{"title":"住房和环境在custodopolis社区的轨迹","authors":"V. G. Azeredo","doi":"10.25242/88765142015848","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Custodopolis e um bairro da cidade de Campos dos Goytacazes/RJ estigmatizado por localizar-se do outro lado do Rio Paraiba do Sul. Ocupado por uma populacao vulneravel ante a pobreza em suas dimensoes economicas, de capital social, capital humano, de protecao e de habitat (BUSSO, 2002, p.12). Estas dimensoes conjugadas marcam o bairro de sua origem aos dias atuais. O objetivo e resgatar esse percurso, pela via habitacional e de entorno, nas condicoes de vulnerabilidade e risco socioambiental. Para o alcance desse objetivo utilizou-se os recursos metodologicos de Observacao Direta (com registro em diario de campo e uso de fotografia), Fonte Documental e Entrevistas Semiestruturadas (com antigos e atuais moradores). Os resultados apontaram para trajetoria de precarizacoes. Sobre a origem do bairro nao ha precisao, mas na memoria de antigos moradores, se remete as decadas de vinte ou trinta do seculo passado. O lugar foi pouco a pouco sendo ocupado por cortadores de cana, que o transformaram em ponto de encontro na espera de caminhoes que os levassem para as lavouras da regiao. Para atendimento a essa demanda foi montada uma vendinha e aos poucos tais trabalhadores se apropriaram do territorio e improvisaram suas casas no meio do mato com materiais como barro, bambu, folhas de palmeira ou sape. Na falta de telha usavam palha. Vista do alto parecia uma “Cidade de Palha”, denominacao antiga do local. No seu entorno havia brejo e lagoa que cederam espaco para canaviais. Nao havia ruas, mas trilhas. Nem luz so lamparina. A agua era de cacimba, os muros de gaiolinhas (tipo de planta), as camas de pau, os fogoes a lenha. O proprietario das terras era um medico e politico chamado Custodio Siqueira que as transformou em lotes para venda e, em sua homenagem, o bairro passou a ser chamado Custodopolis. Na travessia do rural-urbano o bairro experimentou melhorias, atraves da oferta publica de iluminacao, agua, coleta de lixo, calcamento, transporte coletivo. Ainda que nao conte com alguns elementos essenciais da cidade, como saneamento. A maioria dos atuais moradores utiliza fossa septica, que em ocasiao de chuvas e da falta de escoamento transbordam, alem do alagamento das ruas agravado pelo lixo que se espalha. A maioria faz uso de agua tratada para beber. Os telhados que eram de palha, hoje sao em geral, de amianto, o piso antes de terra batida deu lugar a piso ou cacos cerâmicos, o banheiro antes no quintal passou a ser dentro de casa. Nos quintais e comum a presenca de animais domesticos misturados a entulhos e lixo. Ainda que com metros quadrados insuficientes, em termos de habitabilidade, as casas possuem atualmente de tres a cinco comodos e abrigam uma media de tres a cinco pessoas. O fogao a lenha foi substituido pelo fogao a gas e, as camas, antes de pau por camas com colchao. A maioria das casas carece de reformas por motivos de rachaduras, goteiras, infiltracoes, instalacao eletrica exposta, falta de luminosidade, temperatura e ventilacao. As casas nao possuem condicoes de ambiencia e habitabilidade para aqueles que sempre moraram no bairro ou ate mesmo chegaram