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Inacabado e Outras Permanências: Considerações Sobre um X de Carmela Gross
Propõe-se, neste artigo, apresentar o inacabado como elemento significativo da obra Um X de Carmela Gross. Nesse sentido, o texto oferece exemplos e reflexões em torno do que caracteriza uma obra de arte acabada ou inacabada ao longo da história da arte, destacando o reenquadramento da questão no contexto contemporâneo, sobretudo a partir dos anos 1960/70. Sustenta-se que a incompletude da proposta de Gross reverbera aspectos políticos e culturais dos períodos em que ocorreu, ou seja, 1968/69 (auge da ditadura militar no Brasil), data em que o trabalho foi projetado, e 2018, quando foi exposto, inconcluso, na mostra AI-5 50 anos: ainda não terminou de acabar (Instituto Tomie Ohtake, São Paulo). Tal argumento é desenvolvido mediante a aproximação entre Um X e um retrato que a pintora estadunidense Alice Neel não finalizou em razão da convocação de seu modelo à Guerra do Vietnã. A pintura de Neel, em seu estado incompleto, representa as vidas interrompidas pelo conflito; da mesma forma que a proposta inacabada de Gross invoca o contingente desconhecido de obras que não puderam existir em razão das insistentes e repetitivas repressões à criação artística no Brasil.