R. Azambuja
{"title":"Medicina integrativa e a biopolítica da pandemia","authors":"R. Azambuja","doi":"10.14295/jmphc.v12.1050","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Esse texto vincula-se a tese de doutorado que desenvolvo no PPG em Educação em Ciências UFRGS. Nele, trago situações e aspectos sócio-políticos e econômicos gerados pela pandemia atual para pensar o corpo e o cuidado no processo saúde/doença no âmbito da biomedicina e discutir possibilidades de práticas médicas integrativas. Trata-se de um estudo teórico que utiliza ferramentas foucaultianas. A pandemia vem alterando nossos hábitos, despertando uma gama de sensações e atitudes, especialmente em relação à morte. Cotidianamente a mídia veicula uma rede discursiva de práticas que visam a disciplinarização dos corpos e mentes através do saber especializado. A dinâmica da relação vital entre o coronavírus e os seres humanos alcança maquinismos sociais, econômicos e políticos, entre eles o déficit estrutural na saúde: a má distribuição de profissionais da saúde e de leitos hospitalares. O descaso histórico com a saúde pública torna-se visível num atendimento precário. Vida e a morte limitam-se ao déficit de respiradores artificiais na e insuficiência de equipamentos de proteção aos profissionais de saúde. Para o “combate”, a biomedicina preconiza estratégias de higiene, distanciamento físico e isolamento, depositando “esperança” na busca por vacinas através da modificação viral pela engenharia genética. Nesse cenário torna-se exposta a noção foucaultiana de que o corpo vivo e portanto sujeito à morte é o objeto fundamental da ação biopolítica: a tarefa é a produção de um tipo de corpo disciplinado e docilizado. Fabricar um corpo significa produzir saberes que se transformam em dispositivos para um conjunto de tecnicas pelas quais o poder governa a vida e a morte de sujeitos e populações. Tratam-se de técnicas de governo na gestão da vida como uma rede de poder que se capilariza na totalidade das relações sociais até implicar efeitos no corpo individual. Vê-se em funcionamento uma política de controle. A biomedicina revela um corpo sujeitado às verdades científicas, as quais não emergem das experiências do sujeito doente, mas do saber médico especializado. Como prática discursiva histórica, a biomedicina tende a gerar efeitos nos quais as pessoas se subjetivam enquanto corpos estruturados em órgãos, existindo independentemente dos contextos onde se processam suas relações e suas historicidades. Na correção do corpo e maximização da vida, cria verdades universais balizadas pela ciência objetiva e impessoal e associa-se à indústria farmacêutica. O enfrentamento proposto pela biomedicina à pandemia vem sendo: saber muito sobre a patologia orgânica e pouco sobre o estado emocional vivido na singularidade do sofrimento. Todavia, a pandemia escancara seus efeitos: pode-se chamar de espaço-tempo político, social e cultural: não afeta igualmente os segmentos da população.  