{"title":"严重精神疾病患者的躯体疾病","authors":"Daniela Oliveira Martins, Sara Gomes Rodrigues, Mauro Pinho, Eduardo Gomes Pereira","doi":"10.51338/rppsm.375","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"\n\n\nDesde o início do século XX que vários autores foram constatando que as pessoas com doença mental grave (DMG) apresentam maiores taxas de doenças médicas crónicas e de mortalidade em relação à população geral. Com este trabalho, pretendeu‐se realizar uma revisão narrativa relativa às particularidades da doença somática e mortalidade nas pessoas com DMG, disparidades no acesso aos cuidados de saúde e intervenções a realizar nesta população.\nA literatura é consensual no reconhecimento de que pessoas com DMG têm maiores taxas de doenças médicascrónicas e uma mortalidade prematura, o que faz com que tenham uma esperança média de vida 10 a 30 anos inferior à população geral. O suicídio não explica estas diferenças. As pessoas com DMG são especialmente afetadas por doenças cardiovasculares, metabólicas e neoplásicas. Estas doenças, embora também muito comuns na população geral, têm um impacto significativamente maior em indivíduos com doença mental. Se parte desta discrepância pode ser atribuívela limitações funcionais diretamente causadas pela DMG, é reconhecido que a discriminação e o estigma tambémtêm um papel importante. Pessoas com DMG têm pior acesso aos cuidados de saúde, levando a taxas elevadas de subdiagnóstico e subtratamento.Na literatura são escassos os estudos dirigidos a intervenções ou programas que possam colmatar a desigualdadede cuidados de saúde nesta população. As particularidades da expressão de doença somática em pessoas com DMG carecem de estratégias adaptadas de prevenção de nível primário, secundário e terciário, que devem ser priorizadas na investigação clínica e integradas nos programas de saúde nacionais.\n\n\n","PeriodicalId":129543,"journal":{"name":"Revista Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental","volume":"22 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2022-09-28","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"Doença Somática nas Pessoas com Doença Mental Grave\",\"authors\":\"Daniela Oliveira Martins, Sara Gomes Rodrigues, Mauro Pinho, Eduardo Gomes Pereira\",\"doi\":\"10.51338/rppsm.375\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"\\n\\n\\nDesde o início do século XX que vários autores foram constatando que as pessoas com doença mental grave (DMG) apresentam maiores taxas de doenças médicas crónicas e de mortalidade em relação à população geral. 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Doença Somática nas Pessoas com Doença Mental Grave
Desde o início do século XX que vários autores foram constatando que as pessoas com doença mental grave (DMG) apresentam maiores taxas de doenças médicas crónicas e de mortalidade em relação à população geral. Com este trabalho, pretendeu‐se realizar uma revisão narrativa relativa às particularidades da doença somática e mortalidade nas pessoas com DMG, disparidades no acesso aos cuidados de saúde e intervenções a realizar nesta população.
A literatura é consensual no reconhecimento de que pessoas com DMG têm maiores taxas de doenças médicascrónicas e uma mortalidade prematura, o que faz com que tenham uma esperança média de vida 10 a 30 anos inferior à população geral. O suicídio não explica estas diferenças. As pessoas com DMG são especialmente afetadas por doenças cardiovasculares, metabólicas e neoplásicas. Estas doenças, embora também muito comuns na população geral, têm um impacto significativamente maior em indivíduos com doença mental. Se parte desta discrepância pode ser atribuívela limitações funcionais diretamente causadas pela DMG, é reconhecido que a discriminação e o estigma tambémtêm um papel importante. Pessoas com DMG têm pior acesso aos cuidados de saúde, levando a taxas elevadas de subdiagnóstico e subtratamento.Na literatura são escassos os estudos dirigidos a intervenções ou programas que possam colmatar a desigualdadede cuidados de saúde nesta população. As particularidades da expressão de doença somática em pessoas com DMG carecem de estratégias adaptadas de prevenção de nível primário, secundário e terciário, que devem ser priorizadas na investigação clínica e integradas nos programas de saúde nacionais.