家庭在照顾小头症儿童方面的挑战和经验

Anna Sarah dos Santos Alencar, Jennifer Araújo Costa, Vitória de Sousa Lima Teixeira, Perpétua do Socorro Silva Costa
{"title":"家庭在照顾小头症儿童方面的挑战和经验","authors":"Anna Sarah dos Santos Alencar, Jennifer Araújo Costa, Vitória de Sousa Lima Teixeira, Perpétua do Socorro Silva Costa","doi":"10.55664/simaggens2022.022","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"INTRODUÇÃO: Em 2015, o Brasil se encontrava em uma situação inédita e preocupante: o aumento no número de casos de microcefalia. Em 2014, houve 162 ocorrências, aumentando para 1.608 no segundo semestre daquele ano. A microcefalia é caracterizada como uma condição em que a capacidade de desenvolvimento cerebral não ocorre de forma adequada e em 90% dos casos é acompanhada de alterações motoras, cognitivas e sensitivas, que variam de acordo com o grau do acometimento cerebral. O diagnóstico de microcefalia é difícil para as famílias que o recebem, e constitui o ponto de partida para uma nova realidade familiar, cercada de necessidades e incertezas situadas à particularidade de uma doença, cujos desdobramentos clínicos, sociais e políticos se descortinam gradativamente ao longo do tempo. OBJETIVO: Caracterizar o processo de adaptação e a vivência dos familiares frente aos cuidados de crianças com microcefalia. MÉTODOS: Revisão integrativa, realizada na Comunidade Acadêmica Federada (CAFe), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e PubMed. Os descritores utilizados foram “Microcefalia”, “família” e “cuidado” utilizando o operador booleano AND. Incluíram-se artigos completos, publicados em português e disponíveis nos últimos 5 anos. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Diante da chegada de um filho, a família é tomada por muita expectativa, entretanto, ao se depararem com o diagnóstico de microcefalia podem surgir os sentimentos de insegurança, raiva, choque, medo e tristeza. Algumas mães relataram passar por um sentimento de “luto” ao receberem o diagnóstico, a sensação de perda de um filho que havia sido idealizado saudável. Com o tempo e acompanhamento profissional, esse sentimento é preenchido pela aceitação e superação do “luto”. Muitas mulheres relatam que receberam o diagnóstico de forma desumanizada, não receberam o apoio necessário ou esclarecimento de dúvidas sobre as decisões que precisavam ser tomadas por elas a partir daquele momento. No entanto, foi possível encontrar profissionais humanizados que esclareceram as dúvidas da família e trouxeram esperança mesmo diante de tantas incertezas. Com o estudo foi possível perceber a mãe como a principal responsável pelo cuidado da criança, enfrentando muitas mudanças na sua vida e rotina, renunciando vida profissional e lazer para atender as necessidades do filho. Há ainda o aumento dos gastos financeiros, com transporte e despesas do tratamento. Além disso, muitas mães apresentam o medo de não estarem presentes na vida do filho futuramente e de como e por quem eles seriam cuidados. Sobre o apoio familiar, as mães relatam distanciamento dos familiares e receio em se responsabilizar no cuidado com as crianças, participando de forma indireta desse cuidado. Há também a mudança no comportamento dos pais, o relacionamento conjugal é afetado e em alguns casos o pai acaba abandonando a família por não conseguir lidar com a situação. CONCLUSÕES: Confrontar-se com o diagnóstico da microcefalia pressupõe lidar com uma nova realidade, tanto no que diz respeito a seus aspectos afetivos, quanto no que se refere a problemáticas concretas, como a peregrinação por diferentes serviços em busca de atendimento, a reconfiguração de projetos de vida, bem como os recursos lançados no enfrentamento a esta experiência e a estigmatização.","PeriodicalId":423616,"journal":{"name":"Do Micro ao Macro: Atuação dos profissionais de saúde à luz da genética e da genômica","volume":"16 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2022-09-03","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"DESAFIOS E VIVÊNCIAS DAS FAMILIAS FRENTE AO CUIDADO DE CRIANÇAS ACOMETIDAS COM MICROCEFALIA\",\"authors\":\"Anna Sarah dos Santos Alencar, Jennifer Araújo Costa, Vitória de Sousa Lima Teixeira, Perpétua do Socorro Silva Costa\",\"doi\":\"10.55664/simaggens2022.022\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"INTRODUÇÃO: Em 2015, o Brasil se encontrava em uma situação inédita e preocupante: o aumento no número de casos de microcefalia. 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摘要

