As correlações entre cultura, materialismo e educação a partir da situação de crianças migrantes em Santa Catarina (Brasil) e nos Estados Unidos da América
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Abstract
O objetivo deste texto é discutir a categoria ‘cultura’ em relação às condições de vida e educação de crianças migrantes desde a perspectiva do Materialismo Histórico-Dialético. O presente texto é parte de duas pesquisas sobre crianças migrantes, em Santa Catarina (Brasil) e nos Estados Unidos da América. A primeira foi realizada pela segunda autora durante seu mestrado em educação na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), entre 2015 e 2017, com crianças migrantes na Rede Municipal de Educação de Florianópolis, por meio de estudos, observações, entrevistas e rodas de conversas com as crianças migrantes na escola. Já a segunda foi realizada durante o pós-doutorado da primeira autora na City University of New York, em 2020, com crianças migrantes latinas exploradas em trabalhos rurais nos Estados Unidos da América, por meio de observações de campo, da análise de relatórios sobre o trabalho e a imigração no campo, estudos teóricos e entrevistas com ativistas, imigrantes latinos e conversas com crianças trabalhadoras. Por fim, conclui que as realidades pesquisadas, mesmo que por caminhos e objetivos distintos, denunciam a essência dos processos migratórios, ultrapassando a aparência superficial da diversidade cultural e da liberdade de escolha individual por migrar. A migração é expressão de um processo social e familiar de luta por melhores condições de vida e sobrevivência, bem como das crises capitalistas criadoras de uma massa de trabalhadores sobrantes e que perambulam em busca de melhores condições de vida e de trabalho. Crianças migrantes expressam a imbricada correlação entre classe, trabalho e cultura, evidenciando a importância de uma abordagem materialista para os estudos culturais.