Jaqueline Alcântara Marcelino da Silva, Valéria Marli Leonello, Heloise Lima Fernandes Agreli
{"title":"跨专业团队合作教育研讨会:教学策略报告","authors":"Jaqueline Alcântara Marcelino da Silva, Valéria Marli Leonello, Heloise Lima Fernandes Agreli","doi":"10.14295/JMPHC.V8I3.601","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"O ensino do trabalho em equipe por meio da educação interprofissional em saúde (EIP) é fundamental para propiciar a construção de competências para a colaboração. A EIP envolve o aprendizado interativo de estudantes diferentes áreas profissionais com a finalidade de estabelecer a colaboração (Reeves et al, 2016). Os conceitos apresentados foram aplicados em uma oficina educativa, estratégia pedagógica que possibilita a interação e reflexão por meio da construção coletiva de um produto concreto. Esse relato se refere a um construção de um boneco representando um homem, vivência que propicia aos estudantes a oportunidade de reflexão sobre a experiência de interação interprofissional. A estratégia foi baseada no referencial de Educação Crítica de Paulo Freire, pautado na aprendizagem de adultos que enfatiza a participação, o diálogo e a transformação como elementos fundamentais de qualquer processo educativo. Relatar uma experiência de ensino para trabalho em equipe inteprofissional em cursos de graduação da área da saúde. O planejamento da oficina levou em conta o contexto em que foram realizadas, os participantes (estudantes) e os recursos disponíveis. A oficina tem sido realizada em uma universidade pública estadual e uma federal do Estado de São Paulo em disciplinas curriculares formais, optativas interprofissionais e da Graduação e Pós- Graduação. Essas iniciativas já envolveram cerca de 200 estudantes desde 2015 dos cursos de Enfermagem, Medicina, Psicologia, Gerontologia, Odontologia, Educação Física, Biotecnologia, Terapia Ocupacional, Nutrição e Fisioterapia. A oficina foi realizada em salas de aula, com cadeiras e mesas móveis, que possibilitaram a formação e o trabalho em três grupos. Os materiais necessários foram: duas cartolinas, duas colas, duas tesouras, duas réguas, uma caixa de caneta hidrocor ponta grossa (12 cores), uma caixa de giz de cera (12 cores), dois grampeadores, um rolo de barbante, dois rolos de fita crepe. A realização da oficina tem uma duração média de três horas, sendo 30 minutos para o aquecimento, uma hora para a construção da atividade e uma hora e trinta minutos para a discussão e síntese final. No aquecimento da oficina o grupo de docentes, apresenta e propõe a estratégia aos estudantes. A finalidade é sensibilizá-los para o trabalho em equipe, interprofissionalidade, colaboração e cuidado integral. A oficina torna-se uma referência para o desenvolvimento das disciplinas em que ela ocorre, pelo fato dos estudantes e docentes retomarem a vivência sempre que são abordados os referidos temas. A experiência das autoras mostra que não é necessária a apresentação prévia dos conteúdos e conceitos, para que o grupo possa se expressar livremente e de acordo com suas vivências, promovendo a reflexão a partir da ação. Estratégia didática: a construção interdependente de um boneco A turma de estudantes é subdividida em três grupos que recebem um protocolo das peças que precisam produzir para a construção do boneco de um homem: rosto, cabelos, nariz, olhos, sombrancelhas, orelhas, boca, chapéu, tronco, braços, relógio, mãos, quadril, pernas e sapatos. As orientações possuem detalhes sobre as medidas e cores de cada peça mencionada para garantir a proporcionalidade do boneco na montagem. Essa é a primeira fase da atividade, na qual os grupos são orientados a fazer cada uma sua atividade. Os materiais são comuns aos três e colocados sobre uma mesa pelo facilitador. Cada grupo tem 40 minutos para a confecção de sete peças para