简介:2015年,巴西发现自己处于一种前所未有且令人担忧的情况:小头症病例数量增加。2014年,共有162例,下半年增加到1608例。小头症的特征是大脑发育能力不能正常发生,90%的病例伴随着运动、认知和感觉的改变,这些改变根据大脑损伤的程度而不同。小头畸形的诊断是有不少的家庭来说,是一个家庭的起点新的现实,被包围的需求不确定性坐落在临床疾病的特殊性,其影响着政治、社会和descortinam逐渐随着时间的推移。摘要目的:探讨小头症儿童家庭护理的适应过程及经验。方法:在联邦学术社区(CAFe)、虚拟健康图书馆(vhl)和PubMed进行综合综述。使用的描述符是“小头症”、“家庭”和“关心”,使用布尔运算符和。包括过去5年用葡萄牙语发表的完整文章。结果与讨论:面对孩子的到来,家庭充满了期待,但面对小头症的诊断,可能会产生不安全感、愤怒、震惊、恐惧和悲伤。一些母亲报告说,在接受诊断时,她们经历了一种“悲伤”的感觉,一种失去原本健康的孩子的感觉。在时间和专业的陪伴下,这种感觉充满了对“悲伤”的接受和克服。许多妇女报告说,她们以非人化的方式接受诊断,没有得到必要的支持,也没有澄清她们从那一刻起需要作出的决定的疑问。然而,即使在如此多的不确定性面前,也有可能找到人性化的专业人士,他们澄清了家庭的疑虑,带来了希望。通过这项研究,我们可以看到母亲是照顾孩子的主要责任,在她的生活和日常生活中面临许多变化,放弃职业生活和休闲来满足孩子的需求。此外,交通和治疗费用的财政支出也在增加。此外,许多母亲担心她们将不再出现在孩子未来的生活中,以及她们将如何以及由谁照顾。在家庭支持方面,母亲们表示与家庭疏远,害怕承担照顾孩子的责任,间接参与照顾。父母的行为也会发生变化,婚姻关系也会受到影响,在某些情况下,父亲最终会因为无法处理这种情况而离开家庭。结论:面对小头畸形的诊断,进一步处理一个新的现实,无论是在情感方面,在对于具体的问题,如向往不同的搜索服务,生活服务,项目重组,资源投入在正常的经验和偏见。
本文章由计算机程序翻译,如有差异,请以英文原文为准。
DESAFIOS E VIVÊNCIAS DAS FAMILIAS FRENTE AO CUIDADO DE CRIANÇAS ACOMETIDAS COM MICROCEFALIA
INTRODUÇÃO: Em 2015, o Brasil se encontrava em uma situação inédita e preocupante: o aumento no número de casos de microcefalia. Em 2014, houve 162 ocorrências, aumentando para 1.608 no segundo semestre daquele ano. A microcefalia é caracterizada como uma condição em que a capacidade de desenvolvimento cerebral não ocorre de forma adequada e em 90% dos casos é acompanhada de alterações motoras, cognitivas e sensitivas, que variam de acordo com o grau do acometimento cerebral. O diagnóstico de microcefalia é difícil para as famílias que o recebem, e constitui o ponto de partida para uma nova realidade familiar, cercada de necessidades e incertezas situadas à particularidade de uma doença, cujos desdobramentos clínicos, sociais e políticos se descortinam gradativamente ao longo do tempo. OBJETIVO: Caracterizar o processo de adaptação e a vivência dos familiares frente aos cuidados de crianças com microcefalia. MÉTODOS: Revisão integrativa, realizada na Comunidade Acadêmica Federada (CAFe), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e PubMed. Os descritores utilizados foram “Microcefalia”, “família” e “cuidado” utilizando o operador booleano AND. Incluíram-se artigos completos, publicados em português e disponíveis nos últimos 5 anos. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Diante da chegada de um filho, a família é tomada por muita expectativa, entretanto, ao se depararem com o diagnóstico de microcefalia podem surgir os sentimentos de insegurança, raiva, choque, medo e tristeza. Algumas mães relataram passar por um sentimento de “luto” ao receberem o diagnóstico, a sensação de perda de um filho que havia sido idealizado saudável. Com o tempo e acompanhamento profissional, esse sentimento é preenchido pela aceitação e superação do “luto”. Muitas mulheres relatam que receberam o diagnóstico de forma desumanizada, não receberam o apoio necessário ou esclarecimento de dúvidas sobre as decisões que precisavam ser tomadas por elas a partir daquele momento. No entanto, foi possível encontrar profissionais humanizados que esclareceram as dúvidas da família e trouxeram esperança mesmo diante de tantas incertezas. Com o estudo foi possível perceber a mãe como a principal responsável pelo cuidado da criança, enfrentando muitas mudanças na sua vida e rotina, renunciando vida profissional e lazer para atender as necessidades do filho. Há ainda o aumento dos gastos financeiros, com transporte e despesas do tratamento. Além disso, muitas mães apresentam o medo de não estarem presentes na vida do filho futuramente e de como e por quem eles seriam cuidados. Sobre o apoio familiar, as mães relatam distanciamento dos familiares e receio em se responsabilizar no cuidado com as crianças, participando de forma indireta desse cuidado. Há também a mudança no comportamento dos pais, o relacionamento conjugal é afetado e em alguns casos o pai acaba abandonando a família por não conseguir lidar com a situação. CONCLUSÕES: Confrontar-se com o diagnóstico da microcefalia pressupõe lidar com uma nova realidade, tanto no que diz respeito a seus aspectos afetivos, quanto no que se refere a problemáticas concretas, como a peregrinação por diferentes serviços em busca de atendimento, a reconfiguração de projetos de vida, bem como os recursos lançados no enfrentamento a esta experiência e a estigmatização.
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