fraca formação militar, por estarem precariamente armados e com sérios problemas de articulação e pouco ou nenhum sentido de conjunto, fundamentos básicos das organizações militares mais desenvolvidas daquele período. Com esse painel caótico, a Coroa portuguesa decidiu investir na melhoria de sua força militar na colônia americana. Essa decisão pode ser justificada pelas antigas pendências no estuário do Rio da Prata e pelos movimentos turbulentos nas colônias espanholas que sempre ameaçavam os domínios de Portugal na América. Assim, D. João tratou de garantir plenas condições de segurança, interna e externa, na nova terra. A D. Rodrigo de Souza Coutinho, ministro dos Negócios Estrangeiros e da Guerra, coube enfrentar os problemas da criação de um Exército. Ainda em Portugal, Coutinho já fazia ver ao Regente os perigos de uma política militar fraca e displicente. O advento da transmigração da família real para o Brasil fez aumentar o desejo, em Coutinho, de desenvolver e fortalecer o poderio militar da Coroa, principalmente na colônia americana. Para o ministro, um exército tinha seu valor balizado pela qualidade dos seus oficiais e dos seus comandantes. Na realidade, acreditava que a formação do quadro de oficiais era a peça fundamental de uma estrutura militar que a colônia precisava montar. Desta forma, D. Rodrigo de Souza Coutinho deu total importância à criação da Real Academia Militar (um dos órgãos mais importantes para a evolução militar), que seria “o fecho das providências a serem tomadas no sentido de reformar o Exército e dar-lhe disciplina e instrução”. Apesar das resistências advindas de Portugal, D. Rodrigo acabou aprovando o Estatuto da Real Academia Militar em quatro de dezembro de 1810. Já em 23 de abril de 1811, numa sala da chamada Casa do Trem, depois Arsenal de Guerra do Calabouço, começaram a ser ministradas as primeiras aulas que deram origem ao pensamento bacharelesco desse estabelecimento de ensino militar, caracterizado como sendo o modo 1 RÜSEN, Jörn. Razão histórica: teoria da história: fundamentos da ciência histórica. Tradução de: Estevão de Rezende Martins. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 2001, p. 25-26. 2 FROTA, Guilherme de Andréa. Uma visão panorâmica da história do Brasil. Rio de Janeiro: S/Ed, 1983, p. 176-179. 3 LIMA, Oliveira. D. João VI no Brasil. Rio de Janeiro: Topbooks, 1996, p. 187-191. 4 Ibidem, p. 254. 5 O documento que criou a Real Academia Militar foi a Carta-de-Lei de 04 de dezembro de 1810, segundo a qual instituía “uma Academia Militar na Corte e Cidade do Rio de Janeiro”. A referida carta ainda detalhava o primeiro Estatuto da Real Academia Militar. Ver BRASIL. Carta-de-Lei, de 04 de dezembro de 1810. Aprova a criação de uma Academia Militar na Corte. Rio de Janeiro: ms., 1810. Acervo da Biblioteca Nacional, seção de manuscritos. 10 – André Luiz dos Santos Franco Militares e Polít ica , n . o 7 ( jul . -dez. 2010) , p . 7 -22. de pensar (o ponto de vista) dos alunos militares que estavam muito mais interessados no título de bacharel (doutor ou mestre) do que no posto de oficial do Exército. D. Rodrigo Coutinho concebeu a Real Academia Militar como um instituto formador de oficiais para o Exército e de engenheiros para a colônia. Segundo sua visão, a escola deveria atender às necessidades militares e aos reclamos dos serviços públicos civis, pois as imensas distâncias da colônia exigiam a construção de estradas, os largos rios pediam pontes e o extenso litoral obrigava a existência de diversos portos, ou