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(Re)pensando a Unidade Popular: Estado, Trabalho e Gênero na “vía chilena ao socialismo” (1970-1973)
O presente artigo trata das interações entre políticas sociais, trabalho e gênero na Unidade Popular (UP), coalizão de esquerda que governou o Chile entre 1970-1973. O objetivo é fazer alguns apontamentos sobre como as desigualdades de gênero foram entendidas e tratadas na transição ao socialismo e, em que medida, integraram as políticas de governo da UP e as dinâmicas das fábricas têxteis, setor produtivo que teve um importante protagonismo no período. Dessa forma, buscamos compreender como as normas de gênero se estabeleceram e/ou persistiram e como foram reproduzidas, confrontadas e tensionadas no período, de modo a evidenciar aspectos das complexas interações entre, o Estado, setores das classes trabalhadoras, as formas e mecanismos de dominação e opressão no capitalismo e os processos pautados na reconfiguração radical da sociabilidade capitalista. No período, o ímpeto transformador coexistiu com uma moral tradicional e heteronormativa que se manifestou de diversas formas, inclusive no interior das esquerdas e organizações de trabalhadores, provocando tensionamentos, mas também atualizações dos poderes normativos, desvelando os desafios envolvidos na transformação das estruturas opressivas.