João Carlos Relvão Caetano, Ana Maria Lourenço Paiva
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Particularmente nos países ocidentais, assiste-se a esforços políticos, cívicos e jurídicos visando a proteção dos muitos milhares de migrantes que aí pretendem chegar, mas que na prática têm fracassado, por falta de vontade ou incapacidade dos Estados de destino de responderem ao que, de acordo com o direito internacional, são obrigações suas. A desresponsabilização dos governos decorre do sentimento dos eleitorados nacionais que se afirmam crescentemente contra a entrada de imigrantes nos seus territórios. Partindo da verificação de que as sociedades ocidentais são sociedades de imigração e precisam de imigrantes para serem prósperas, procura-se perceber por que razão as medidas ditas de integração dos imigrantes têm fracassado e de que modo isso está relacionado não só com o modelo de integração multicultural mas também com a incapacidade das ciências sociais, em particular da sociologia, de conhecerem a realidade da imigração e de darem respostas eficazes que permitam aumentar a coesão social vista como condição para que a imigração, sendo necessária, funcione. Partindo da análise científica do trinómio “migrações”, “cidadania” e “interculturalidade”, os autores desenvolvem e propõem um paradigma alternativo ao paradigma dominante nas ciências sociais nesta matéria, evidenciando a maior importância das razões económicas e sociais (incluindo os direitos políticos dos imigrantes) sobre as razões culturais, como forma de garantir uma vida digna aos imigrantes, futuros cidadãos.","PeriodicalId":297259,"journal":{"name":"Revista Ambivalências","volume":"16 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2018-10-03","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"MIGRAÇÕES, CIDADANIA E INTERCULTURALIDADE: PARA UMA ANÁLISE CRÍTICA DO PARADIGMA DOMINANTE NAS CIÊNCIAS SOCIAIS\",\"authors\":\"João Carlos Relvão Caetano, Ana Maria Lourenço Paiva\",\"doi\":\"10.21665/2318-3888.V6N11P35-63\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"As primeiras décadas do século XXI caracterizam-se por serem de grande mobilidade de pessoas em todo o mundo, por períodos curtos ou longos, facilitada pelos novos meios de locomoção e comunicação. 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MIGRAÇÕES, CIDADANIA E INTERCULTURALIDADE: PARA UMA ANÁLISE CRÍTICA DO PARADIGMA DOMINANTE NAS CIÊNCIAS SOCIAIS
As primeiras décadas do século XXI caracterizam-se por serem de grande mobilidade de pessoas em todo o mundo, por períodos curtos ou longos, facilitada pelos novos meios de locomoção e comunicação. Entre as razões que levam a que as pessoas se movam de um lugar para outro estão a procura de trabalho e de melhores condições de vida. Mas há também pessoas que se movem por razões económicas e de segurança, correndo sérios riscos de vida, seja por causa dos frágeis meios de transporte que usam, seja por não serem recebidas ou desejadas nos países onde pretendem chegar. Particularmente nos países ocidentais, assiste-se a esforços políticos, cívicos e jurídicos visando a proteção dos muitos milhares de migrantes que aí pretendem chegar, mas que na prática têm fracassado, por falta de vontade ou incapacidade dos Estados de destino de responderem ao que, de acordo com o direito internacional, são obrigações suas. A desresponsabilização dos governos decorre do sentimento dos eleitorados nacionais que se afirmam crescentemente contra a entrada de imigrantes nos seus territórios. Partindo da verificação de que as sociedades ocidentais são sociedades de imigração e precisam de imigrantes para serem prósperas, procura-se perceber por que razão as medidas ditas de integração dos imigrantes têm fracassado e de que modo isso está relacionado não só com o modelo de integração multicultural mas também com a incapacidade das ciências sociais, em particular da sociologia, de conhecerem a realidade da imigração e de darem respostas eficazes que permitam aumentar a coesão social vista como condição para que a imigração, sendo necessária, funcione. Partindo da análise científica do trinómio “migrações”, “cidadania” e “interculturalidade”, os autores desenvolvem e propõem um paradigma alternativo ao paradigma dominante nas ciências sociais nesta matéria, evidenciando a maior importância das razões económicas e sociais (incluindo os direitos políticos dos imigrantes) sobre as razões culturais, como forma de garantir uma vida digna aos imigrantes, futuros cidadãos.