伯南布哥afoxes的黑人经历

Renata Do Amaral Mesquita
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Essa manifestação tem em seu surgimento, uma ligação com o Movimento Negro Unificado, segundo aponta Monteiro (2008), Ivaldo (2009) e Souza (2016), no sentido de uma organização política negra, de luta, resistência e valorização do povo negro. De acordo com a tradição, o afoxé é fundado por uma Yalorixá (mãe de santo) ou um Babalorixá (pai de santo), pessoas que zelam pelo orixá, tendo cada afoxé um orixá patrono que traz consigo uma força ancestral. Dessa forma, todos os afoxés se desenvolvem a partir desse referencial, o Orixá, que rege e direciona os caminhos a serem seguidos, tal como: as cores, os cânticos que o evocam e exaltam; a vestimenta e, conseguinte, toda uma estética negra conforme a linhagem do orixá. Os grupos são compostos por integrantes que tem uma ligação religiosa com o terreiro, mas também por admiradores e/ou simpatizantes chamados de desfilantes que saem apenas no período do carnaval; ou ainda os que não tem nenhuma ligação com o terreiro, mas fazem parte do afoxé. Vale ressaltar que o candomblé e por conseguinte os afoxés, sãos espaços que aceitam e recebem o outro independente da cor/raça, etnia, orientação sexual, possibilitando que as pessoas adentrem nesse universo religioso e cultural, que perpassa gerações.No tocante às mulheres negras, diante de um modelo ocidental, branco e europeu de padronização dos corpos, do ser e do saber, o afoxé enquanto movimento cultural, religioso e político tem seu papel na desconstrução de estereótipos, bem como na afirmação da auto-identificação das mulheres como negras. Nessa perspectiva, uma vez que a cor da pele seja um elemento determinante na sociedade brasileira, Piedade (2017) aponta que a população negra e mais especificamente as mulheres negras, estão inseridas em um contexto de opressões, violências, racismo, sexismo e feminicídio. Todavia, os indivíduos e  grupos sociais possuem suas próprias dinâmicas e estratégias para questionar as estruturas e a lógica do sistema em que vivem.Dessa forma, os afoxés, possuem como bandeira maior a luta contra o racismo e todas as formas de opressões, sendo esses espaços de fortalecimento, troca e partilha. Nesses espaços, as mulheres negras transfiguram a dor do racismo que adoece e silencia, na possibilidade de luta através do canto, do corpo, da dança, da memória ancestral e da musicalidade.Nesse sentido, o registro imagético foi realizado em março de 2019, durante o Encontro de Afoxés realizado anualmente no Pátio do Terço, local de grande importância para a memória da cultura negra, no tocante, às tradições ligadas principalmente ao culto do candomblé, bem como o surgimento dos primeiros terreiros nagôs liderados pelas Yalorixás: Tia Eugênia, Dona Sinhá, Dona Iaiá e Tia Badia.Palavras-chave:  Gênero, Raça, Identidade, Afoxé.","PeriodicalId":282576,"journal":{"name":"AntHropológicas Visual","volume":"130 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2019-09-19","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"Vivências negras nos Afoxés em Pernambuco\",\"authors\":\"Renata Do Amaral Mesquita\",\"doi\":\"10.51359/2526-3781.2019.241781\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"O trabalho em questão apresenta um recorte narrativo de acontecimentos a partir do olhar de uma mulher negra e integrante de afoxé. 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摘要

该作品从一个黑人女性和afoxe成员的角度呈现了事件的叙事剪辑。这些照片纪实记录来自于一项实地研究,该研究旨在调查黑人女性的自我主张和种族赋权过程,考虑到她们在累西腓大都市地区afoxes的经历和轨迹。afoxe的特点是伯南布哥的一种黑人文化表现形式,通常被brincantes称为“candomble de rua”,因为它起源于非洲起源的宗教,更具体地说,在candomble。在约鲁巴语中,“afoke”一词的意思是“使事情发生的话语”。根据作者antonio riserio和Carneiro的说法,afoxe起源于刚果国王的古老宫廷。蒙泰罗(2008)、伊瓦尔多(2009)和索萨(2016)指出,这种表现形式与统一的黑人运动有联系,因为它是一个黑人政治组织,致力于黑人人民的斗争、抵抗和欣赏。根据传统,afoxe是由yalorixa(圣人的母亲)或babalorixa(圣人的父亲)建立的,他们守护着orixa,每个afoxe都有一个orixa赞助人,他带来了祖先的力量。因此,所有的afoxes都是从这个参考发展而来的,orixa,它支配和指导要遵循的路径,如:颜色,唤起和提升它的歌曲;服装,因此,整个黑色美学符合orixa的血统。这些团体由与庭院有宗教联系的成员组成,但也有仰慕者和/或同情者,他们被称为游行,只在狂欢节期间离开;或者是那些与土地没有联系,但属于afoxe的人。值得注意的是,candomble和afoxes是接受和接受他人的空间,无论肤色/种族、民族、性取向,使人们能够进入这个跨越几代人的宗教和文化宇宙。关于黑人女性,面对西方、白人和欧洲的身体、存在和知识标准化模式,afoxe作为一种文化、宗教和政治运动,在解构刻板印象和肯定女性作为黑人的自我认同方面发挥着作用。从这个角度来看,由于肤色是巴西社会的决定性因素,Piedade(2017)指出,黑人人口,更具体地说,黑人女性,被插入到压迫、暴力、种族主义、性别歧视和杀害女性的背景中。然而,个人和社会群体有自己的动力和策略来质疑他们所生活的系统的结构和逻辑。因此,afoxes的主要旗帜是反对种族主义和各种形式的压迫,这些空间是加强、交流和分享的空间。在这些空间中,黑人女性通过唱歌、身体、舞蹈、祖先的记忆和音乐性来改变疾病和沉默的种族主义痛苦。imagético记录,实现了在2019年3月,在Afoxés的会议每年举行一次在院子里的1/3,重要的地方的记忆,在黑人文化传统,主要是崇拜的开拓者,出现第一第三约鲁巴语的Yalorixás:阿姨阿姨情妇尤金妮亚桑夫人Iaiá环境。关键词:性别,种族,身份,afoxe。
