{"title":"性别对立还是互补?","authors":"Janaina de Alencar Ribeiro","doi":"10.52753/bis.v22i1.38623","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Considerando como correta a vinculação entre feminismo e Antropologia Social, especificamente o entendimento da opressão feminina e a pertinência de sua universalidade, as teóricas feministas, com o intuito de estruturar sua atuação política, paulatinamente acabaram por apropriar-se dos resultados dos estudos etnológicos e antropológicos – mesmo que tais estudos fossem preliminares e centrados em contextos etnográficos diversos e particulares. Desse modo, para o feminismo, os estudos antropológicos serviram para aperfeiçoar seus argumentos que reivindicam a constatação da universalidade da opressão feminina. A maioria desses debates foi pautada, portanto, em estudos antropológicos que tratam do complexo ideológico do “antagonismo sexual” – definido por Quinn (1974) por meio de exemplos como segregação dos espaços e das atividades rituais secretas às mulheres e às crianças, presença de estupros coletivos e sanção às mulheres frente a atos não desejáveis, incluindo a percepção do sangue menstrual como uma “poluição feminina”. Já outra corrente de estudos, que chamo aqui de “complementaridade de gênero”, surgiu focada na construção da “diferença de gênero” para cada contexto específico e evitando generalizações e universalizações de categorias que são propriamente ocidentais.","PeriodicalId":279969,"journal":{"name":"BIS. Boletim do Instituto de Saúde","volume":"3 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2021-07-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"Antagonismo sexual ou complementaridade entre os gêneros?\",\"authors\":\"Janaina de Alencar Ribeiro\",\"doi\":\"10.52753/bis.v22i1.38623\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"Considerando como correta a vinculação entre feminismo e Antropologia Social, especificamente o entendimento da opressão feminina e a pertinência de sua universalidade, as teóricas feministas, com o intuito de estruturar sua atuação política, paulatinamente acabaram por apropriar-se dos resultados dos estudos etnológicos e antropológicos – mesmo que tais estudos fossem preliminares e centrados em contextos etnográficos diversos e particulares. Desse modo, para o feminismo, os estudos antropológicos serviram para aperfeiçoar seus argumentos que reivindicam a constatação da universalidade da opressão feminina. A maioria desses debates foi pautada, portanto, em estudos antropológicos que tratam do complexo ideológico do “antagonismo sexual” – definido por Quinn (1974) por meio de exemplos como segregação dos espaços e das atividades rituais secretas às mulheres e às crianças, presença de estupros coletivos e sanção às mulheres frente a atos não desejáveis, incluindo a percepção do sangue menstrual como uma “poluição feminina”. Já outra corrente de estudos, que chamo aqui de “complementaridade de gênero”, surgiu focada na construção da “diferença de gênero” para cada contexto específico e evitando generalizações e universalizações de categorias que são propriamente ocidentais.\",\"PeriodicalId\":279969,\"journal\":{\"name\":\"BIS. Boletim do Instituto de Saúde\",\"volume\":\"3 1\",\"pages\":\"0\"},\"PeriodicalIF\":0.0000,\"publicationDate\":\"2021-07-30\",\"publicationTypes\":\"Journal Article\",\"fieldsOfStudy\":null,\"isOpenAccess\":false,\"openAccessPdf\":\"\",\"citationCount\":\"0\",\"resultStr\":null,\"platform\":\"Semanticscholar\",\"paperid\":null,\"PeriodicalName\":\"BIS. Boletim do Instituto de Saúde\",\"FirstCategoryId\":\"1085\",\"ListUrlMain\":\"https://doi.org/10.52753/bis.v22i1.38623\",\"RegionNum\":0,\"RegionCategory\":null,\"ArticlePicture\":[],\"TitleCN\":null,\"AbstractTextCN\":null,\"PMCID\":null,\"EPubDate\":\"\",\"PubModel\":\"\",\"JCR\":\"\",\"JCRName\":\"\",\"Score\":null,\"Total\":0}","platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"BIS. Boletim do Instituto de Saúde","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.52753/bis.v22i1.38623","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
Antagonismo sexual ou complementaridade entre os gêneros?
Considerando como correta a vinculação entre feminismo e Antropologia Social, especificamente o entendimento da opressão feminina e a pertinência de sua universalidade, as teóricas feministas, com o intuito de estruturar sua atuação política, paulatinamente acabaram por apropriar-se dos resultados dos estudos etnológicos e antropológicos – mesmo que tais estudos fossem preliminares e centrados em contextos etnográficos diversos e particulares. Desse modo, para o feminismo, os estudos antropológicos serviram para aperfeiçoar seus argumentos que reivindicam a constatação da universalidade da opressão feminina. A maioria desses debates foi pautada, portanto, em estudos antropológicos que tratam do complexo ideológico do “antagonismo sexual” – definido por Quinn (1974) por meio de exemplos como segregação dos espaços e das atividades rituais secretas às mulheres e às crianças, presença de estupros coletivos e sanção às mulheres frente a atos não desejáveis, incluindo a percepção do sangue menstrual como uma “poluição feminina”. Já outra corrente de estudos, que chamo aqui de “complementaridade de gênero”, surgiu focada na construção da “diferença de gênero” para cada contexto específico e evitando generalizações e universalizações de categorias que são propriamente ocidentais.