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Abstract
O objetivo deste ensaio é passar em revista a crítica que vem sendo elaborada por Lazzarato à concepção “positiva” de poder de Foucault, cuja síntese está no conceito de biopolítica. Isto, tomando como marco balizador o modelo neoliberal de governamentalidade, caro a ambos os autores. O pensamento de Lazzarato acolhe apenas parcialmente a noção foucaultiana – segundo ele demasiadamente ampla e pouco atenta às factualidades históricas (atinentes à financeirização, às relações coloniais centro-periferia, às “guerras totais”, às crises e revoluções ininterruptas) - de “arte liberal de governar”. As ideias de “ação sobre a ação” - de um “governo sobre os comportamentos” cujas técnicas consistiriam em incluir, incitar e produzir - seriam úteis à compreensão apenas de uma das duas faces da governamentalidade neoliberal. Ocultando a outra - a da máquina de guerra que estaria constantemente explorando (pelo trabalho), ocultando e matando - o conceito foucaultiano de biopolítica teria prestado uma espécie de desserviço ao que o Lazzarato chama de teorias críticas contemporâneas: teria induzido estas a um diagnóstico inverossímil e estéril sobre o funcionamento do poder nas sociedades ocidentais liberais e neoliberais contemporâneas. Pois tal conceito teria abdicado categorias imprescindíveis como classes sociais, fascismo, guerra, revolução, financeirização e capital.