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Abstract
O debate político no Brasil e no mundo atualmente está marcado por diferentes indícios de desconstrução das instituições democráticas. Diante disso, esse texto busca apresentar reflexões sobre o que se entende por campo do político para averiguar se tal cenário corresponde a uma crise desse campo, tendo por fundamento a tradição da filosofia política clássica de Aristóteles e Maquiavel. Os conceitos clássicos foram cotejados pelos processos históricos de constituição dos Estados Nacionais e a pretensa universalidade política que as democracias trariam consigo é desvelada como um fenômeno contingente, perpetrado por uma concepção ocidental de mundo, garantida, reproduzida e perpetuada por meio de genocídios e epistemicídios. O texto identifica a crise do campo do político como a própria crise da humanidade, em que grupos subalternizados sempre estiveram apartados da possibilidade de participação política, senão por meio de estratégias que são lidas pela concepção hegemônica como antidemocráticas. A participação política desses grupos subalternizados não se dá por adesão ao pertencimento civil, trata-se de uma participação compulsória em busca de garantir a própria existência. Assim, a atual crise do campo do político evidencia que a política conforme a formulação clássica gera uma contradição de si mesma, não sendo universal, mostra-se na verdade, como dominação ocidental sobre os não-ocidentais, e cria a crise da humanidade que pretendia ser. Restando, portanto, a política como campo do debate como ainda um vir a ser.