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Abstract
Discutimos neste artigo as condições e consequências existenciais da problemática da dor crônica em pacientes que sofrem com duas enfermidades, a saber, a artrite reumatoide e a fibromialgia. A literatura antropológica e psicanalítica nos indica que a dor não advém simplesmente de um processo orgânico, físico-corporal, como tantas vezes – e ainda hoje – a medicina tenta compreendê-la. A nossa tese é que a dor, em determinados casos (sobretudo para o quadro da fibromialgia), ao mesmo tempo em que matiza um rompimento das relações com o mundo por causa das limitações físicas, é também fruto de um alijamento do ser para com o mundo, é uma tentativa, por parte do sujeito, de expurgar-se da realidade em vistas de sua nulificação quanto ao desejo de ser. Além de apresentarmos uma argumentação teórica – na esteira da psicanálise e da fenomenologia – quanto a esses processos, veremos, doravante, como os lugares podem se constituir como um ponto de reenlace da relação então abortada entre ser e mundo e como o sujeito pode recuperar-se das lamúrias de sua cronicidade. Uma recuperação se entreabre para esses pacientes na reconstituição do laço ontológico de ser-no-mundo, reascendendo, pelo lugar, o desejo de ser.