o boneco e, posteriormente, em 20 minutos realizam a montagem final do boneco reunindo os pedaços produzidos por todas as equipes. Após a construção das peças, os grupos recebem uma nova instrucão: elas terão que montar “uma parte” do boneco, com os materiais que receberem dos demais grupos Ao final, os estudantes são convidados a montar o boneco, unindo as partes e peças construídas. O produto final é um boneco homem que se torna o mascote da turma no semestre, ao qual geralmente é atribuído um nome. Com a finalização do boneco inicia-se o debrifing da tarefa cumprida e o facilitador anota as percepções gerais no quadro da sala de aula. Os estudantes são convidados a compartilhar sua opinião sobre o produto final e experiência vivenciada no qual o primeiro aspecto que lhes chama a atenção são as assimetrias perceptíveis visualmente no boneco. Referem que apesar do resultado assimétrico o objetivo da tarefa foi cumprido e consideram a importância de compartilharem as medidas das peças entre os grupos durante sua confecção, afim de garantir a simetria do boneco construído coletivamente. O reconhecimento da interdependência entre os membros da equipe inteprofissional propicia o desenvolvimento de valores necessários para a colaboração como o respeito, o mútuo reconhecimento, a troca de saberes, e a comunicação (D´Amour et al., 2008). A percepção dos estudantes sobre a necessidade de estabelecer colaboração entre as equipes está relacionada com o cotidiano dos serviços, pois os profissionais das equipes comprometidas com o cuidado colaboram sempre que há necessidades de saúde complexas apresentadas pelos usuários, com o intuito de refletir conjuntamente sobre as melhores intervenções vislumbrando resultados qualificados (Agreli et al., 2017). A assimetria do boneco pode ser relacionada com resultados obtidos por intervenções em saúde pautadas no modelo biomédico hegemônico que possuem sua relevância e certa efetividade, mas pelo fato de se desenvolverem, com ênfase na remissão de sinais e sintomas por meio de intervenções especificas e muitas vezes isoladas de cada professional reduzem o êxito das ações profissionais devido a fragmentação e falta de articulação das decisões (Frenk et al., 2010). Outros atributos do trabalho em equipe mencionados pelos participantes são objetivos comuns, comunicação, capacidade de negociação, necessidade de liderança e coordenação das tarefas, conflitos, flexibilidade para mudanças, criatividade, capacidade de inovação, troca de conhecimentos, reconhecimento das diferentes habilidades e talentos. Os referidos atributos podem ser relacionados com as competências para a colaboração interprofissional desenvolvidas pela Canadian Interprofessional Health Collaborative (CIHC, 2010) prática centrada no usuário, família e comunidade, comunicação interprofissional, dinâmica do trabalho em equipe, resolução de conflitos, clarificação de papéis profissionais e liderança compartilhada. A oficina educativa para o trabalho em equipe interprofissional, com uso de estratégia didática de construção coletiva de um ‘boneco’ se mostra adequada para sensibilização de educandos para os temas: prática centrada no usuário, família e comunidade, comunicação interprofissional, trabalho em equipe, resolução de conflitos, clarificação de papéis profissionais e liderança compartilhada. A oficina permite ainda a reflexão acerca da comunicação para o sucesso de atividades que envolvam a interdependência entre profissionais, como é o caso da prática colaborativa.","PeriodicalId":358918,"journal":{"name":"JMPHC | Journal of Management & Primary Health Care | ISSN 2179-6750","volume":"59 1 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2018-09-19","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"Oficina educativa para o trabalho em equipe interprofissional: relato de estratégia didática\",\"authors\":\"Jaqueline Alcântara Marcelino da Silva, Valéria Marli Leonello, Heloise Lima Fernandes Agreli\",\"doi\":\"10.14295/JMPHC.V8I3.601\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"O ensino do trabalho em equipe por meio da educação interprofissional em saúde (EIP) é fundamental para propiciar a construção de competências para a colaboração. 