Os grupos sociais empobrecidos, com condições de moradia, trabalho, transporte, alimentação e cuidados precários, sofrem de forma mais aguda os efeitos da pandemia: as estratégias de controle da doença podem significar perda de emprego ou redução de salário. As condições inseguras de vida de moradores de rua, idosos e portadores de deficiências, moradores em asilos, são grupos cujos riscos transcendem suas biologias. Grupos que dificilmente obterão acesso às estratégias terapêuticas propostas pela biomedicina. Outrossim, afora a vigilância e disciplina, a constante ameaça da morte gera a suspeita acerca do outro e vê a doença como inimiga e não como processo da vida, no qual o adoecer integra as experiências e condições existenciais dos sujeitos. Emerge o paradoxo de evitar a morte de alguns e de deixar morrer a outros, aqueles desnecessários e inconvenientes ao sistema. Revela-se uma faceta das estratégias necropolíticas. Reduzidas à coisa biológica, algumas pessoas podem ser “esquecidas” para morrer, desconsiderando-se suas histórias singulares, base potencial de suas suscetibilidades individuais para adoecer. Ao alimentar o medo, alimenta-se o ódio e a ausência de compassividade, confunde-se o limite da morte, sua presença constante e sua negação, tornam-se, todos, fonte de estratégias biopolíticas. Por outro lado, pandemia mostra a produção de uma rede de relações capaz de perturbar o corpo, a atitude e a vida em vulnerabilidades compartilhadas, ao mesmo tempo em que singularmente experimentadas por cada um em seu território existencial. Faz pensar num corpo implicado e suscetível na relação com o outro, não somente orgânico e individual, mas constituído em um movimento existencial que é transindividual. Coloca a perspectiva de corpos e subjetividades coletivamente constituídos, mutuamente agenciados. Porém, ao serem sujeitadas ao biopoder de gestão do corpo e da vida, através das técnicas biomédicas, as pessoas não encontram espaço para suas experiências singulares de adoecimento. Implicado às suscetibilidades individuais, geralmente desconsideradas pelas práticas biomédicas, o adoecer pelo COVID pode se mostrar assintomático, brando ou grave, com tendência a apresentar sequelas - vasculares, neurológicas, oculares, respiratórias, entre outras. Outras práticas médicas, que defendem uma perspectiva integrativa de corpo/mente, podem trazer diferentes estratégias de cuidado voltadas para o equilíbrio dos processos existenciais, diminuindo a suscetibilidade ao adoecer e, caso adoecer, que a enfermidade possa transcorrer de forma benigna. No cenário atual, nada sabemos das experiências subjetivas daqueles que adoecem gravemente e de suas diferenças dos que quase não manifestam sintomas. Não sabemos os motivos do coronavírus afetar tão diferentemente os corpos. A biomedicina oferece a explicação imunológicas e genética. Minha proposição é alargar tal compreensão e buscar nas histórias cartográficas dos sujeitos sua suscetibilidade: as medicinas integrativas oferecem tal possibilidade. A implementação, no sistema de saúde, de políticas e práticas integrativas de saúde pode abrir caminhos para a diminuição dos custos, para práticas de cuidado alicerçadas na singularidade do sujeito e no cuidado de si, para produção de técnicas de cuidado transformadoras alicerçadas em corpos existenciais, cujo viés biológico é somente uma das facetas do si mesmo. Assim, a pandemia suscita condições para um novo umbral de relações humanas que podem proporcionar a produção de saberes médicos e de cuidado voltados