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Abstract
O propósito deste artigo é apresentar a teoria antropológica que deriva do processo de constituição da subjetividade tal como o encontramos na leitura de Deleuze sobre Hume. Entende-se por “teoria antropológica” uma teoria que busca responder ao problema das interações entre natureza e cultura, bem como compreender a posição que o ser humano ocupa no interior dessa relação. Faremos isso reconstituindo alguns passos de Empirismo e subjetividade (1953), primeiro livro de Deleuze dedicado ao pensamento de Hume, e através de incursões pontuais ao Tratado da natureza humana, mas visando alcançar, também, as teses avançadas pelo filósofo francês em um artigo intitulado “Instinto e instituições” (1955). Com isso, pretende-se mostrar que, desde seus escritos inaugurais, Deleuze 1) não considera natureza e cultura como conceitos limitantes um do outro e 2) não faz do ser humano o objeto privilegiado da investigação antropológica, compreendendo-o, antes, a partir das relações que entretém com os não-humanos, especificamente os animais.