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O planejamento da oficina levou em conta o contexto em que foram realizadas, os participantes (estudantes) e os recursos disponíveis. A oficina tem sido realizada em uma universidade pública estadual e uma federal do Estado de São Paulo em disciplinas curriculares formais, optativas interprofissionais e da Graduação e Pós- Graduação. Essas iniciativas já envolveram cerca de 200 estudantes desde 2015 dos cursos de Enfermagem, Medicina, Psicologia, Gerontologia, Odontologia, Educação Física, Biotecnologia, Terapia Ocupacional, Nutrição e Fisioterapia. A oficina foi realizada em salas de aula, com cadeiras e mesas móveis, que possibilitaram a formação e o trabalho em três grupos. Os materiais necessários foram: duas cartolinas, duas colas, duas tesouras, duas réguas, uma caixa de caneta hidrocor ponta grossa (12 cores), uma caixa de giz de cera (12 cores), dois grampeadores, um rolo de barbante, dois rolos de fita crepe. A realização da oficina tem uma duração média de três horas, sendo 30 minutos para o aquecimento, uma hora para a construção da atividade e uma hora e trinta minutos para a discussão e síntese final. No aquecimento da oficina o grupo de docentes, apresenta e propõe a estratégia aos estudantes. A finalidade é sensibilizá-los para o trabalho em equipe, interprofissionalidade, colaboração e cuidado integral. A oficina torna-se uma referência para o desenvolvimento das disciplinas em que ela ocorre, pelo fato dos estudantes e docentes retomarem a vivência sempre que são abordados os referidos temas. A experiência das autoras mostra que não é necessária a apresentação prévia dos conteúdos e conceitos, para que o grupo possa se expressar livremente e de acordo com suas vivências, promovendo a reflexão a partir da ação. Estratégia didática: a construção interdependente de um boneco A turma de estudantes é subdividida em três grupos que recebem um protocolo das peças que precisam produzir para a construção do boneco de um homem: rosto, cabelos, nariz, olhos, sombrancelhas, orelhas, boca, chapéu, tronco, braços, relógio, mãos, quadril, pernas e sapatos. As orientações possuem detalhes sobre as medidas e cores de cada peça mencionada para garantir a proporcionalidade do boneco na montagem. Essa é a primeira fase da atividade, na qual os grupos são orientados a fazer cada uma sua atividade. Os materiais são comuns aos três e colocados sobre uma mesa pelo facilitador. Cada grupo tem 40 minutos para a confecção de sete peças para o boneco e, posteriormente, em 20 minutos realizam a montagem final do boneco reunindo os pedaços produzidos por todas as equipes. 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摘要
通过跨专业健康教育(EIP)进行团队合作教学对于促进协作能力的建设至关重要。EIP涉及不同专业领域的学生的互动学习,以建立合作(Reeves et al, 2016)。提出的概念被应用于一个教育研讨会,一个教学策略,允许互动和反思,通过集体构建一个具体的产品。这个故事指的是一个代表一个人的木偶的构建,这种体验为学生提供了反思跨专业互动体验的机会。该策略基于保罗弗莱雷的批判性教育框架,以成人学习为基础,强调参与、对话和转变是任何教育过程的基本元素。报告在卫生领域本科课程中跨专业团队合作的教学经验。讲习班的规划考虑到举办讲习班的背景、参与者(学生)和现有资源。该讲习班在sao保罗州的一所州立公立大学和一所联邦大学举办了正式课程、跨专业选修课以及本科和研究生课程。自2015年以来,这些项目已经涉及护理、医学、心理学、老年学、牙科、体育、生物技术、职业治疗、营养和物理治疗等专业的约200名学生。讲习班在教室里举行,有可移动的桌椅,使培训和工作分成三组。所需材料有:两张纸板,两种胶水,两把剪刀,两把尺子,一盒hidrocor ponta grossa笔(12种颜色),一盒蜡笔(12种颜色),两卷订书机,一卷线,两卷绉带。研讨会的完成时间平均为3小时,其中30分钟用于热身,1小时用于构建活动,1小时30分钟用于讨论和最终合成。在热身工作坊中,教师小组向学生展示并提出策略。目的是提高团队合作、跨专业、协作和整体护理的意识。这个研讨会成为了它所发生的学科发展的参考,因为学生和教师每次讨论这些主题时都会恢复经验。作者的经验表明,不需要事先介绍内容和概念,让群体可以根据自己的经验自由表达自己,促进行动反思。教化的策略:建立学生在课堂上相互关联的一个玩偶是分为三组接受一个协议零件所需要生产的建设的一个人:脸、头发、鼻子、眼睛、眉毛、耳朵、嘴巴、躯干、手臂、时钟、帽,手,臀部,腿和鞋子。该指南详细说明了所提到的每个部件的尺寸和颜色,以确保玩偶在组装时的比例。这是活动的第一阶段,在这个阶段,小组被指导做每个活动。这些材料对这三个人来说都是共同的,并由主持人放在桌子上。每个小组有40分钟的时间为木偶制作7件作品,然后在20分钟内完成所有小组制作的作品的最终组装。在制作完零件后,小组会收到一个新的指导:他们必须组装娃娃的“一部分”,最后,学生被邀请组装娃娃,将零件和零件组装在一起。最终的产品是一个男人娃娃,在学期中成为班级的吉娃娃,通常被赋予一个名字。当木偶完成后,开始汇报完成的任务,主持人在课堂上写下一般的看法。学生们被邀请分享他们对最终产品和体验的看法,其中第一个吸引他们注意的方面是木偶的视觉上可感知的不对称。他们指出,尽管结果是不对称的,但任务的目标已经实现,并考虑到在制作过程中在小组之间分享尺寸的重要性,以确保集体构建的娃娃的对称性。对跨专业团队成员之间相互依赖的认识促进了合作所需价值观的发展,如尊重、相互认可、知识交流和沟通(D´Amour et al., 2008)。
