麦当娜的自白:维纳斯在威伦多夫创作艺术的故事

Carlos Velázquez, A. C. Alcântara
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Caberia questionar como é que, na ausência de objeto, é possível distinguir um corpo historiográfico específico da arte, ao ponto de reconhecê-lo como área. Entretanto, o interesse que move esta reflexão visa um pouco além, pois procura especular em torno da seguinte hipótese: A inconsistência epistemológica da História da Arte não decorre da ambiguidade conceitual do objeto-arte, mas da própria tentativa de fazer da arte um campo de estudo distinto é independente da complexidade fenomênica da vida humana em correlação com o meio. Enquanto episteme, a História da Arte encontrou suas bases no racionalismo renascentista, em oposição, ao dizer de Pierre Francastel, ao pensamento mítico que caracterizou a antiguidade e retomou lugar durante a – assim chamada – noite medieval. Ora, como o havia também reportado Lévy-Bruhl, essa espécie de misticismo do passado, antes de compelir a qualquer reflexão, concentra seus esforços na adaptação, o que supõe uma intensa interação da espécie com seu meio. Destarte, a fim de evitar abusos retóricos e metafísicos, à maneira de experimentação da hipótese e com apoio em recentes estudos míticos, proponho a observação interpretativa de uma peça cara à historiografia da arte: a Vênus de Willendorf. Este exercício permitirá, por um lado, evidenciar que, apesar da grande recorrência dessa obra nos livros de História da Arte, em inúmeros aspectos ela extravasa as tentativas de definição epistemológica; por outro lado, a interpretação comparativa de sua constituição evidenciará a complexidade articulatória de uma forma de existência menos unilateralmente racionalista e, portanto, muito mais tendente à própria harmonização com o entorno.","PeriodicalId":104150,"journal":{"name":"História e política: Pensamentos constitutivos e críticos 2","volume":"83 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2022-02-18","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"CONFISSÕES DA MADONNA: A HISTÓRIA DE UMA VÊNUS FEITA ARTE EM WILLENDORF\",\"authors\":\"Carlos Velázquez, A. C. 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摘要

修订的一些最具影响力的作品在艺术揭示了一个有趣的故事:不一致的中心意义,至少,事实上,是艺术。配方中在技术和商业,位移的公式审美的问题—通常成本——在那一领域也缺乏共识—甚至试图给予的状态感知与认知和抽象思维,可能更加可持续的断言那些扎根在安永Gombrich的立场是谁开了他的不朽的艺术历史的成本实际上没有对象可以不存在,上就被视为艺术。加问题,由于物品是可以区分身体的特定历史艺术,到大区域。同时,动反射利益以外,因为找一个投机的机会:艺术的历史认知不一致不来自不同对象的概念艺术,但艺术的尝试独立的一个单独的研究领域是人类生命的复杂性fenomênica相关性和中间。作为认识论,艺术史的基础是文艺复兴时期的理性主义,与皮埃尔·弗朗卡斯特尔(Pierre Francastel)所说的古代神话思想相反,后者在所谓的中世纪夜晚重新出现。怎么还有报道利维-Bruhl,那种过去的神秘主义,以迫使任何项目之前,我应该努力调整,强烈相互作用的物种和中间。因此,为了避免滥用修辞和形而上学的方法测试的机会,支持在最近的研究是虚构,我观察一脸的史学作品的解读:Willendorf的校花。一方面,这一练习将表明,尽管这部作品在艺术史书籍中反复出现,但在许多方面,它超越了对认识论定义的尝试;另一方面,宪法比较解释的演示articulatória复杂性的一种单方面的存在主义者,因此更倾向于与环境协调。
本文章由计算机程序翻译,如有差异,请以英文原文为准。
CONFISSÕES DA MADONNA: A HISTÓRIA DE UMA VÊNUS FEITA ARTE EM WILLENDORF
A revisão de algumas das mais influentes obras no âmbito da História da Arte revela um dado interessante: não há consenso quanto ao significado, pelo menos central, do que, de fato, seria a arte. Dentre formulações à volta de técnicas e utilitários, deslocamentos do problema para as formulações da estética – geralmente declarando a também inexistência de consensos nessa área –, até tentativas de conferir à percepção um status dissociado da cognição e do pensamento abstrato, provavelmente as asserções mais sustentáveis sejam aquelas que gravitam em torno da postura de Ernst Gombrich, quem abriu sua monumental História da Arte declarando não existir na realidade nenhum objeto que possa, propriamente, ser qualificado como arte. Caberia questionar como é que, na ausência de objeto, é possível distinguir um corpo historiográfico específico da arte, ao ponto de reconhecê-lo como área. Entretanto, o interesse que move esta reflexão visa um pouco além, pois procura especular em torno da seguinte hipótese: A inconsistência epistemológica da História da Arte não decorre da ambiguidade conceitual do objeto-arte, mas da própria tentativa de fazer da arte um campo de estudo distinto é independente da complexidade fenomênica da vida humana em correlação com o meio. Enquanto episteme, a História da Arte encontrou suas bases no racionalismo renascentista, em oposição, ao dizer de Pierre Francastel, ao pensamento mítico que caracterizou a antiguidade e retomou lugar durante a – assim chamada – noite medieval. Ora, como o havia também reportado Lévy-Bruhl, essa espécie de misticismo do passado, antes de compelir a qualquer reflexão, concentra seus esforços na adaptação, o que supõe uma intensa interação da espécie com seu meio. Destarte, a fim de evitar abusos retóricos e metafísicos, à maneira de experimentação da hipótese e com apoio em recentes estudos míticos, proponho a observação interpretativa de uma peça cara à historiografia da arte: a Vênus de Willendorf. Este exercício permitirá, por um lado, evidenciar que, apesar da grande recorrência dessa obra nos livros de História da Arte, em inúmeros aspectos ela extravasa as tentativas de definição epistemológica; por outro lado, a interpretação comparativa de sua constituição evidenciará a complexidade articulatória de uma forma de existência menos unilateralmente racionalista e, portanto, muito mais tendente à própria harmonização com o entorno.
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