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Abstract
Salim Miguel não escreve, ele reescreve. Seus textos consistem em uma reescrita obsessiva de fragmentos da própria infância que obstinadamente teimam em retornar para o sujeito adulto. São os mesmos pedaços de vida, mas sempre diferentes. Repetição de cenas literárias e personagens que permite pensar na construção de um “espaço autoficcional”, local onde o escritor, atravessado pela experiência da diáspora, pode expressar-se livremente, mesmo que a imagem de si mesmo oferecida ao leitor seja múltipla, fragmentária e lacunar. É o que percebemos nos livros Onze de Biguaçu mais um (1997) e Reinvenção da infância (2011), objetos deste trabalho, os quais apresentam entre os percalços da infância e juventude, uma espécie de percurso de formação pessoal, moral e literária do filho mais velho do Seu Zé Miguel, personagem construída pelo autor para ficcionalizar a própria experiência. Com base nisso, objetivamos refletir sobre a escrita autoficcional de Salim Miguel e a instauração de um pacto ambíguo com o leitor, a partir dos pressupostos teóricos de Lejeune (2008), Arfuch (2007), Alberca (2007) e outros. Nesses termos, por uma via que privilegia a relação intrínseca entre diferentes textos do mesmo autor e abarca tanto a análise textual quanto paratextual, identificou-se na produção literária do escritor líbano-catarinense a utilização de uma série de procedimentos que desconfiam de noções centralizadoras como as de sujeito, identidade e pretensão de totalidade.