Rafael Martins Fernandes, Luiz Maria De Barros Coelho Neto
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Abstract
Ao longo da história do cristianismo, a fuga mundi surgiu como forma radical de vivência cristã. Esse modo de viver os valores do Evangelho correspondeu a necessidades específicas do contexto do seu surgimento. No entanto, com o passar do tempo, alguns princípios norteadores da fuga mundi colaboraram para a implantação, em larga escala no cristianismo, de uma compreensão de mundo dualista que separa a Igreja do mundo, bem como faz oposição entre corpo e alma, sagrado e profano, matéria e espírito. Entretanto, a Igreja está inserida no mundo, da mesma maneira como “o Verbo de Deus se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14). A reflexão realizada pelo Concílio Vaticano II, expressa na Gaudium et spes, fornece elementos relevantes para essa evangélica autocompreensão da Igreja no mundo. Há outros autores que também refletiram sobre as relações entre cristianismo e mundo como, por exemplo, o teólogo luterano Dietrich Bonhoeffer (1906-1945). Neste artigo, faz-se uma crítica à atitude de fuga mundi, a partir da análise comparativa de alguns escritos de Bonhoeffer e da Gaudium et spes, o que permite compreender melhor o modo dialógico e servidor de existir das igrejas cristãs no mundo contemporâneo (chamado por Bonhoeffer de “mundo adulto”). Ao mesmo tempo, reflete-se sobre a superação dos dualismos e sobre a delimitação do lugar que a fuga mundi teve na Igreja Católica, a partir do evento conciliar.