Sofia Inês Albornoz Stein, Camila Von Holdefer Kehl
{"title":"两个头脑怎么能知道一件事","authors":"Sofia Inês Albornoz Stein, Camila Von Holdefer Kehl","doi":"10.23925/2316-5278.2023v24i1:e57240","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"“Como duas mentes podem conhecer uma única coisa” é um dos textos que Wil-liam James (1842-1910) pretendia reunir sob o nome de Ensaios sobre empirismo radi-cal, embora nunca tenha chegado a ver o projeto concluído. Trata-se da obra tardia do autor, quando este passou a desenvolver algumas das ideias que já se encontravam, em muitos casos de forma embrionária, no monumental Princípios de psicologia. “Como duas mentes podem conhecer uma única coisa” é um dos textos mais importantes desse esforço, uma vez que explica, de forma clara e elegante, um dos pilares do empirismo radical. Como o título já diz, James pretende mostrar como algo pode ser conhecido por duas mentes sem que haja aí uma duplicação, ou um recurso à noção de representação como duplicação de um objeto físico. James postula o conceito de experiência pura e indivisa que se desenvolve em estados de experiências momentâneas sucessivas. A experiência pura acrescenta a consciência à percepção de objetos. Nessa experiência indivisível ocorrem “apropriações” conscientes — que se dão de forma retroativa — das sensações dos objetos pelos sentidos. A consciência conquistada nessa apropriação marca a subjetivação e se dá a partir da inserção do algo sensível, resultante da relação com um objeto físico, na experiência individual. No instante da experiência pura, o objeto é ao mesmo tempo objetivo e subjetivo, não ocorrendo uma duplicação ontológica. Aí reside a resposta à pergunta posta no título: é possível sentir objetos sem duplicá-los.","PeriodicalId":206101,"journal":{"name":"Cognitio: Revista de Filosofia","volume":"113 33","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2023-03-20","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"Como duas mentes podem conhecer uma única coisa\",\"authors\":\"Sofia Inês Albornoz Stein, Camila Von Holdefer Kehl\",\"doi\":\"10.23925/2316-5278.2023v24i1:e57240\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"“Como duas mentes podem conhecer uma única coisa” é um dos textos que Wil-liam James (1842-1910) pretendia reunir sob o nome de Ensaios sobre empirismo radi-cal, embora nunca tenha chegado a ver o projeto concluído. Trata-se da obra tardia do autor, quando este passou a desenvolver algumas das ideias que já se encontravam, em muitos casos de forma embrionária, no monumental Princípios de psicologia. “Como duas mentes podem conhecer uma única coisa” é um dos textos mais importantes desse esforço, uma vez que explica, de forma clara e elegante, um dos pilares do empirismo radical. Como o título já diz, James pretende mostrar como algo pode ser conhecido por duas mentes sem que haja aí uma duplicação, ou um recurso à noção de representação como duplicação de um objeto físico. James postula o conceito de experiência pura e indivisa que se desenvolve em estados de experiências momentâneas sucessivas. A experiência pura acrescenta a consciência à percepção de objetos. Nessa experiência indivisível ocorrem “apropriações” conscientes — que se dão de forma retroativa — das sensações dos objetos pelos sentidos. A consciência conquistada nessa apropriação marca a subjetivação e se dá a partir da inserção do algo sensível, resultante da relação com um objeto físico, na experiência individual. No instante da experiência pura, o objeto é ao mesmo tempo objetivo e subjetivo, não ocorrendo uma duplicação ontológica. Aí reside a resposta à pergunta posta no título: é possível sentir objetos sem duplicá-los.\",\"PeriodicalId\":206101,\"journal\":{\"name\":\"Cognitio: Revista de Filosofia\",\"volume\":\"113 33\",\"pages\":\"0\"},\"PeriodicalIF\":0.0000,\"publicationDate\":\"2023-03-20\",\"publicationTypes\":\"Journal Article\",\"fieldsOfStudy\":null,\"isOpenAccess\":false,\"openAccessPdf\":\"\",\"citationCount\":\"0\",\"resultStr\":null,\"platform\":\"Semanticscholar\",\"paperid\":null,\"PeriodicalName\":\"Cognitio: Revista de Filosofia\",\"FirstCategoryId\":\"1085\",\"ListUrlMain\":\"https://doi.org/10.23925/2316-5278.2023v24i1:e57240\",\"RegionNum\":0,\"RegionCategory\":null,\"ArticlePicture\":[],\"TitleCN\":null,\"AbstractTextCN\":null,\"PMCID\":null,\"EPubDate\":\"\",\"PubModel\":\"\",\"JCR\":\"\",\"JCRName\":\"\",\"Score\":null,\"Total\":0}","platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Cognitio: Revista de Filosofia","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.23925/2316-5278.2023v24i1:e57240","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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