{"title":"导言-东帝汶:独立20年","authors":"Pedro Emanuel Mendes, Rui Graça Feijó","doi":"10.23906/ri2022.74a01","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"https://doi.org/10.23906/ri2022.74a01 Exemplo singular de resiliência identitária ao longo de quarenta e sete anos, finalmente, em 20 de maio de 2002, Timor conquista a sua independência. No dia 27 de setembro de 2002, a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (onu) admite com entusiasmo o seu centésimo nonagésimo primeiro Estado-Membro: a República Democrática de Timor-Leste. A entrada de Timor na onu vai reforçar a comunidade das democracias e a comunidade de Estados-Membros de língua portuguesa. É uma vitória notável e uma história exemplar, em primeiro lugar do povo timorense, mas não deixa de ser também uma importante vitória da política externa portuguesa, apesar do carácter não linear que ela assumiu ao longo dos anos de ocupação de Timor pela Indonésia. O nascimento do Estado timorense é um caso excecional, em que as ideias e a identidade de um povo conseguiram triunfar sobre o poder militar de ocupação de um Estado poderoso. Contudo, a resolução da questão timorense não pode igualmente deixar de ser entendida à luz de uma das mais brilhantes páginas da política externa portuguesa, bem como de uma das mais excecionais demonstrações de solidariedade do povo português, que atuou concertadamente com várias redes de solidariedade transnacionais1. No ano em que se comemoram 20 anos da independência de Timor – acontecimento relevante para Timor, para Portugal, para a região do Sudeste Asiático, para a onu e para todos os atores internacionais e transnacionais que se envolveram na invenção de Timor – é oportuno relembrar a importância das normas internacionais e que, no médio e longo prazo, as anexações militares contra a vontade identitária dos povos raramente resultam. O dossiê reúne vários ângulos de visão sobre Timor, focando problemáticas relacionadas com o seu trajeto até à independência, bem como o seu percurso pós-independência. O artigo de Pedro Emanuel Mendes sublinha a importância de perceber o jogo dinâmico entre as razões de poder material e de poder normativo da política internacional. Deste modo, em primeiro plano, o autor propõe uma teorização sobre o que designa de razões de poder material e razões de poder normativo para explicar a mudança nas ideias e práticas T I M O R L E S T E : 2 0 A N O S D E I N D E P E N D Ê N C I A","PeriodicalId":351727,"journal":{"name":"Relações Internacionais","volume":"7 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2022-06-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"Nota introdutória - Timor Leste: 20 anos de independência\",\"authors\":\"Pedro Emanuel Mendes, Rui Graça Feijó\",\"doi\":\"10.23906/ri2022.74a01\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"https://doi.org/10.23906/ri2022.74a01 Exemplo singular de resiliência identitária ao longo de quarenta e sete anos, finalmente, em 20 de maio de 2002, Timor conquista a sua independência. No dia 27 de setembro de 2002, a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (onu) admite com entusiasmo o seu centésimo nonagésimo primeiro Estado-Membro: a República Democrática de Timor-Leste. A entrada de Timor na onu vai reforçar a comunidade das democracias e a comunidade de Estados-Membros de língua portuguesa. É uma vitória notável e uma história exemplar, em primeiro lugar do povo timorense, mas não deixa de ser também uma importante vitória da política externa portuguesa, apesar do carácter não linear que ela assumiu ao longo dos anos de ocupação de Timor pela Indonésia. O nascimento do Estado timorense é um caso excecional, em que as ideias e a identidade de um povo conseguiram triunfar sobre o poder militar de ocupação de um Estado poderoso. Contudo, a resolução da questão timorense não pode igualmente deixar de