seja, a antiga colônia necessitava de um corpo de engenheiros capaz de diminuir as distâncias e aumentar o poder infraestrutural. Assim, a mesma escola deveria cuidar das técnicas da guerra militar e da outra guerra que se traduzia na construção de estradas, portos e canais. Essa configuração dúbia da Real Academia Militar estava alinhada com a orientação política defendida pelos reformistas ilustrados, qual seja, valorizar a formação de agentes integrados ao programa de reformas e de quadros funcionais da administração do “poderoso Império luso-brasileiro”. Analisando o Estatuto dessa Academia Militar, pode-se destacar esse conflito de maneira bastante clara. Dentre suas principais funções estavam a de formar oficiais de Infantaria, Cavalaria, Artilharia e oficiais engenheiros, inclusive oficiais engenheiros geógrafos e topógrafos, aptos não só para os misteres militares, como para a direção de trabalhos civis de minas, portos e canais. Ou seja, a Academia nascia com dupla destinação, seria escola militar e escola de engenharia, ao mesmo tempo. Tal fato pesou sobre sua estrutura e seu regime de ensino militar, sobrecarregando seu currículo. Essa dualidade de funções motivou severas críticas de vários setores do poder público. Louvada por uns, por outros apontada como causa de grandes males, a Academia teve força para se manter ao longo das inúmeras reformas realizadas durante o século XIX. O fato importante a ser destacado dentro dessa contradição foi a influência bacharelesca da engenharia sobre todo o corpo teórico do ensino militar e que somente começou a ser questionado a partir de 1874, quando a Escola Central foi transferida para o Ministério do Império, por meio do Decreto n. 5.529, de 17 de janeiro de 1874. 6 LYRA, Maria de Lourdes Viana. A utopia do poderoso Império. Rio de Janeiro: Sette Letras, 1994, p. 135-136. A Gênese Cultura l da Real Academia Mil i tar Bras i le ira – 11 Militares e Polít ica , n . o 7 ( jul . -dez. 2010) , p . 7 -22. Para uma melhor visualização dessa transferência, destaca-se um trecho do relatório do ministro da Guerra, o deputado João José de Oliveira Junqueira, de 1874. Segundo o referido documento, o artigo 263 do regulamento aprovado pelo Decreto 5529, de 17 de janeiro deste ano, transferiu para o Ministério do Império a Escola Central, na conformidade da autorização contida na Lei 2261, de 24 de maio de 1873. 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引用次数: 1

摘要

皇室移民巴西的到来增加了库蒂尼奥发展和加强王室军事力量的愿望,尤其是在美国殖民地。对部长来说,军队的价值是由其军官和指挥官的素质决定的。事实上,他认为军官队伍的形成是殖民地需要建立的军事结构的基本组成部分。通过这种方式,D. Rodrigo de Souza Coutinho充分重视创建皇家军事学院(军事发展最重要的机构之一),这将是“为改革军队、给予纪律和指导而采取的措施的结束”。尽管来自葡萄牙的抵抗,D.罗德里戈最终在1810年12月4日批准了皇家军事学院的法令。早在1811年4月23日,在所谓的火车之家的一个房间里,也就是后来的地牢军火库里,第一批课程开始了,这导致了这个军事教育机构的学士学位思想,其特征是模式1 rusen, jorn。历史原因:历史理论:历史科学的基础。翻译过来就是:“我的意思是,我的意思是,我的意思是,我的意思是,我的意思是。巴西利亚:巴西利亚大学出版社,2001,第25-26页。2舰队,安德烈的威廉。巴西历史的全景。= =地理= =根据美国人口普查,该镇的土地面积为。利马,奥利维拉。约翰六世在巴西。= =地理= =根据美国人口普查,该镇的土地面积为。4同上,第254页。创建皇家军事学院的文件是1810年12月4日的宪章,根据该宪章,它建立了“在里约热内卢的法院和城市的军事学院”。这封信还详细说明了皇家军事学院的第一个法令。看到巴西。1810年12月4日的宪章。批准在法庭上建立军事学院。里约热内卢de Janeiro: ms., 1810。国家图书馆收藏,手稿部。10 - andre Luiz dos Santos Franco军事和政治,n。他的父亲是一名律师,母亲是一名律师。十。2010), p。-22。从军事学生的角度来看,他们对学士学位(博士或硕士)比对军官职位更感兴趣。D.罗德里戈·库蒂尼奥(D. Rodrigo Coutinho)将皇家军事学院设想为为军队和殖民地工程师培训军官的机构。第二视力,学校应该得到军事和民事reclamos公共服务的需求,因为许多殖民地的距离要求的建设道路,宽阔的河流桥梁使广泛的海岸港口的存在,也就是说,需要身体的前殖民地的工程师能够减少基础设施的距离,增加权力。因此,同一所学校应该处理军事战争和其他战争的技术,这些技术转化为道路、港口和运河的建设。皇家军事学院的这种可疑的结构与开明的改革者所捍卫的政治方向是一致的,即重视整合到改革计划中的代理人的形成,以及“强大的葡萄牙-巴西帝国”行政管理的职能框架。分析这所军事学院的地位,我们可以非常清楚地强调这场冲突。它的主要职能是培训步兵、骑兵、炮兵和工程军官,包括地理工程师和测量师,不仅适合军事任务,而且适合指导矿山、港口和运河的土木工程。也就是说,该学院生来就有双重使命,将同时成为一所军事学校和一所工程学校。这一事实影响了它的结构和军事教育制度,使其课程负担过重。这种双重职能引起了政府各部门的严厉批评。一些人称赞学院,另一些人则认为它是造成巨大灾难的原因,在19世纪进行的无数改革中,学院有力量维持自己。部署在这矛盾的重要事实是bacharelesca工程对全身的影响理论的军事教育,只有从1874年开始受到质疑,在学校被转移到中央帝国的部,通过n。5529年,1874年1月17日。6莱拉,卢尔德·维亚纳的玛丽亚。强大帝国的乌托邦。= =地理= =根据美国人口普查,该镇的土地面积为。《文化的起源》(the gender of the Cultura)是一部上映于1984年的美国喜剧电影,由大卫·林奇(david linch)编剧和导演。他的父亲是一名律师,母亲是一名律师。十。2010), p。-22。为了更好地理解这一转移,我们强调了战争部长joao jose de Oliveira Junqueira 1874年报告中的一段摘录。