depois, representando o mesmo percentual. Trata-se hoje de moradores que se veem impossibilitados de realizar melhorias em suas habitacoes, mesmo sendo proprias ou cedidas por parentes. Com baixa escolaridade, as mulheres em sua maioria, atuam na area da serventia domestica e, os homens prioritariamente, em atividades na construcao civil. Foi possivel concluir, que o tracado das condicoes habitacionais e de entorno na trajetoria do bairro, revela a conjugacao das dimensoes sociais e ambientais das vulnerabilidades. Verificou-se que habitacao e entorno sao um dos principais mediadores e sinalizadores de diferencas sociais, alem de sua interacao com situacoes de risco e degradacao ambiental. Apesar de melhorias, as condicoes de urbanidade do bairro e das habitacoes se apresentam ainda pouco desenvolvidas em relacao as possibilidades da cidade. Palavras Chave: habitacao, entorno, bairro vulneravel","PeriodicalId":187194,"journal":{"name":"Perspectivas Online : Humanas e Sociais Aplicadas","volume":"115 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2015-12-15","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"HABITAÇÃO E ENTORNO NA TRAJETÓRIA DO BAIRRO DE CUSTODÓPOLIS\",\"authors\":\"V. G. 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摘要
Custodopolis和Campos dos Goytacazes/RJ市的一个社区因位于Paraiba do Sul河的另一边而受到污名化。在经济、社会资本、人力资本、保护和栖息地方面,由易受贫困影响的人口占据(BUSSO, 2002,第12页)。这些维度结合在一起,标志着它的起源到今天的社区。目标是在脆弱和社会环境风险的条件下,通过住房和周围环境来拯救这条路线。为了实现这一目标,我们使用了直接观察(实地日记记录和使用照片)、文献来源和半结构化访谈(对以前和现在的居民)的方法资源。结果指出了不稳定的轨迹。关于这个社区的起源没有确切的细节,但在老居民的记忆中,它指的是上个世纪二三十年。这个地方逐渐被甘蔗切割者占据,他们把它变成了一个集合点,等待道路将他们带到该地区的庄稼。为了满足这一需求,人们建立了一个vendinha,渐渐地,这些工人占领了这片土地,用粘土、竹子、棕榈叶或sape等材料在灌木丛中临时建造了他们的房子。在没有瓷砖的情况下,他们用稻草。从上面看,它看起来像一个“稻草之城”,这是这个地方的古老名称。在它的周围,有沼泽和池塘,为甘蔗田让路。没有街道,只有小路。连灯都没有。水是用cacimba做的,墙是用gaiolinhas(一种植物)做的,床是用木头做的,火是用木头做的。这片土地的主人是一位名叫Custodio Siqueira的医生和政治家,他把它变成了出售的土地,为了纪念他,这个社区被称为Custodopolis。在农村和城市的十字路口,社区经历了改善,通过公共提供照明、水、垃圾收集、石灰和公共交通。尽管它没有城市的一些基本要素,如卫生设施。目前大多数居民使用化粪池,在下雨和缺乏径流的情况下,化粪池溢出,垃圾传播加剧了街道的洪水。大多数人使用处理过的水饮用。今天用稻草做的屋顶通常是用石棉做的,泥土之前的地板让位给瓷砖地板或碎片,后院之前的浴室变成了房子内部。在后院,家养动物和垃圾混在一起是很常见的。虽然面积不足,但在宜居性方面,这些房子目前有三到五间卧室,平均可容纳三到五人。柴火炉被煤气炉取代,木棍前的床被床垫床取代。由于裂缝、漏水、渗漏、裸露的电力装置、缺乏光线、温度和通风,大多数房屋都需要翻新。对于那些一直住在附近或后来来的人来说,这些房子没有环境条件和宜居性,这代表了相同的比例。如今,这些居民发现自己无法改善自己的住房,即使是自己的住房或由亲戚提供的住房。受教育程度低的妇女大多从事家庭服务,而男子主要从事建筑活动。可以得出的结论是,在社区的发展轨迹中,住房条件和周围环境的轨迹揭示了社会和环境脆弱性的结合。研究发现,除了与风险和环境退化的情况相互作用外,住房和环境是社会差异的主要中介和标志之一。尽管有了改善,但与城市的可能性相比,社区和住房的城市化条件仍然不发达。关键词:住房,环境,脆弱社区
HABITAÇÃO E ENTORNO NA TRAJETÓRIA DO BAIRRO DE CUSTODÓPOLIS
Custodopolis e um bairro da cidade de Campos dos Goytacazes/RJ estigmatizado por localizar-se do outro lado do Rio Paraiba do Sul. Ocupado por uma populacao vulneravel ante a pobreza em suas dimensoes economicas, de capital social, capital humano, de protecao e de habitat (BUSSO, 2002, p.12). Estas dimensoes conjugadas marcam o bairro de sua origem aos dias atuais. O objetivo e resgatar esse percurso, pela via habitacional e de entorno, nas condicoes de vulnerabilidade e risco socioambiental. Para o alcance desse objetivo utilizou-se os recursos metodologicos de Observacao Direta (com registro em diario de campo e uso de fotografia), Fonte Documental e Entrevistas Semiestruturadas (com antigos e atuais moradores). Os resultados apontaram para