Oficina educativa para o trabalho em equipe interprofissional: relato de estratégia didática
O ensino do trabalho em equipe por meio da educação interprofissional em saúde (EIP) é fundamental para propiciar a construção de competências para a colaboração. A EIP envolve o aprendizado interativo de estudantes diferentes áreas profissionais com a finalidade de estabelecer a colaboração (Reeves et al, 2016). Os conceitos apresentados foram aplicados em uma oficina educativa, estratégia pedagógica que possibilita a interação e reflexão por meio da construção coletiva de um produto concreto. Esse relato se refere a um construção de um boneco representando um homem, vivência que propicia aos estudantes a oportunidade de reflexão sobre a experiência de interação interprofissional. A estratégia foi baseada no referencial de Educação Crítica de Paulo Freire, pautado na aprendizagem de adultos que enfatiza a participação, o diálogo e a transformação como elementos fundamentais de qualquer processo educativo. Relatar uma experiência de ensino para trabalho em equipe inteprofissional em cursos de graduação da área da saúde. O planejamento da oficina levou em conta o contexto em que foram realizadas, os participantes (estudantes) e os recursos disponíveis. A oficina tem sido realizada em uma universidade pública estadual e uma federal do Estado de São Paulo em disciplinas curriculares formais, optativas interprofissionais e da Graduação e Pós- Graduação. Essas iniciativas já envolveram cerca de 200 estudantes desde 2015 dos cursos de Enfermagem, Medicina, Psicologia, Gerontologia, Odontologia, Educação Física, Biotecnologia, Terapia Ocupacional, Nutrição e Fisioterapia. A oficina foi realizada em salas de aula, com cadeiras e mesas móveis, que possibilitaram a formação e o trabalho em três grupos. Os materiais necessários foram: duas cartolinas, duas colas, duas tesouras, duas réguas, uma caixa de caneta hidrocor ponta grossa (12 cores), uma caixa de giz de cera (12 cores), dois grampeadores, um rolo de barbante, dois rolos de fita crepe. A realização da oficina tem uma duração média de três horas, sendo 30 minutos para o aquecimento, uma hora para a construção da atividade e uma hora e trinta minutos para a discussão e síntese final. No aquecimento da oficina o grupo de docentes, apresenta e propõe a estratégia aos estudantes. A finalidade é sensibilizá-los para o trabalho em equipe, interprofissionalidade, colaboração e cuidado integral. A oficina torna-se uma referência para o desenvolvimento das disciplinas em que ela ocorre, pelo fato dos estudantes e docentes retomarem a vivência sempre que são abordados os referidos temas. A experiência das autoras mostra que não é necessária a apresentação prévia dos conteúdos e conceitos, para que o grupo possa se expressar livremente e de acordo com suas vivências, promovendo a reflexão a partir da ação. Estratégia didática: a construção interdependente de um boneco A turma de estudantes é subdividida em três grupos que recebem um protocolo das peças que precisam produzir para a construção do boneco de um homem: rosto, cabelos, nariz, olhos, sombrancelhas, orelhas, boca, chapéu, tronco, braços, relógio, mãos, quadril, pernas e sapatos. As orientações possuem detalhes sobre as medidas e cores de cada peça