本文章由计算机程序翻译,如有差异,请以英文原文为准。
Numéro 7
The core thematic of this article rests in the influence of the Real Military Academy in the formation and structuring of the warmongering thought of the Brazilian Army. The empirical bias for finding of such assertive one was grounded in the creation this Military Academy in “brasílicas” lands, in 1810, distinguishing the idiosyncrasies of its statutes and regulations, whose main objective was to project the power of the “lusitana” crown in its expressive colony. In this direction, the thought of the minister of the foreign affairs and the war of Portugal is approached, Rodrigo de Souza Coutinho, during its permanence in Brazil, when of the coming of the real family. Its main incumbency was to forge an army in the colony, as form to keep at the hands of the cut the monopoly of the violence. For the Portuguese minister, an army had its value * Doutorando em História Militar (PPG/ECEME), Mestre em História Política (UFPR), Prêmio Tasso Fragoso 2004 e 2010 (Bibliex). E-mail: andresfranco@bol.com.br. 8 – André Luiz dos Santos Franco Militares e Polít ica , n . o 7 ( jul . -dez. 2010) , p . 7 -22. marked out with buoys for the value of its officers and its commanders. Thus, the Real Military Academy was created in such a way as a former institute of officers for the colonial army as an educational establishment of engineering. Throughout this article, the fact of the Real Academy is disclosed to have the double mission to take care of to the military necessities and the propagandas of the civil public services, therefore the colony needed a body of engineers capable to diminish the distances and to increase its power infrastructure. The birth of this military dichotomy between formations and engineering inside of the same warlike educational establishment impregnated the rows of the Brazilian Army for more than a century, justifying the relevance of the study of this thematic one in the military history of Portugal and of Brazil. Words-key: Real Military Academy, Rodrigo de Souza Coutinho, military structure. O passeio pela auto-reflexão do passado é certamente um assunto que pertence ao ofício de qualquer historiador. A elaboração de uma reflexão do sujeito cognoscente sobre si se efetiva na correlação com o objeto primário do pensamento: a própria história. A partir desta assertiva, defende-se uma reflexão sobre a gênese do universo bacharelesco que deu origem ao longo caminho da construção identitária da elite militar brasileira, atrelada à influência da cultura militar da metrópole portuguesa na formação e estruturação do pensamento belicista do Exército Brasileiro. A vinda da família real para o Brasil marcou definitivamente o destino da colônia portuguesa. O período foi de extremas mudanças e transformações. Os portos coloniais interditados ao mundo desde o descobrimento destas terras estavam finalmente abertos para o intercâmbio internacional. O príncipe D. João favoreceu a abertura de escolas que acabaram sendo fundamentais