ao estudo da relação mente/corpo como possibilidade para outras tecnologias em saúde.","PeriodicalId":358918,"journal":{"name":"JMPHC | Journal of Management & Primary Health Care | ISSN 2179-6750","volume":"19 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2021-06-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"JMPHC | Journal of Management & Primary Health Care | ISSN 2179-6750","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.14295/jmphc.v12.1050","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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摘要

本文链接到我在PPG科学教育UFRGS开发的博士论文。在这本书中,我带来了当前大流行所产生的情况和社会政治和经济方面,在生物医学的范围内思考身体和健康/疾病过程中的护理,并讨论综合医疗实践的可能性。这是一项运用福柯工具的理论研究。这一流行病正在改变我们的习惯,引起一系列的感觉和态度,特别是在死亡方面。每天,媒体都传达着一个散漫的实践网络,旨在通过专业知识来训练身体和心灵。冠状病毒与人类之间的重要关系的动态达到了社会、经济和政治机制,其中包括卫生方面的结构性赤字:卫生专业人员和医院床位分配不均。历史上对公共卫生的忽视在糟糕的护理中变得明显。生与死仅限于人工呼吸器不足和卫生专业人员防护设备不足。为了“战斗”,生物医学提倡卫生战略、身体距离和隔离,将“希望”寄存于通过基因工程改造病毒来寻找疫苗。在这个场景中,福柯的概念暴露了,活着的身体,因此服从死亡,是生物政治行动的基本对象:任务是生产一种纪律和顺从的身体。制造身体意味着生产知识,这些知识被转化为一套技术的设备,通过这些技术,权力统治着个人和人口的生与死。这些是管理生命的政府技术,作为一个权力网络,在整个社会关系中细化,直到对个人身体产生影响。你可以看到控制政策在起作用。生物医学揭示了一个受科学真理支配的身体,这些科学真理不是来自病人的经验,而是来自医学专业知识。作为一种历史论述实践,生物医学倾向于产生这样的效果:人们将自己主体化为器官结构的身体,独立于它们的关系和历史发生的环境而存在。在纠正身体和最大化生命的过程中,它创造了以客观和非个人科学为基础的普遍真理,并与制药工业联系在一起。生物医学对这一流行病提出的应对措施是:对器质性病理了解甚多,对痛苦的独特性所经历的情绪状态了解甚少。然而,这一流行病暴露了其影响:它可以被称为政治、社会和文化时空:它对人口的影响并不平等。住房、工作、交通、食物和护理条件不稳定的贫困社会群体受到这一流行病的影响最为严重:控制这一疾病的战略可能意味着失业或减薪。无家可归者、老年人和残疾人、养老院居民的不安全生活条件是其风险超越其生物学的群体。这些群体很难获得生物医学提出的治疗策略。此外,除了警惕和纪律之外,死亡的持续威胁使人对他人产生怀疑,并将疾病视为敌人,而不是生命过程,在生命过程中,疾病整合了主体的经验和存在条件。出现了一种悖论,即避免一些人死亡,而让另一些人死亡,这些人对系统来说是不必要的和不便的。这是死亡政治策略的一个方面。从生物学的角度来看,有些人可能会被“遗忘”而死去,而不考虑他们独特的历史,这是他们个人疾病易感性的潜在基础。通过助长恐惧,仇恨和缺乏同情心被助长,死亡的界限被混淆,死亡的持续存在和否认成为生物政治战略的来源。另一方面,《大流行》展示了一种关系网络的产生,这种关系网络能够扰乱身体、态度和生活的共同脆弱性,而每个人在其存在领域都独特地经历了这种脆弱性。它让我们思考一个身体在与他人的关系中参与和敏感,不仅是有机的和个人的,而且是由一个存在的运动构成的,这是跨个人的。它提出了集体构成、相互代理的身体和主体性的观点。然而,由于受到生物医学技术管理身体和生命的生物力量的影响,人们无法为自己独特的疾病经历找到空间。 本文链接到我在PPG科学教育UFRGS开发的博士论文。在这本书中,我带来了当前大流行所产生的情况和社会政治和经济方面,在生物医学的范围内思考身体和健康/疾病过程中的护理,并讨论综合医疗实践的可能性。这是一项运用福柯工具的理论研究。这一流行病正在改变我们的习惯,引起一系列的感觉和态度,特别是在死亡方面。每天,媒体都传达着一个散漫的实践网络,旨在通过专业知识来训练身体和心灵。冠状病毒与人类之间的重要关系的动态达到了社会、经济和政治机制,其中包括卫生方面的结构性赤字:卫生专业人员和医院床位分配不均。历史上对公共卫生的忽视在糟糕的护理中变得明显。生与死仅限于人工呼吸器不足和卫生专业人员防护设备不足。为了“战斗”,生物医学提倡卫生战略、身体距离和隔离,将“希望”寄存于通过基因工程改造病毒来寻找疫苗。在这个场景中,福柯的概念暴露了,活着的身体,因此服从死亡,是生物政治行动的基本对象:任务是生产一种纪律和顺从的身体。制造身体意味着生产知识,这些知识被转化为一套技术的设备,通过这些技术,权力统治着个人和人口的生与死。这些是管理生命的政府技术,作为一个权力网络,在整个社会关系中细化,直到对个人身体产生影响。你可以看到控制政策在起作用。生物医学揭示了一个受科学真理支配的身体,这些科学真理不是来自病人的经验,而是来自医学专业知识。作为一种历史论述实践,生物医学倾向于产生这样的效果:人们将自己主体化为器官结构的身体,独立于它们的关系和历史发生的环境而存在。在纠正身体和最大化生命的过程中,它创造了以客观和非个人科学为基础的普遍真理,并与制药工业联系在一起。生物医学对这一流行病提出的应对措施是:对器质性病理了解甚多,对痛苦的独特性所经历的情绪状态了解甚少。然而,这一流行病暴露了其影响:它可以被称为政治、社会和文化时空:它对人口的影响并不平等。住房、工作、交通、食物和护理条件不稳定的贫困社会群体受到这一流行病的影响最为严重:控制这一疾病的战略可能意味着失业或减薪。无家可归者、老年人和残疾人、养老院居民的不安全生活条件是其风险超越其生物学的群体。这些群体很难获得生物医学提出的治疗策略。此外,除了警惕和纪律之外,死亡的持续威胁使人对他人产生怀疑,并将疾病视为敌人,而不是生命过程,在生命过程中,疾病整合了主体的经验和存在条件。出现了一种悖论,即避免一些人死亡,而让另一些人死亡,这些人对系统来说是不必要的和不便的。这是死亡政治策略的一个方面。从生物学的角度来看,有些人可能会被“遗忘”而死去,而不考虑他们独特的历史,这是他们个人疾病易感性的潜在基础。通过助长恐惧,仇恨和缺乏同情心被助长,死亡的界限被混淆,死亡的持续存在和否认成为生物政治战略的来源。另一方面,《大流行》展示了一种关系网络的产生,这种关系网络能够扰乱身体、态度和生活的共同脆弱性,而每个人在其存在领域都独特地经历了这种脆弱性。它让我们思考一个身体在与他人的关系中参与和敏感,不仅是有机的和个人的,而且是由一个存在的运动构成的,这是跨个人的。它提出了集体构成、相互代理的身体和主体性的观点。然而,由于受到生物医学技术管理身体和生命的生物力量的影响,人们无法为自己独特的疾病经历找到空间。
本文章由计算机程序翻译,如有差异,请以英文原文为准。
