{"title":"O enigma da palavra: Levinas e a afasia do mundo contemporâneo","authors":"Marcelo Fabri","doi":"10.36517/argumentos.29.11","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"A crise do mundo contemporâneo pode ser interpretada em grande medida como uma crise da palavra. Levinas afirma que fazemos parte de uma civilização de afásicos, dominada por um silêncio desconcertante e desumanizante. Para ele, sem a palavra que vem de uma alteridade radical, o pensamento seria apenas um acúmulo de informações, sem nenhuma orientação. Tampouco conseguiríamos manter viva a busca da verdade, que é animada pelo desejo do outro. Argumentamos no sentido de mostrar que a palavra tem uma dupla função: a) ensinar-nos o significado da orientação a objetos (luta para evitar mal-entendidos e obscuridades, ou, simplesmente, entrada no espaço das razões); b) significar por contraste ao fenômeno, ou seja, a palavra é um enigma, ela vai além da objetivação. Eis o sentido que nos permite pensar “mais” do que somos capazes de visar. Eis a condição para uma permanente e imprevisível renovação da vida cultural.","PeriodicalId":43087,"journal":{"name":"Argumentos-Revista de Filosofia","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.2000,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Argumentos-Revista de Filosofia","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.36517/argumentos.29.11","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"0","JCRName":"PHILOSOPHY","Score":null,"Total":0}
引用次数: 0
Abstract
A crise do mundo contemporâneo pode ser interpretada em grande medida como uma crise da palavra. Levinas afirma que fazemos parte de uma civilização de afásicos, dominada por um silêncio desconcertante e desumanizante. Para ele, sem a palavra que vem de uma alteridade radical, o pensamento seria apenas um acúmulo de informações, sem nenhuma orientação. Tampouco conseguiríamos manter viva a busca da verdade, que é animada pelo desejo do outro. Argumentamos no sentido de mostrar que a palavra tem uma dupla função: a) ensinar-nos o significado da orientação a objetos (luta para evitar mal-entendidos e obscuridades, ou, simplesmente, entrada no espaço das razões); b) significar por contraste ao fenômeno, ou seja, a palavra é um enigma, ela vai além da objetivação. Eis o sentido que nos permite pensar “mais” do que somos capazes de visar. Eis a condição para uma permanente e imprevisível renovação da vida cultural.