{"title":"APARENTAR(-SE) A OUTRO: ELEMENTOS PARA UMA POÉTICA PERSPECTIVISTA","authors":"A. Nodari","doi":"10.22456/2238-8915.118511","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Busca-se repensar categorias da poética ocidental pelo seu contraste com poéticas ameríndias num exercício de equivocação e não de equivalência. Ou seja, investigar de que modo conceitos da teoria literária podem ser relidos (deslocados) a partir do contato entre práticas verbais de distintas ordens e naturezas. Isso comporta uma dificuldade prévia, sobre o estatuto do que chamamos de “literatura”, que não corresponde ao(s) lugar(es) daquilo que se designa, de modo imperfeito, como poéticas indígenas: estas não se separam em uma esfera autônoma, não se dissociam de práticas como o xamanismo, o ritual, a exortação, a explicação cosmológica, e mesmo o entretenimento ou a literatura no sentido “branco”, etc – são artes “multimodais”. Qualquer equiparação comporta o perigo da redução e da violência, fazendo com que a comparação e a (con)tradução conceitual propostas sejam inviáveis se não forem acompanhadas de uma reflexão político-institucional sobre os lugares (do ter lugar) da linguagem.","PeriodicalId":82235,"journal":{"name":"Organon","volume":"10 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2021-12-17","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"1","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Organon","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.22456/2238-8915.118511","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
引用次数: 1
Abstract
Busca-se repensar categorias da poética ocidental pelo seu contraste com poéticas ameríndias num exercício de equivocação e não de equivalência. Ou seja, investigar de que modo conceitos da teoria literária podem ser relidos (deslocados) a partir do contato entre práticas verbais de distintas ordens e naturezas. Isso comporta uma dificuldade prévia, sobre o estatuto do que chamamos de “literatura”, que não corresponde ao(s) lugar(es) daquilo que se designa, de modo imperfeito, como poéticas indígenas: estas não se separam em uma esfera autônoma, não se dissociam de práticas como o xamanismo, o ritual, a exortação, a explicação cosmológica, e mesmo o entretenimento ou a literatura no sentido “branco”, etc – são artes “multimodais”. Qualquer equiparação comporta o perigo da redução e da violência, fazendo com que a comparação e a (con)tradução conceitual propostas sejam inviáveis se não forem acompanhadas de uma reflexão político-institucional sobre os lugares (do ter lugar) da linguagem.