para a introdução e consolidação de novos hábitos de vida e comportamento que a sociedade colonial nunca sonhara. Nesse clima de euforia e de expectativas, várias categorias marginalizadas, dentro da esfera colonial, acabaram emergindo como novas forças sociais, numa silenciosa transformação de interesses e de ideias. Dentro desse quadro de alterações profundas na vida da colônia, uma categoria social começou seu longo processo de evolução e de organização nacional, onde os privilégios de uma elite acabaram sendo marcantes dentro dessa instituição armada – o Exército Brasileiro. Ao chegar ao Brasil, em 1808, D. João encontrou forças militares por demais frágeis para merecer o nome de Exército. Os corpos de tropa eram numericamente diminutos e pouco adestrados em qualquer mister, mostrando-se inexperientes na arte da A Gênese Cultura l da Real Academia Mil i tar Bras i le ira – 9 Militares e Polít ica , n . o 7 ( jul . -dez. 2010) , p . 7 -22. guerra. Também se caracterizavam pela fraca formação militar, por estarem precariamente armados e com sérios problemas de articulação e pouco ou nenhum sentido de conjunto, fundamentos básicos das organizações militares mais desenvolvidas daquele período. Com esse painel caótico, a Coroa portuguesa decidiu investir na melhoria de sua força militar na colônia americana. Essa decisão pode ser justificada pelas antigas pendências no estuário do Rio da Prata e pelos movimentos turbulentos nas colônias espanholas que sempre ameaçavam os domínios de Portugal na América. Assim, D. João tratou de garantir plenas condições de segurança, interna e externa, na nova terra. A D. Rodrigo de Souza Coutinho, ministro dos Negócios Estrangeiros e da Guerra, coube enfrentar os problemas da criação de um Exército. Ainda em Portugal, Coutinho já fazia ver ao Regente os perigos de uma política militar fraca e displicente. O advento da transmigração da família real para o Brasil fez aumentar o desejo, em Coutinho, de desenvolver e fortalecer o poderio militar da Coroa, principalmente na colônia americana. Para o ministro, um exército tinha seu valor balizado pela qualidade dos seus oficiais e dos seus comandantes. Na realidade, acreditava que a formação do quadro de oficiais era a peça fundamental de uma estrutura militar que a colônia precisava montar. Desta forma, D. Rodrigo de Souza Coutinho deu total importância à criação da Real Academia Militar (um dos órgãos mais importantes para a evolução militar), que seria “o fecho das providências a serem tomadas no sentido de reformar o Exército e dar-lhe disciplina e instrução”. Apesar das resistências advindas de Portugal, D. Rodrigo acabou aprovando o Estatuto da Real Academia Militar em quatro de dezembro de 1810. Já em 23 de abril de 1811, numa sala da chamada Casa do Trem, depois Arsenal de Guerra do Calabouço, começaram a ser ministradas as primeiras aulas que deram origem ao pensamento bacharelesco desse estabelecimento de ensino militar, caracterizado como sendo o modo 1 RÜSEN, Jörn. Razão histórica: teoria da história: fundamentos da ciência histórica. Tradução de: Estevão de Rezende Martins. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 2001, p. 25-26. 2 FROTA, Guilherme de Andréa. Uma visão panorâmica da história do Brasil. Rio de Janeiro: S/Ed, 1983, p. 176-179. 3 LIMA, Oliveira. D. João VI no Brasil. Rio de Janeiro: Topbooks, 1996, p. 187-191. 4 Ibidem, p. 254. 