本文章由计算机程序翻译,如有差异,请以英文原文为准。
Vivências negras nos Afoxés em Pernambuco
O trabalho em questão apresenta um recorte narrativo de acontecimentos a partir do olhar de uma mulher negra e integrante de afoxé. O registro foto-documental surgiu a partir de uma pesquisa de campo que buscou investigar os processos de autoafirmação e fortalecimento racial de mulheres negras, considerando suas vivências e trajetórias nos afoxés da região metropolitana do Recife/PE. O afoxé se caracteriza como uma manifestação cultural negra em Pernambuco, popularmente conhecido pelos brincantes como “Candomblé de rua”, uma vez que tem suas raízes na religião de matriz africana, mais especificamente no Candomblé. Em yorubá, a palavra afoxé significa “o enunciado que faz acontecer”. Segundo os autores Antônio Risério e Carneiro, o afoxé tem suas origens nos antigos cortejos dos Reis do Congo. Essa manifestação tem em seu surgimento, uma ligação com o Movimento Negro Unificado, segundo aponta Monteiro (2008), Ivaldo (2009) e Souza (2016), no sentido de uma organização política negra, de luta, resistência e valorização do povo negro. De acordo com a tradição, o afoxé é fundado por uma Yalorixá (mãe de santo) ou um Babalorixá (pai de santo), pessoas que zelam pelo orixá, tendo cada afoxé um orixá patrono que traz consigo uma força ancestral. Dessa forma, todos os afoxés se desenvolvem a partir desse referencial, o Orixá, que rege e direciona os caminhos a serem seguidos, tal como: as cores, os cânticos que o evocam e exaltam; a vestimenta e, conseguinte, toda uma estética negra conforme a linhagem do orixá. Os grupos são compostos por integrantes que tem uma ligação religiosa com o terreiro, mas também por admiradores e/ou simpatizantes chamados de desfilantes que saem apenas no período do carnaval; ou ainda os que não tem nenhuma ligação com o terreiro, mas fazem parte do afoxé. Vale ressaltar que o candomblé e por conseguinte os afoxés, sãos espaços que aceitam e recebem o outro independente da cor/raça, etnia, orientação sexual, possibilitando que as pessoas adentrem nesse universo religioso e cultural, que perpassa gerações.No tocante às mulheres negras, diante de um modelo ocidental, branco e europeu de padronização dos corpos, do ser e do saber, o afoxé enquanto movimento cultural, religioso e político tem seu papel na desconstrução de estereótipos, bem como na afirmação da auto-identificação das mulheres como negras. Nessa perspectiva, uma vez que a cor da pele seja um elemento determinante na sociedade brasileira, Piedade (2017) aponta que a população negra e mais especificamente as mulheres negras, estão inseridas em um contexto de opressões, violências, racismo, sexismo e feminicídio. Todavia, os indivíduos e  grupos sociais possuem suas próprias dinâmicas e estratégias para questionar as estruturas e a lógica do sistema em que vivem.Dessa forma, os afoxés, possuem como bandeira maior a luta contra o racismo e todas as formas de opressões, sendo esses espaços de fortalecimento, troca e partilha. Nesses espaços, as mulheres negras transfiguram a dor do racismo que adoece e silencia, na possibilidade de luta através do canto, do corpo, da dança, da memória ancestral e da musicalidade.Nesse sentido, o registro imagético foi realizado em março de 2019, durante o Encontro de Afoxés realizado anualmente no Pátio do Terço, local de grande importância para a memória da cultura negra, no tocante, às tradições ligadas principalmente ao culto do candomblé, bem como o surgimento dos primeiros terreiros nagôs liderados pelas Yalorixás: Tia Eugênia, Dona Sinhá, Dona Iaiá e Tia Badia.Palavras-chave:  Gênero, Raça, Identidade, Afoxé.
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