Medicina integrativa e a biopolítica da pandemia
Esse texto vincula-se a tese de doutorado que desenvolvo no PPG em Educação em Ciências UFRGS. Nele, trago situações e aspectos sócio-políticos e econômicos gerados pela pandemia atual para pensar o corpo e o cuidado no processo saúde/doença no âmbito da biomedicina e discutir possibilidades de práticas médicas integrativas. Trata-se de um estudo teórico que utiliza ferramentas foucaultianas. A pandemia vem alterando nossos hábitos, despertando uma gama de sensações e atitudes, especialmente em relação à morte. Cotidianamente a mídia veicula uma rede discursiva de práticas que visam a disciplinarização dos corpos e mentes através do saber especializado. A dinâmica da relação vital entre o coronavírus e os seres humanos alcança maquinismos sociais, econômicos e políticos, entre eles o déficit estrutural na saúde: a má distribuição de profissionais da saúde e de leitos hospitalares. O descaso histórico com a saúde pública torna-se visível num atendimento precário. Vida e a morte limitam-se ao déficit de respiradores artificiais na e insuficiência de equipamentos de proteção aos profissionais de saúde. Para o “combate”, a biomedicina preconiza estratégias de higiene, distanciamento físico e isolamento, depositando “esperança” na busca por vacinas através da modificação viral pela engenharia genética. Nesse cenário torna-se exposta a noção foucaultiana de que o corpo vivo e portanto sujeito à morte é o objeto fundamental da ação biopolítica: a tarefa é a produção de um tipo de corpo disciplinado e docilizado. Fabricar um corpo significa produzir saberes que se transformam em dispositivos para um conjunto de tecnicas pelas quais o poder governa a vida e a morte de sujeitos e populações. Tratam-se de técnicas de governo na gestão da vida como uma rede de poder que se capilariza na totalidade das relações sociais até implicar efeitos no corpo individual. Vê-se em funcionamento uma política de controle. A biomedicina revela um corpo sujeitado às verdades científicas, as quais não emergem das experiências do sujeito doente, mas do saber médico especializado. Como prática discursiva histórica, a biomedicina tende a gerar efeitos nos quais as pessoas se subjetivam enquanto corpos estruturados em órgãos, existindo independentemente dos contextos onde se processam suas relações e suas historicidades. Na correção do corpo e maximização da vida, cria verdades universais balizadas pela ciência objetiva e impessoal e associa-se à indústria farmacêutica. O enfrentamento proposto pela biomedicina à pandemia vem sendo: saber muito sobre a patologia orgânica e pouco sobre o estado emocional vivido na singularidade do sofrimento. Todavia, a pandemia escancara seus efeitos: pode-se chamar de espaço-tempo político, social e cultural: não afeta igualmente os segmentos da população.  