trajetoria de precarizacoes. Sobre a origem do bairro nao ha precisao, mas na memoria de antigos moradores, se remete as decadas de vinte ou trinta do seculo passado. O lugar foi pouco a pouco sendo ocupado por cortadores de cana, que o transformaram em ponto de encontro na espera de caminhoes que os levassem para as lavouras da regiao. Para atendimento a essa demanda foi montada uma vendinha e aos poucos tais trabalhadores se apropriaram do territorio e improvisaram suas casas no meio do mato com materiais como barro, bambu, folhas de palmeira ou sape. Na falta de telha usavam palha. Vista do alto parecia uma “Cidade de Palha”, denominacao antiga do local. No seu entorno havia brejo e lagoa que cederam espaco para canaviais. Nao havia ruas, mas trilhas. Nem luz so lamparina. A agua era de cacimba, os muros de gaiolinhas (tipo de planta), as camas de pau, os fogoes a lenha. O proprietario das terras era um medico e politico chamado Custodio Siqueira que as transformou em lotes para venda e, em sua homenagem, o bairro passou a ser chamado Custodopolis. Na travessia do rural-urbano o bairro experimentou melhorias, atraves da oferta publica de iluminacao, agua, coleta de lixo, calcamento, transporte coletivo. Ainda que nao conte com alguns elementos essenciais da cidade, como saneamento. A maioria dos atuais moradores utiliza fossa septica, que em ocasiao de chuvas e da falta de escoamento transbordam, alem do alagamento das ruas agravado pelo lixo que se espalha. A maioria faz uso de agua tratada para beber. Os telhados que eram de palha, hoje sao em geral, de amianto, o piso antes de terra batida deu lugar a piso ou cacos cerâmicos, o banheiro antes no quintal passou a ser dentro de casa. Nos quintais e comum a presenca de animais domesticos misturados a entulhos e lixo. Ainda que com metros quadrados insuficientes, em termos de habitabilidade, as casas possuem atualmente de tres a cinco comodos e abrigam uma media de tres a cinco pessoas. O fogao a lenha foi substituido pelo fogao a gas e, as camas, antes de pau por camas com colchao. A maioria das casas carece de reformas por motivos de rachaduras, goteiras, infiltracoes, instalacao eletrica exposta, falta de luminosidade, temperatura e ventilacao. As casas nao possuem condicoes de ambiencia e habitabilidade para aqueles que sempre moraram no bairro ou ate mesmo chegaram depois, representando o mesmo percentual. Trata-se hoje de moradores que se veem impossibilitados de realizar melhorias em suas habitacoes, mesmo sendo proprias ou cedidas por parentes. Com baixa escolaridade, as mulheres em sua maioria, atuam na area da serventia domestica e, os homens prioritariamente, em atividades na construcao civil. Foi possivel concluir, que o tracado das condicoes habitacionais e de entorno na trajetoria do bairro, revela a conjugacao das dimensoes sociais e ambientais das vulnerabilidades. Verificou-se que habitacao e entorno sao um dos principais mediadores e sinalizadores de diferencas sociais, alem de sua interacao com situacoes de risco e degradacao ambiental. Apesar de melhorias, as condicoes de urbanidade do bairro e das habitacoes se apresentam ainda pouco desenvolvidas em relacao as possibilidades da cidade. Palavras Chave: habitacao, entorno, bairro vulneravel