{"title":"Política de Assistência Estudantil e adoecimento acadêmico: uma análise a partir das narrativas de estudantes da UNIPAMPA/Campus Jaguarão","authors":"C. Ricordi","doi":"10.47208/sd.v29i1.3268","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Este estudo relaciona-se às mudanças ocorridas no Brasil em decorrência dos processos de expansão e interiorização do ensino superior ao favorecerem a democratização do acesso via implementação de políticas públicas de ação afirmativa. Como reflexo destas políticas identificou-se uma alteração importante em parte do perfil dos universitários com o ingresso de estudantes oriundos das camadas populares, advindos de escolas públicas e ingressantes por cotas sociais e raciais. Esse grupo de alunos ampliou de forma significativa a demanda por Políticas de Assistência Estudantil com queixas associadas a sintomas diversos na área da saúde. Muitos estudantes são os primeiros de suas famílias a ingressarem no ensino superior e encontraram, no ambiente universitário, um espaço desafiador, palco de conflitos e anseios, e dificuldade de adaptação devido as questões financeiras e as diferenças sociais e culturais. Essas situações, muitas vezes, causam insegurança, angústia, medo, ansiedade que podem levar ao adoecimento acadêmico. Assim, este estudo tem como objetivo identificar possíveis relações entre o adoecimento acadêmico dos estudantes universitários atendidos pela Política de Assistência Estudantil da UNIPAMPA – Campus Jaguarão e a forma de implementação das políticas públicas inclusivas de acesso ao ensino superior. Quanto à metodologia, a investigação se baseou no método qualitativo, seguindo etapas complementares e entrevistas semiestruturadas com os estudantes de graduação presencial do Campus Jaguarão no período de 2015 a 2019. As referências teóricas utilizadas para a análise dos dados foram a determinação social do processo saúde-doença e a apreensão dos processos relacionados ao campo das políticas públicas. Os dados coletados revelaram que os fatores que levam ao adoecimento dos estudantes universitários não podem ser pensados de forma isolada de um contexto socioeconômico, o que indica uma determinação estrutural vinculada à classe. A dificuldade financeira mostrou-se como principal entrave à vida acadêmica dos estudantes, que consideram a Política de Assistência Estudantil como essencial para a permanência no ensino superior, ao mesmo tempo, que revelam as contradições impostas no percurso de implementação das políticas públicas inclusivas por meio de um processo de restrição do Estado.","PeriodicalId":43227,"journal":{"name":"Vigilancia Sanitaria em Debate-Sociedade Ciencia & Tecnologia","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.2000,"publicationDate":"2023-04-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Vigilancia Sanitaria em Debate-Sociedade Ciencia & Tecnologia","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.47208/sd.v29i1.3268","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"Q4","JCRName":"HEALTH CARE SCIENCES & SERVICES","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Este estudo relaciona-se às mudanças ocorridas no Brasil em decorrência dos processos de expansão e interiorização do ensino superior ao favorecerem a democratização do acesso via implementação de políticas públicas de ação afirmativa. Como reflexo destas políticas identificou-se uma alteração importante em parte do perfil dos universitários com o ingresso de estudantes oriundos das camadas populares, advindos de escolas públicas e ingressantes por cotas sociais e raciais. Esse grupo de alunos ampliou de forma significativa a demanda por Políticas de Assistência Estudantil com queixas associadas a sintomas diversos na área da saúde. Muitos estudantes são os primeiros de suas famílias a ingressarem no ensino superior e encontraram, no ambiente universitário, um espaço desafiador, palco de conflitos e anseios, e dificuldade de adaptação devido as questões financeiras e as diferenças sociais e culturais. Essas situações, muitas vezes, causam insegurança, angústia, medo, ansiedade que podem levar ao adoecimento acadêmico. Assim, este estudo tem como objetivo identificar possíveis relações entre o adoecimento acadêmico dos estudantes universitários atendidos pela Política de Assistência Estudantil da UNIPAMPA – Campus Jaguarão e a forma de implementação das políticas públicas inclusivas de acesso ao ensino superior. Quanto à metodologia, a investigação se baseou no método qualitativo, seguindo etapas complementares e entrevistas semiestruturadas com os estudantes de graduação presencial do Campus Jaguarão no período de 2015 a 2019. As referências teóricas utilizadas para a análise dos dados foram a determinação social do processo saúde-doença e a apreensão dos processos relacionados ao campo das políticas públicas. Os dados coletados revelaram que os fatores que levam ao adoecimento dos estudantes universitários não podem ser pensados de forma isolada de um contexto socioeconômico, o que indica uma determinação estrutural vinculada à classe. A dificuldade financeira mostrou-se como principal entrave à vida acadêmica dos estudantes, que consideram a Política de Assistência Estudantil como essencial para a permanência no ensino superior, ao mesmo tempo, que revelam as contradições impostas no percurso de implementação das políticas públicas inclusivas por meio de um processo de restrição do Estado.