ser entendida à luz de uma das mais brilhantes páginas da política externa portuguesa, bem como de uma das mais excecionais demonstrações de solidariedade do povo português, que atuou concertadamente com várias redes de solidariedade transnacionais1. No ano em que se comemoram 20 anos da independência de Timor – acontecimento relevante para Timor, para Portugal, para a região do Sudeste Asiático, para a onu e para todos os atores internacionais e transnacionais que se envolveram na invenção de Timor – é oportuno relembrar a importância das normas internacionais e que, no médio e longo prazo, as anexações militares contra a vontade identitária dos povos raramente resultam. O dossiê reúne vários ângulos de visão sobre Timor, focando problemáticas relacionadas com o seu trajeto até à independência, bem como o seu percurso pós-independência. 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摘要
https://doi.org/10.23906/ri2022.74a01这是47年来身份恢复力的一个独特例子,最终在2002年5月20日,东帝汶获得了独立。2002年9月27日,联合国大会热情地承认其第119个会员国:东帝汶民主共和国。东帝汶加入联合国将加强民主共同体和葡萄牙语会员国共同体。这是一项了不起的胜利和一段模范历史,首先是东帝汶人民的胜利,但这也是葡萄牙外交政策的一项重要胜利,尽管在印度尼西亚占领东帝汶的那些年里,葡萄牙外交政策具有非线性性质。东帝汶国家的诞生是一个例外的例子,在这个例子中,一个民族的思想和特性成功地战胜了一个强大国家的军事占领力量。然而,东帝汶问题的解决也不能被理解光明的葡萄牙外交政策最闪亮的一页,最特殊的一个民族的团结的葡萄牙人,曾与多个网络transnacionais1团结。在庆祝一年20年的东帝汶独立—东相关事件,葡萄牙,东南亚地区,联合国和所有国际和跨国的演员,他们在发明的—值得一提的是国际标准的重要性,在中期和长期抓军队与人民将会很少。该档案汇集了对东帝汶的不同看法,集中讨论与东帝汶走向独立的道路及其独立后的道路有关的问题。佩德罗·伊曼纽尔·门德斯的文章强调了理解国际政治中物质权力和规范权力之间的动态相互作用的重要性。因此在前台,作者提出了一个理论关于灾害原因的物质力量和立法权的理由来解释的思想和实践的改变T M R L和S T和2 0到N: P S D和I N和N D e N C的
Nota introdutória - Timor Leste: 20 anos de independência
https://doi.org/10.23906/ri2022.74a01 Exemplo singular de resiliência identitária ao longo de quarenta e sete anos, finalmente, em 20 de maio de 2002, Timor conquista a sua independência. No dia 27 de setembro de 2002, a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (onu) admite com entusiasmo o seu centésimo nonagésimo primeiro Estado-Membro: a República Democrática de Timor-Leste. A entrada de Timor na onu vai reforçar a comunidade das democracias e a comunidade de Estados-Membros de língua portuguesa. É uma vitória notável e uma história exemplar, em primeiro lugar do povo timorense, mas não deixa de ser também uma importante vitória da política externa portuguesa, apesar do carácter não linear que ela assumiu ao longo dos anos de ocupação de Timor pela Indonésia. O nascimento do Estado timorense é um caso excecional, em que as ideias e a identidade de um povo conseguiram triunfar sobre o poder militar de ocupação de um Estado poderoso. Contudo, a resolução da questão timorense não pode igualmente deixar de ser entendida à luz de uma das mais brilhantes páginas da política externa portuguesa, bem como de uma das mais excecionais demonstrações de solidariedade do povo português, que atuou concertadamente com várias redes de solidariedade transnacionais1. No ano em que se comemoram 20 anos da independência de Timor – acontecimento relevante para Timor, para Portugal, para a região do Sudeste Asiático, para a onu e para todos os atores internacionais e transnacionais que se envolveram na invenção de Timor – é oportuno relembrar a importância das normas internacionais e que, no médio e longo prazo, as anexações militares contra a vontade identitária dos povos raramente resultam. O dossiê reúne vários ângulos de visão sobre Timor, focando problemáticas relacionadas com o seu trajeto até à independência, bem como o seu percurso pós-independência. O artigo de Pedro Emanuel Mendes sublinha a importância de perceber o jogo dinâmico entre as razões de poder material e de poder normativo da política internacional. Deste modo, em primeiro plano, o autor propõe uma teorização sobre o que designa de razões de poder material e razões de poder normativo para explicar a mudança nas ideias e práticas T I M O R L E S T E : 2 0 A N O S D E I N D E P E N D Ê N C I A