mencionada para garantir a proporcionalidade do boneco na montagem. Essa é a primeira fase da atividade, na qual os grupos são orientados a fazer cada uma sua atividade. Os materiais são comuns aos três e colocados sobre uma mesa pelo facilitador. Cada grupo tem 40 minutos para a confecção de sete peças para o boneco e, posteriormente, em 20 minutos realizam a montagem final do boneco reunindo os pedaços produzidos por todas as equipes. Após a construção das peças, os grupos recebem uma nova instrucão: elas terão que montar “uma parte” do boneco, com os materiais que receberem dos demais grupos Ao final, os estudantes são convidados a montar o boneco, unindo as partes e peças construídas. O produto final é um boneco homem que se torna o mascote da turma no semestre, ao qual geralmente é atribuído um nome. Com a finalização do boneco inicia-se o debrifing da tarefa cumprida e o facilitador anota as percepções gerais no quadro da sala de aula. Os estudantes são convidados a compartilhar sua opinião sobre o produto final e experiência vivenciada no qual o primeiro aspecto que lhes chama a atenção são as assimetrias perceptíveis visualmente no boneco. Referem que apesar do resultado assimétrico o objetivo da tarefa foi cumprido e consideram a importância de compartilharem as medidas das peças entre os grupos durante sua confecção, afim de garantir a simetria do boneco construído coletivamente. O reconhecimento da interdependência entre os membros da equipe inteprofissional propicia o desenvolvimento de valores necessários para a colaboração como o respeito, o mútuo reconhecimento, a troca de saberes, e a comunicação (D´Amour et al., 2008). A percepção dos estudantes sobre a necessidade de estabelecer colaboração entre as equipes está relacionada com o cotidiano dos serviços, pois os profissionais das equipes comprometidas com o cuidado colaboram sempre que há necessidades de saúde complexas apresentadas pelos usuários, com o intuito de refletir conjuntamente sobre as melhores intervenções vislumbrando resultados qualificados (Agreli et al., 2017). A assimetria do boneco pode ser relacionada com resultados obtidos por intervenções em saúde pautadas no modelo biomédico hegemônico que possuem sua relevância e certa efetividade, mas pelo fato de se desenvolverem, com ênfase na remissão de sinais e sintomas por meio de intervenções especificas e muitas vezes isoladas de cada professional reduzem o êxito das ações profissionais devido a fragmentação e falta de articulação das decisões (Frenk et al., 2010). Outros atributos do trabalho em equipe mencionados pelos participantes são objetivos comuns, comunicação, capacidade de negociação, necessidade de liderança e coordenação das tarefas, conflitos, flexibilidade para mudanças, criatividade, capacidade de inovação, troca de conhecimentos, reconhecimento das diferentes habilidades e talentos. Os referidos atributos podem ser relacionados com as competências para a colaboração interprofissional desenvolvidas pela Canadian Interprofessional Health Collaborative (CIHC, 2010) prática centrada no usuário, família e comunidade, comunicação interprofissional, dinâmica do trabalho em equipe, resolução de conflitos, clarificação de papéis profissionais e liderança compartilhada. A oficina educativa para o trabalho em equipe interprofissional, com uso de estratégia didática de construção coletiva de um ‘boneco’ se mostra adequada para sensibilização de educandos para os temas: prática centrada no usuário, família e comunidade, comunicação interprofissional, trabalho em equipe, resolução de conflitos, clarificação de papéis profissionais e liderança compartilhada. A oficina permite ainda a reflexão acerca da comunicação para o sucesso de atividades que envolvam a interdependência entre profissionais, como é o caso da prática colaborativa.