Os grupos sociais empobrecidos, com condições de moradia, trabalho, transporte, alimentação e cuidados precários, sofrem de forma mais aguda os efeitos da pandemia: as estratégias de controle da doença podem significar perda de emprego ou redução de salário. As condições inseguras de vida de moradores de rua, idosos e portadores de deficiências, moradores em asilos, são grupos cujos riscos transcendem suas biologias. Grupos que dificilmente obterão acesso às estratégias terapêuticas propostas pela biomedicina. Outrossim, afora a vigilância e disciplina, a constante ameaça da morte gera a suspeita acerca do outro e vê a doença como inimiga e não como processo da vida, no qual o adoecer integra as experiências e condições existenciais dos sujeitos. Emerge o paradoxo de evitar a morte de alguns e de deixar morrer a outros, aqueles desnecessários e inconvenientes ao sistema. Revela-se uma faceta das estratégias necropolíticas. Reduzidas à coisa biológica, algumas pessoas podem ser “esquecidas” para morrer, desconsiderando-se suas histórias singulares, base potencial de suas suscetibilidades individuais para adoecer. Ao alimentar o medo, alimenta-se o ódio e a ausência de compassividade, confunde-se o limite da morte, sua presença constante e sua negação, tornam-se, todos, fonte de estratégias biopolíticas. Por outro lado, pandemia mostra a produção de uma rede de relações capaz de perturbar o corpo, a atitude e a vida em vulnerabilidades compartilhadas, ao mesmo tempo em que singularmente experimentadas por cada um em seu território existencial. Faz pensar num corpo implicado e suscetível na relação com o outro, não somente orgânico e individual, mas constituído em um movimento existencial que é transindividual. Coloca a perspectiva de corpos e subjetividades coletivamente constituídos, mutuamente agenciados. Porém, ao serem sujeitadas ao biopoder de gestão do corpo e da vida, através das técnicas biomédicas, as pessoas não encontram espaço para suas experiências singulares de adoecimento. Implicado às suscetibilidades individuais, geralmente desconsideradas pelas práticas biomédicas, o adoecer pelo COVID pode se mostrar assintomático, brando ou grave, com tendência a apresentar sequelas - vasculares, neurológicas, oculares, respiratórias, entre outras. Outras práticas médicas, que defendem uma perspectiva integrativa de corpo/mente, podem trazer diferentes estratégias de cuidado voltadas para o equilíbrio dos processos existenciais, diminuindo a suscetibilidade ao adoecer e, caso adoecer, que a enfermidade possa transcorrer de forma benigna. No cenário atual, nada sabemos das experiências subjetivas daqueles que adoecem gravemente e de suas diferenças dos que quase não manifestam sintomas. Não sabemos os motivos do coronavírus afetar tão diferentemente os corpos. A biomedicina oferece a explicação imunológicas e genética. Minha proposição é alargar tal compreensão e buscar nas histórias cartográficas dos sujeitos sua suscetibilidade: as medicinas integrativas oferecem tal possibilidade. A implementação, no sistema de saúde, de políticas e práticas integrativas de saúde pode abrir caminhos para a diminuição dos custos, para práticas de cuidado alicerçadas na singularidade do sujeito e no cuidado de si, para produção de técnicas de cuidado transformadoras alicerçadas em corpos existenciais, cujo viés biológico é somente uma das facetas do si mesmo. Assim, a pandemia suscita condições para um novo umbral de relações humanas que podem proporcionar a produção de saberes médicos e de cuidado voltados ao estudo da relação mente/corpo como possibilidade para outras tecnologias em saúde.
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