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Abstract
O objetivo central deste artigo é discutir o Mito de Exu e a representação da encruzilhada, a partir de uma conversa que perpassa a cultura afro-brasileira. Por cultura afro-brasileira entendo aqui a produção intelectual produzida pelos afrodescendentes, seja inserido na cultura, seja na mitologia africana, que foi, de certo modo apagada pela cultura ocidental que se legitima como erudita e que, ao fazer isso, desqualifica e bestializa a produção do povo preto. Na cultura yorubá, Exu é considerado um dos Orixás mais turbulentos e complexos. Tal complexidade se dá, certamente, pela demonização que sempre existiu em torno desse deus tão híbrido, multifacetado e polifônico. Portanto, trazer esse Mito aqui é uma reparação e uma forma de dar seu lugar correto no pensamento e na cultura. Para esse movimento, teremos reflexões que tentam dar conta do Mito de Exu como representação da boca coletiva e individual e como representação do trágico não no sentido dialético, mas no sentido afirmador da vida, bem como a encruzilhada transforma-se no lugar de fala dos povos subalternos e marginalizados pela cultura.