Maria do Rosário da Cunha Peixoto, Nelson Tomelin, Vanessa Miranda
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Abstract
Em Os pastores da noite, romance escrito às vésperas do golpe civil-militar de 1964, Jorge Amado apresenta mulheres e homens de alegrias e saberes abundantes, eméritos em festas, lutas sociais e políticas, contra a imposição do trabalho e da exploração. Relações e encontros nesse romance agregam o compadrio de divindades, reunindo religiões e homens num mesmo espaço histórico, evidenciando que dicotomias e divisões podem ser superadas. Os pastores são trabalhadores da “cidade da Bahia”, vivendo a ameaça da expropriação da terra e do direito à moradia, e que resistem às “gargalhadas”. A literatura de Jorge Amado, além de matéria na disputa pela pluralidade de vozes na pesquisa histórica, constitui fonte importante na discussão sobre a cidade e modos culturais do viver urbano, contribuindo especificamente com a obra aqui analisada para pensarmos a construção de ditaduras na sociedade brasileira.PALAVRAS-CHAVE: Jorge Amado, os pastores da noite, golpe civil-militar de 1964, resistência, cidade.* Para a elaboração deste artigo foi importante o apoio do Programa Nacional de Cooperação Acadêmica da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (PROCAD/CAPES), através do projeto “Trabalho, Cultura e Cidade” (PUC-SP/UFAM/UFCG).