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A crítica de Nietzsche à ideia de livre-arbítrio e suas implicações morais ocupa um lugar de destaque em sua filosofia, porque Nietzsche a tomou como pedra de toque do regime moral por ele combatido. Partindo deste ponto, encontraremos um embate original e instigante com as duas linhagens dominantes em filosofia moral à sua época – e poderíamos dizer, também à nossa – as linhagens de origem humeana e kantiana, ambas acusadas por Nietzsche de meramente elaborarem um apoio teórico para os preconceitos populares em torno da questão da liberdade. Mas mais do que um exercício refutativo das teses adversárias, o que chama atenção na crítica de Nietzsche às visões tradicionais de liberdade é sua capacidade de trazer para o centro do debate uma série de fatores até então deixados à sombra, fatores que dizem respeito à primazia dos impulsos na nossa organização psicofísica; à relação entre inconsciente e consciência; às distorções causadas pela identificação entre a esfera da subjetividade com a racionalidade; à contaminação moral da linguagem e à própria linguagem enquanto um fator de limitação da liberdade de escolha conquanto condicionante dos discursos, e portanto da autocompreensão, que o sujeito pode elaborar sobre si mesmo. Seguindo o fio da crítica de Nietzsche à moral do livre-arbítrio encontraremos algumas de suas mais inovadoras contribuições ao debate sobre agência e psicologia moral.