5 O documento que criou a Real Academia Militar foi a Carta-de-Lei de 04 de dezembro de 1810, segundo a qual instituía “uma Academia Militar na Corte e Cidade do Rio de Janeiro”. A referida carta ainda detalhava o primeiro Estatuto da Real Academia Militar. Ver BRASIL. Carta-de-Lei, de 04 de dezembro de 1810. Aprova a criação de uma Academia Militar na Corte. Rio de Janeiro: ms., 1810. Acervo da Biblioteca Nacional, seção de manuscritos. 10 – André Luiz dos Santos Franco Militares e Polít ica , n . o 7 ( jul . -dez. 2010) , p . 7 -22. de pensar (o ponto de vista) dos alunos militares que estavam muito mais interessados no título de bacharel (doutor ou mestre) do que no posto de oficial do Exército. D. Rodrigo Coutinho concebeu a Real Academia Militar como um instituto formador de oficiais para o Exército e de engenheiros para a colônia. Segundo sua visão, a escola deveria atender às necessidades militares e aos reclamos dos serviços públicos civis, pois as imensas distâncias da colônia exigiam a construção de estradas, os largos rios pediam pontes e o extenso litoral obrigava a existência de diversos portos, ou seja, a antiga colônia necessitava de um corpo de engenheiros capaz de diminuir as distâncias e aumentar o poder infraestrutural. Assim, a mesma escola deveria cuidar das técnicas da guerra militar e da outra guerra que se traduzia na construção de estradas, portos e canais. Essa configuração dúbia da Real Academia Militar estava alinhada com a orientação política defendida pelos reformistas ilustrados, qual seja, valorizar a formação de agentes integrados ao programa de reformas e de quadros funcionais da administração do “poderoso Império luso-brasileiro”. Analisando o Estatuto dessa Academia Militar, pode-se destacar esse conflito de maneira bastante clara. Dentre suas principais funções estavam a de formar oficiais de Infantaria, Cavalaria, Artilharia e oficiais engenheiros, inclusive oficiais engenheiros geógrafos e topógrafos, aptos não só para os misteres militares, como para a direção de trabalhos civis de minas, portos e canais. Ou seja, a Academia nascia com dupla destinação, seria escola militar e escola de engenharia, ao mesmo tempo. Tal fato pesou sobre sua estrutura e seu regime de ensino militar, sobrecarregando seu currículo. Essa dualidade de funções motivou severas críticas de vários setores do poder público. Louvada por uns, por outros apontada como causa de grandes males, a Academia teve força para se manter ao longo das inúmeras reformas realizadas durante o século XIX. O fato importante a ser destacado dentro dessa contradição foi a influência bacharelesca da engenharia sobre todo o corpo teórico do ensino militar e que somente começou a ser questionado a partir de 1874, quando a Escola Central foi transferida para o Ministério do Império, por meio do Decreto n. 5.529, de 17 de janeiro de 1874. 6 LYRA, Maria de Lourdes Viana. A utopia do poderoso Império. Rio de Janeiro: Sette Letras, 1994, p. 135-136. A Gênese Cultura l da Real Academia Mil i tar Bras i le ira – 11 Militares e Polít ica , n . o 7 ( jul . -dez. 2010) , p . 7 -22. Para uma melhor visualização dessa transferência, destaca-se um trecho do relatório do ministro da Guerra, o deputado João José de Oliveira Junqueira, de 1874. Segundo o referido documento, o artigo 263 do regulamento aprovado pelo Decreto 5529, de 17 de janeiro deste ano, transferiu para o Ministério do Império a Escola Central, na conformidade da autorização contida na Lei 2261, de 24 de maio de 1873. Comunicou-se ao referido Ministério, em 3 do mesmo mês, que passava a ficar sob sua jurisdição a
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